Empresário, político, escritor, pintor e professor. Um homem de múltiplas facetas. Esse é Ney Robinson Suassuna, presidente da Associação Comercial e Industrial da Barra da Tijuca (Acibarra). Paraibano de nascença, Ney fez carreira política no estado.
Evento conta com a participação do Coronel Paulo Amendola, chefe da Secretaria Municipal da Ordem Pública
Por Claudio Magnavita
Empresário, político, escritor, pintor e professor. Um homem de múltiplas facetas. Esse é Ney Robinson Suassuna, presidente da Associação Comercial e Industrial da Barra da Tijuca (Acibarra). Paraibano de nascença, Ney fez carreira política no estado. Eleito senador por dois mandatos, ficou em Brasília de 1994 a 2007. No mundo acadêmico, marcou história no Rio de Janeiro. Graduou-se bacharel em administração e economia pela UFRJ em 1971 e dez anos depois em pedagogia, pela Faculdade Castelo Branco. Ney é diretor-presidente do Anglo Americano Escolas Integradas, além de exercer grande influência na Barra, onde mora desde a década de 1980.
Jornal da Barra: Professor Ney, há mais de 30 anos a Acibarra colabora com o crescimento da Barra. Como você isso?
Ney Suassuna: Há 35 anos, nós começamos uma missão de tentar fazer com que o tecido social da Barra da Tijuca fosse organizado para não acontecer o que não acontece em alguns outros bairros que não há lideranças, que não há órgãos criados para trabalhar juntos à população e também junto às autoridades. Então nós criamos primeiro a Acibarra e depois a Associação de Imprensa da Barra da Tijuca, que está até hoje funcionando. O Barra Alerta foi criado mais tarde, com o objetivo de melhorar a qualidade de segurança que nós tínhamos na Barra da Tijuca. Na época, era uma criação tremenda de favelas, ou comunidades como hoje chamam, e os próprios políticos faziam questão de implanta-las; lutamos contra muitas, tiramos algumas com a ajuda da prefeitura, ou ajudando a prefeitura.
Jornal da Barra: A Acibarra é composta por muitos empresários que ajudam bastante a região. Quais foram algumas intervenções que eles fizeram?
Ney Suassuna: Nós tiramos uma favela, com a ajuda dos empresariados, bem entendidos contra o Governo do Estado, que naquele tempo era Brizola, que foi atrás do Barra Shopping. Fizemos 241 casas em Curicica e levamos as pessoas para lá. Quiseram retornar e tivemos que derrubar as casas daqui urgentemente. Para nossa surpresa da época, descobrimos que muitos dos que tinham barraco aqui tinham casa na Lagoa Rodrigo de Freitas. Estavam só especulando para ver se tomavam o terreno. Enfim, foram muitos casos como esse, mas a verdade é que nós, durante esse tempo todo, fizemos muitas obras, melhoramos muitas coisas. Por exemplo, toda a grama do meio da Avenida das Américas, no início da Barra, fomos nós que colocamos. O governo não ligava porque a Barra da Tijuca era um lugar de ricos. Pintamos várias vezes a igreja São Francisco, fizemos aquela guarita que hoje ficam os bombeiros, no início da Barra. Fizemos aquilo para a polícia, mas quando fomos entregar reclamaram porque não era blindada. Fizemos, em frente ao Carrefour, aquele “quartelzinho”, para os policiais da ronda terem lugar para fazer suas necessidades fisiológicas e para poder também descansar um pouco na hora do intervalo, ou para almoçar. Hoje é o batalhão. Doamos as estátuas na da entrada da Avenida das Américas, que eu mesmo paguei do meu bolso. Quando o metrô começou a ser feito, ela foi retirada e ficou na minha casa. Depois que o metrô terminou nós voltamos com ela para o lugar onde ela estava. São as três Américas: América do Sul, Américas Central e América do Norte, cada pessoa representa uma. Fizemos também outra na Av. Ayrton Senna, um obelisco, uma estátua em homenagem para o Ayrton Senna. Colocamos um capacete que foi quebrado e roubado quatro vezes. Então, a Acibarra está há anos organizando a Barra com a ajuda do empresariado. Carlos Carvalho e José Isaac Peres são os capitães, os pioneiros desse processo todo.
Jornal da Barra: Este ano, a Câmara Comunitária completa 25 anos de fundação. Qual a importância dela para o sucesso da Barra?
Ney Suassuna: A Acibarra também fez uma coisa muito interessante, criou câmaras comunitárias. A Câmara Comunitária foi criada e depois nós passamos para o Delair, nosso vice-presidente na época, e hoje ela tem vida própria. Mas nós criamos Câmara de Dentistas, Câmara de Advogados, Câmara Médica, Câmara de Comerciantes... muitas delas estão funcionando até hoje, outras não tiveram sucesso porque a classe não trabalhou para isso, mas nós estamos insistindo. Estamos voltando a separar e ver que área merece a organização. E “por quê isso?” Porque é uma comunidade, que hoje é a parte mais importante da cidade, que é grande. Se você não organizar, vira terra de ninguém.
Jornal da Barra: A Câmara Comunitária hoje atrapalha ou ajuda a Acibarra?
Ney Suassuna: Olha, muitas pessoas procuraram fazer intriga entre os órgãos da Barra, nós nunca engolimos essa corda. Nós temos coirmãs, todas as que foram criadas pela Acibarra ou não, o que importa é somar. O que importa é ter o tecido social da Barra organizado por setores, e os setores estarem em condições de responder as agressões que às vezes vem do mundo político, às vezes vem do mundo de marginais, às vezes vem da criação de milícias... Vem de vários casos, mas com um tecido social bem organizado, isso não tem grande futuro, porque a gente consegue ir vencendo. Então, a Câmara Comunitária se interessa majoritariamente por condomínios, e é uma forma de organizar a sociedade. Quanto a nós, ficamos na área empresarial, e quanto à Barra Alerta, fica na área de segurança propriamente dita. Quanto à câmara de médicos, cuida da área de congregar os médicos da região. Cada uma tem seu papel e todas são muito importantes.
Jornal da Barra: Você comentou sobre os condomínios. As associações condominiais também servem de sustento para a sobrevivência da boa vizinhança?
Ney Suassuna: Essas associações estão sempre coordenadas por uma associação da região. Por exemplo, você tem a associação do início da Barra, da Barrinha, você tem a associação do Parque das Rosas e adjacências...São de 17 a 20 associações que nós temos, aqui na Barra da Tijuca. Eu não estou falando sobre o Recreio, embora a de lá também tenha sido criada por nós. Criamos a Associação Comercial do Recreio, a ACIR, depois passamos para Jorge Barros, que era nosso vice daqui, e depois ele passou para o Alfredo Lopes, que hoje é atual presidente. A Acibarra não tem interesse em dominar nada, não tem interesse em fazer política, quem quiser fazer política não é na Acibarra. Nosso problema é a melhoria do nosso território, a melhoria da qualidade de vida dos habitantes da Barra da Tijuca.