Moradores reivindicam por seus direitos

A Barra da Tijuca é um dos grandes centros da cidade. Atualmente inúmeras empresas têm suas sedes no bairro, os maiores e mais novos shoppings são criados aqui, assim como os centros automotivos e hoteleiros da cidade escolheram a Barra da Tijuca como ponto fixo de seus empreendimentos. A chegada do metrô e do BRT impulsiona ainda mais esse crescimento extensivo da região como um dos grandes centros da cidade.

Por conta dessa transformação que o bairro vive, o número de moradias dentro das comunidades acaba sendo maior, pela necessidade de muitos trabalhadores de se morar próximo aos centros urbanos. Com isso, a Barra da Tijuca tem em seu perímetro comunidades como Amalba, Rio das Pedras, Pedra de Guaratiba, Cidade de Deus, César Maia, entre outras. Grande parte desses moradores que necessitam viver nas comunidades são prestadores de serviços do nosso bairro, são porteiros, faxineiros, carpinteiros, copeiros, cabeleireiros e uma gama de profissionais que tem a Barra da Tijuca como seu local de trabalho.

Contudo, uma medida da atual Prefeitura da cidade está colocando em xeque a vida de algumas das comunidades vizinhas a Barra, como é o caso da comunidade Amalba, mas conhecida como Barrinha. Localizada na Avenida Vitor Konder, a comunidade corre risco de ser totalmente dizimada, após um ofício feito pelo prefeito da cidade, Marcelo Crivella, em outubro desse ano, que ordena a demolição e a desocupação das 51 famílias que moram a mais de 40 anos na região. A notificação foi feita em cima da utilização de mais de 50% do terreno invadido, o que por lei é proibido, além de não possuir as distancias necessárias das residências e não possuírem o aval de um profissional da área da construção para a criação das casas.

No entanto, a Prefeitura não pontuou o que será feito dos moradores que ali residem, como é o caso da moradora Jaqueline Andrade, que vive na comunidade e vem lutando junto com um grupo de moradores da Barrinha e comunidades vizinhas para impedir que seus imóveis sejam destruídos: “vivemos uma tensão porque a qualquer momento podem vir às máquinas aqui e demolir tudo. Porque é isso que a notificação fala, que viram a qualquer momento. A prefeitura não fala nada sobre o que vai acontecer com a gente, apenas que temos que sair e que eles demolirão tudo”.

Contudo a dificuldade da comunidade de conseguir entrar em contato com os órgãos públicos para tentar frear a decisão se demonstra cada vez mais difícil, por conta disso, diversos moradores se reuniram na frente da casa do prefeito para poder pedir voz em seu problema: “nós fomos pra frente da casa dele, nós e moradores de outras comunidades, com um cartaz que dizia: não às remoções. Nós já possuímos um pedido de usucapião preposto, feito pela Defensoria Pública há quatro anos, e temos a ITERJ também nos observando com a regulamentação fundiária, estamos apenas lutando para manter nossas casas”, conta a moradora.

Jaqueline ainda afirma que a Barrinha não traz os perigos que muitas ocupações irregulares podem trazer: “não temos problemas com a área ambiental, não estamos dentro de nenhuma área ecológica e não existe nenhum tipo de poder paralelo. A Barrinha é totalmente pacifica e todos aqui são trabalhadores”. A luta, no entanto, está longe de acabar e os moradores são vistos com frequência nas reuniões entre políticos e a população para tentar conseguir falar com os órgãos competentes e não permitir o fim da comunidade.