O auditório do Centro de Convenções do Barra Shopping foi, em maio, palco de um grande encontro, promovido pela Acibarra: uma palestra o atual secretário da Ordem Pública, Coronel Paulo Amendola.
No último dia 24 do mês de maio, a Acibarra, juntamente com o Barra Shopping, realizou no auditório do Centro de Convenções do shopping um encontro com o atual secretário da Ordem Pública, Coronel Paulo Amendola. Estiveram presentes no local Thiago Barcellos, Superintendente Regional da Barra da Tijuca; Dair José Zanoteli e Mauro Arajuo, presidente e vice da Associação dos Moradores do Recreio (Amore); Simone Giacobbo, presidente da Associação dos Moradores do Recreio dos Bandeirantes (Amor); Ricardo Magalhães, presidente da Associação Bosque Marapendi (ABM) e do 31º Conselho Comunitário de Segurança; Fernando Milanez, presidente da Associação Amigos Cidade Jardim (Ascija); e os vereadores Carlos Eduardo (SD) e Marcello Siciliano (PHS).
Depois de oito anos construindo e organizando a Guarda Municipal do Rio, o Coronel Amendola recebeu convite do prefeito eleito Marcelo Crivella para assumir a Secretaria da Ordem Pública. No período que trabalhou na GM (de 1993 a 2000), Amendola estruturou vários concursos, deixando a guarda com 5.200 homens. Ao retornar para comanda-la, se deparou com um quantitativo de 7.500, algo que o deixou preocupado.
- Esperava que com esse tempo todo pudesse ter, pelo menos, 15 mil homens. A Guarda Municipal deveria contar com uns 30 mil homens para tomar conta da cidade – disse o Coronel.
Para ele, muitas das ações que a Polícia Militar (PM) fazia, não cabiam respeito à corporação, por falta de contingente das outras autarquias
- Fiz uma pesquisa entre os anos de 1999 e 2003 e detectei que, no único tipo de policiamento que ela possui, a rádio patrulha, que 80% das intervenções das ações da PM, das ocorrências apreendidas nas ruas, não era alçada dela. Quando estava na ativa eu não quis esperar o tempo em que eu teria mais poder para tentar inverter essa lógica. Então, quando visualizei isso, fui chamado pelo ex-prefeito Cesar Maia para organizar a Guarda Municipal, cujas missões não estavam perfeitamente delineadas. Foi muito difícil nós encontrarmos um espaço para a situação institucional para que a guarda pudesse atuar, tendo em vista que a constituição federal não indicava perfeitamente a dimensão desse espaço, não foi muito fácil encontrar – recorda Amendola.
Quando Luiz Paulo Conde assumiu a prefeitura um acordo com o governo estadual, que não era possível antes por questões políticas, foi contemplado e a situação para que a Guarda pudesse ocupar o espaço público melhorou.
- A partir daí eu tive condições de colocar blocos na rua, ajudar mais a segurança pública e ocorrer um entendimento melhor no sentido de que a guarda poderia ocupar o espaço, mas tive dificuldades. Hoje em dia, talvez, se eu não tivesse essa dificuldade, talvez a guarda pudesse ter uma expressão em termo de ordem de segurança pública para fazer um policiamento preventivo muito maior. Mas as dificuldades iniciais causaram obstáculos muito grandes que dificultaram o avanço rápido nos espaços públicos, que atualmente tem sido necessário um efetivo maior, uma condição maior, para ajudar a população – relembra o Coronel.
Os problemas de segurança estão muito sérios no estado. Para o secretário, isso deve pelo fato das polícias atuarem apenas no ponto superficial e não exatamente no cerne da questão.
- A PM e a Polícia Civil estão no limite de seus esforços, não conseguirão dar mais do que têm tentado. As estatísticas que são divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública atestam que os crimes aumentam a cada mês. Se analisarmos a taxa de produtividade das polícias, especialmente da PM, que são aferidas por vetores, que vão de prisão de delinquente, prevenção de armas e apreensão de drogas, podemos aferir a produtividade da polícia. Só que se eles aumentam cada vez mais e o crime não reduz, algo está acontecendo. É um paradoxo. Por exemplo, matam um gerente da boca de fumo de uma favela, uma troca de tiros se inicia. Já tem o segundo para assumir o lugar. Depois vem o terceiro, tem uma cadeia sucessória ali, a coisa continua. Então, atuando na causa e no efeito, evidente que essas taxas têm que ceder, não há dúvidas – explica Amendola.
O prefeito Marcelo Crivella, no início da gestão, criou algo interessante que foi do Gabinete de Gestão Integrada Municipal, chamado GGIM, onde os chefes da segurança se reúnem para debater assuntos que melhorem a segurança pública, porque quem mais sofre com as interferências da criminalidade são os cidadãos da cidade.
- O GGIM integra todas as forças necessárias para resolverem as questões que geram insegurança na cidade do Rio de janeiro. O presidente é o prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Ali, todos os Secretários Municipais, dependendo da necessidade, se reúnem e discutem o problema. Porque um só pode não resolver – disse o Coronel.
Membro da Associação de Moradores do Recreio (Amore), Mauro Arajuo destacou a segurança nos modais do BRT, assunto já debatido na última edição do jornal. O secretário explicou que essa questão vai um pouco além das fronteiras entre a prefeitura e o consórcio do BRT.
- A questão do BRT e prefeitura é a seguinte: oficialmente, a prefeitura não pode, a princípio, atuar em uma área julgada privada. Tanto que o consórcio do BRT paga uma quantia a policiais militares na folga para fazerem parte dessa proteção. O presidente do BRT já esteve conosco e estamos conversando, inclusive. Estou aguardando uma posição do prefeito para ver de que forma isso pode ser feito, talvez da mesma forma que articularam com a PM. Porque o BRT explora comercialmente esse serviço como um transporte, através da venda de passagem Oficialmente, estamos vendo como se faz isso. Fizemos um estudo e já está tudo pronto, mas os guardas só podem assumir as estações que não estejam na área de risco, pois guarda fica desarmado, sem arma de fogo – encerrou Amendola.