Rede hoteleira e quiosques querem a volta de obra suspensa por falta de licenciamento ambiental e aval da União

 

 

Entidades privadas lançaram um manifesto em defesa da recuperação da orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A obra vem causando polêmica entre ambientalistas que reclamam do uso de concreto sob a areia com o objetivo de reduzir os danos provocados por ressacas. Ela foi suspensa no dia 1º de fevereiro, após notificação feita pelo Ministério Público Federal, que questionava a ausência de autorização da União e de estudo de impacto ambiental. 

A intervenção começou em dezembro de 2022 e previa, segundo a prefeitura, a instalação de colchões articulados feitos de argamassa e uma manta geotêxtil preenchida de areia da própria praia para estabilizar o local. O contrato de R$ 10,6 milhões também inclui a implantação de vegetação de restinga e a reestruturação de passeios e pavimentos danificados. A ação está prevista em sete pontos que pertencem a uma extensão de 800 metros entre o posto 3 e 8. Ou seja, 4% da extensão da praia, ficando restrita também aos primeiros 10 metros da faixa de areia junto ao calçadão.

Presidente do Sindicato de Hotéis e Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro, Alfredo Lopes considera a obra essencial para que a orla apresente boas condições de uso. "É importante retomá-la o quanto antes, para que toda a cadeia do turismo, que já foi bastante impactada, não continue prejudicada, como hotéis, restaurantes, transporte e comércio", argumenta.

A Câmara Comunitária da Barra da Tijuca também cobra a reconstrução do local. "A paralisação da referida obra trará prejuízos financeiros e de lazer, não só para a população da Barra, mas sim para todos os cariocas", diz o presidente do órgão, Delair Dumbrosck.

A concessionária Orla Rio e os quiosques Hula Hula Beach Bar e CoopQuiosque também defendem a intervenção. "As praias do Rio de Janeiro são emblemáticas. A orla marítima da cidade é a que mais recebe turistas em todo o país, sendo essencial que se encontre em perfeitas condições. Rogamos pela continuidade das obras de recuperação do calçadão da orla da Barra da Tijuca", cobra a Orla Rio.

Diretora presidente do CoopQuiosque, Rosana Reigota apela para o espírito público e democrático dos entes envolvidos e clama pelo respeito ao erário público e aos pagadores de impostos, além de cariocas e frequentadores da praia. Já os sócios do Quiosque Hula Hula Beach Bar, Raphael Lima e Daniel Manzieri, lamentam pelos 15 colaboradores que vêm sendo prejudicados. "Nosso ponto se encontra de forma precária, o que, ao longo desses três anos impactou muito nosso faturamento e, por consequência, a remuneração e comissão dos funcionários".

A Prefeitura do Rio afirma que o município protocolou no portal do MPF mais de 100 documentos relativos aos ensaios, estudos de engenharia costeira, elementos técnicos e projetos que corroboram as intervenções de recuperação dos taludes. A secretária Municipal de Infraestrutura afirma que paralisou as ações no local enquanto analisa as recomendações do MPF e diz aguardar orientações e recomendações do órgão.