Um mapa do século 18, quando o Brasil ainda era colônia de Portugal, esta entre as peças valiosas encontradas pela equipe que trabalha no salvamento e conservação da Biblioteca Municipal Gabriela Mistral, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, após o temporal que devastou a cidade e causou mais de 200 mortes em fevereiro deste ano.
A cartografia, de 1757, tem informações sobre as movimentações da Coroa Portuguesa e da Espanha durante a Guerra Guaranítica, quando o povo indígena Guarani lutou por terras localizadas nas proximidades do rio Uruguai.
A equipe de salvamento e conservação encontrou também uma coleção de documentos que mostra a disputa entre Portugal e Inglaterra pela Guiana Inglesa, um mapa da Europa em alemão e outros mapas e livros históricos.
Segundo a Prefeitura de Petrópolis, os documentos foram descobertos no andar térreo da biblioteca durante as ações de limpeza emergenciais realizadas após as fortes chuvas na cidade.
A determinação da origem dos materiais depende de investigações históricas. Existe a suspeita que o mapa do século 18 e a coleção da Guiana Inglesa tenham pertencido ao Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira, que teve casa em Petrópolis.
Historiadores, especialistas em conservação de documentos, funcionários e frequentadores da biblioteca trabalham na limpeza, secagem e organização dos livros e documentos, em uma força-tarefa emergencial. Alguns materiais foram contaminados por fungos por causa da enchente, o que exige um cuidado redobrado e uso de luvas e máscaras na recuperação do acervo.
Localizada na praça Visconde de Mauá, no Centro de Petrópolis, a biblioteca foi criada em 1871 e possui um acervo com 150 mil volumes. É, segundo a prefeitura, a terceira maior biblioteca do estado do Rio de Janeiro. O nome é uma homenagem para a poeta, diplomata e feminista chilena Gabriela Mistral, Nobel de Literatura em 1945.
"Após resgatarmos os materiais da inundação no andar térreo, estamos trabalhando na limpeza, conservação curativa e iniciando os trabalhos de restauração. Na reorganização do acervo, acabamos realizando descobertas que estavam fora do catálogo. Em breve, tudo isso estará novamente à disposição do público", afirmou a presidenta do Instituto Municipal de Cultura, Diana Iliescu.
A inundação, que chegou a 1,60 metro de altura, atingiu oito mil exemplares que ficavam no térreo da biblioteca. As obras localizadas nos andares mais altos do prédio não foram afetadas.
O trabalho de resgate conta com a ajuda de instituições como o Arquivo Nacional, o Museu Imperial, a Fiocruz, o Conselho Regional de Biblioteconomia da 7ª Região e a Aperj (Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro).