Novos ônibus, que começam a rodar nesta sexta-feira, têm dispositivo que impede que circulem de portas abertas
Nesta sexta-feira (16), às ruas do Rio de Janeiro ganharam uma cor nova, circulando na calha do BRT. Os novos ônibus do sistema de transportes prometidos pela Prefeitura do Rio, e que eram tão aguardados pela população, começaram a rodar às 7h30. São 33 novos articulados (dois vagões) e 15 do tipo padron (um único vagão), totalizando 48 novos veículos que irão operar inicialmente no corredor Transolímpica, onde passam em média, 24 mil passageiros por dia.
Uma das novidades dos novos veículos entregues à população carioca é que o motorista passa a trabalhar numa cabine de segurança, um pedido feito pelos próprios rodoviários. Os articulados têm mais espaço interno e um número maior de assentos para pessoas com mobilidade reduzida. Os passageiros destes ônibus também poderão contar com entradas USB, para carregamento de aparelhos eletrônicos como celulares.
A Mobi-Rio, empresa que administra o sistema BRT, diz ainda que os novos articulados serão mais seguros que os anteriores. Esses veículos novos têm um dispositivo que impede que os ônibus circulem de portas abertas.
Todas as 17 estações do corredor Transolímpica foram revitalizadas, além de outros três terminais.
O prefeito Eduardo Paes participou da viagem inaugural dos novos veículos e prometeu a entrega de novos veículos do mesmo modelo para o mês de março de 2023. Os novos ônibus começam a rodar no corredor Transcarioca, com 110 veículos. O último corredor a receber os novos articulados vai ser a Transoeste, após a conclusão das obras de recapeamento da via exclusiva que liga a Barra da Tijuca a Santa Cruz e Campo Grande.
“Vão chegar mais articulados até março. A Transcarioca está funcionando a pleno vapor também e a Transoeste está sendo totalmente reformada, inclusive com a construção de novos terminais. A Transoeste vai ser a última que os ônibus novos vão entrar. Quero dizer para o morador dessa cidade que está acabando o sufoco”, afirmou Paes.
No evento de apresentação dos novos modelos, o prefeito Eduardo Paes pediu para que passageiros zelem pelo sistema BRT, como um todo, e aproveitou para apelar à população que cuida da preservação das mesmas, após um homem ser flagrado tentando incendiar a estação Asa Branca, que faz parte da via.
“Se alguém abrir a porta, quiser dar uma de malandro surfista de BRT, o ônibus vai ficar parado. As pessoas se travarem a porta, o ônibus não anda. É importante dizer isso: O ônibus é da população, foi comprado com dinheiro público e se as pessoas não cuidarem é burrice. Todo ônibus que estragar, todo problema que tiver e cada coisa que for danificada é o imposto pago pela população carioca que vai pagar esta conta. Cuidem do BRT”, completou Paes.
Seria o fim dos problemas?
Inaugurado em 2012, durante a gestão anterior de Eduardo Paes, o sistema do BRT acumula um histórico de problemas. Desde o serviço precário oferecido diariamente à população até indícios de corrupção, que levaram o ex-secretário de Obras, Alexandre Pinto, a ser condenado após ter admitido o recebimento de propina de uma das empresas que participaram da implementação dos corredores exclusivos.
Dez anos depois do seu lançamento, o BRT, que veio com a promessa de melhorar a mobilidade na cidade, teve, em março, mais um capítulo emblemático da sua longa lista de crises. Cansados de lidar com a superlotação e a falta de ônibus, usuários do transporte fecharam as pistas na altura da estação Magarça, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, para protestar.
“É um descaso muito grande conosco, trabalhadores, que levantamos cedo da nossa casa para poder ir para o nosso trabalho. Centenas de pessoas estão aqui neste protesto porque não têm ônibus. É uma precariedade muito grande. Nós queremos trabalhar! Muitas pessoas aqui estão correndo o risco de perder seu emprego", reclamou uma passageira que não quis ser identificada, durante o protesto.
Uma outra usuária do transporte também aproveitou para desabafar: "Todo dia é BRT cheio, a gente sendo jogado para fora, soco nas costas. É só humilhação".
Em meio ao caos que o sistema BRT vive, o prefeito Eduardo Paes alegou que estaria sendo alvo de sabotagem. Ele já tinha levantado a suspeita de que os próprios empresários de ônibus estariam por trás da greve de motoristas ocorrida em março.
As acusações se deram depois que a prefeitura retirou das empresas de ônibus a gestão do BRT e a repassou para a empresa pública Mobi-Rio. Tais declarações foram repudiadas pelo grupo que representa os empresários de ônibus.
O fato é que, em meio a todo o caos, quem mais sofre é o passageiro. São ônibus com falha mecânica, ônibus que pega fogo, ônibus que precisa ser empurrado pelos passageiros, ônibus superlotado, ou até ônibus que não passa. No centro disso tudo fica o trabalhador, que é o usuário dos transportes e se sente abandonado.
Jovens são detidos por depredação de ônibus
Bem próximo de onde ocorria a entrega dos ônibus, agentes da Subprefeitura de Jacarepaguá em vistoria nos arredores do BRT Transolímpica, flagraram um grupo de jovens atirando pedras nos ônibus que passavam pelo corredor. Imediatamente a Subprefeita de Jacarepaguá, Talita Galhardo, acionou a Guarda Municipal(GM) e a Polícia Militar (PM).
Seis suspeitos foram detidos e levados à 32ª Delegacia de Polícia, da Taquara. Dois deles foram multados por invasão, um ficou detido por ser foragido da justiça, os outros foram liberados.
“Os BRTs são pagos com o dinheiro da população e feitos para a população. Vamos continuar fiscalizando para que a cidade tenha um transporte público de qualidade e digno do carioca. Peço que a população também nos ajude a fiscalizar. O errado não pode prevalecer!”, afirma Talita.