O movimento acompanha a escalada do dólar no Brasil e a elevação do preço da gasolina no mercado internacional

Uma semana após a primeira elevação do preço da gasolina desde o início da pandemia do novo coronavírus, a Petrobras informou seus clientes nesta quarta (13) que aumentará novamente o valor de venda do combustível em suas refinarias. Desta vez, o reajuste será de 10%.

O movimento acompanha a escalada do dólar no Brasil e a elevação do preço da gasolina no mercado internacional. Na semana passada, o combustível era vendido nos postos dos Estados Unidos a um valor 3,4% superior ao registrado na semana anterior.

O reajuste vale a partir desta quinta (14), quando a gasolina passará a ser vendida nas refinarias da estatal, em média, a R$ 1,12 por litro. O repasse às bombas depende da política comercial de postos e distribuidoras.

Segundo a estatal, o valor cobrado nas refinarias equivale a 19% do preço final. O resto são margens de lucro e custos de revenda e distribuição, além de impostos federais e estaduais.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro questionou o primeiro reajuste após o início da pandemia, que foi de 12%. "Pelo que eu sei, não subiu o petróleo lá fora. Não sei porque o petróleo brasileiro aumentou", afirmou, frisando que não tinha interesse em interferir na política de preços da estatal.

A declaração, porém, disparou o sinal de alerta entre investidores. Em relatório intitulado "Fantasmas do passado?", divulgado nesta quarta, analistas do banco UBS calculam que o preço da gasolina no Brasil estava, antes do reajuste anunciado nesta quinta, 14% abaixo das cotações americanas.

Para eles, a empresa precisava anunciar aumento para evitar perda de margens. "Embora tenha destacado que não intervirá na política de preços da companhia, acreditamos que qualquer comentário do governo sobre a Petrobras amplia a percepção de risco dos investidores", escreveram.

Os dois aumentos ocorrem após uma sequência de quedas que acompanharam o colapso das cotações internacionais do petróleo, que, por sua vez, refletiram as projeções de queda do consumo com as medidas de isolamento em todo o mundo. No ano, o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras ainda acumula queda de 45%.

Nas bombas, a gasolina caiu 16% em 2020, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Na semana passada, o litro do combustível era vendido, em média no país, a R$ 3,823, 2,7% a menos do que na semana anterior.

O preço do diesel será mantido nas refinarias, informou a Petrobras. Também não houve reajuste na semana passada. Segundo o UBS, o diesel vendido nas refinarias da estatal está 14% acima da cotação norte-americana do produto.

Por Nicola Pamplona/ Folhapress