A utilização da metalinguagem no cinema não é novidade, e o diretor Matthew Vaughn, conhecido por sucessos como "Kingsman" e "Stardust", explora novamente esse recurso em sua mais recente obra, "Argylle – O Superespião". Nesse filme, Vaughn abraça a comédia e o universo da espionagem para criar uma experiência cinematográfica que, embora tenha seus exageros, se destaca como uma construção divertida.
A trama segue Elly Conway (Bryce Dallas Howard), uma escritora responsável pela saga de romances Argylle, narrando as aventuras do espião mais famoso do mundo. Conforme ela escreve o quinto volume da série, vê-se envolvida em um confronto entre superespiões reais, colocando sua segurança em risco. O filme explora a premissa de suas obras parecerem prever eventos geopolíticos, atraindo a atenção de uma organização secreta e sombria.
Matthew Vaughn, conhecido por sua versatilidade e sucesso de bilheteria, entrega uma produção que, apesar de seus exageros, é bastante divertida. O elenco estelar, liderado por Bryce Dallas Howard, Henry Cavill, Sam Rockwell, Catherine O’Hara e Bryan Cranston, oferece performances notáveis. Howard, em particular, demonstra sua versatilidade ao interpretar Elly Conway.
Do ponto de vista técnico, Vaughn mantém seu estilo característico, com conduções de câmera brutais nas cenas de ação, close-ups impactantes e uma paleta de cores cuidadosamente selecionada. No entanto, alguns deslizes são notáveis, especialmente no roteiro assinado por Jason Fuchs. O enredo acerta em diversos momentos, mas aposta tão firmemente no espetáculo visual que chega a beirar o inacreditável, resultando em reviravoltas que, apesar de inesperadas, carecem de credibilidade.
A participação breve de Dua Lipa, embora talentosa, é subutilizada em poucas cenas insatisfatórias. O filme, por vezes, investe em resoluções exageradas que podem cansar o espectador, mas, no geral, mantém a promessa de Vaughn de construir um "universo da espionagem" para seus fãs.
"Argylle – O Superespião" é uma aventura envolvente que faz uso eficiente de seu elenco e estética, mesmo enfrentando alguns tropeços narrativos. A paixão de Vaughn pelo gênero e sua habilidade em criar um filme espirituoso e honesto continuam evidentes, proporcionando uma experiência aprazível para os amantes da sétima arte.
Nota: 9,5/10