Como a prática oriental conquistou tantas pessoas com aulas gratuitas no Barra Garden
Acordar cedo é ruim, mas imagine acordar cedo para respirar melhor, diminuir dores, incentivar a circulação corporal e dobrar a energia. É isso que propõe o Barra Garden em suas aulas gratuitas de Tai Chi Chuan, todas as terças e quintas, às 8h40. Para participar, basta levar um quilo de alimento não perecível por semana e conversar um pouco com o mestre Arthur Vieira, à frente do projeto há 12 anos.
Semelhante a uma dança e bastante próximo de uma luta em câmera lenta, o Tai Chi Chuan atrai olhares de curiosos e dá orgulho àqueles que praticam. De longe, é possível observar que os movimentos das mãos são exploratórios. De perto, o todo é mais importante: “o Oriente considera o corpo uma unidade. É assim na medicina chinesa e nas lutas importadas para o Brasil. Nesse sentido, não existe movimento de braços ou pernas e sim do corpo como um todo”, explica o mestre Arthur, que já pratica a atividade há 29 anos.
Em determinado momento da aula, os alunos são divididos em dois grupos: em um, os aprendizes passam a utilizar um leque de bambu em meio à prática; no outro, o mestre orienta uma aula sem o acessório. O aposentado Ricardo Vidal, um dos mais assíduos, opina: “o leque no oriente é feito de aço, pois é elaborado para lutas de verdade. Como se fossemos usá-los como armas para combater espadas, por exemplo. No nosso caso, adaptamos isso para o bambu”, explica. O mestre Arthur reitera: “um dos principais objetivos do Tai Chi é movimentar a energia do corpo. Com "armas" como o leque, treinamos expandir essa energia”, esclarece.
Maria Fernanda Salgueiro, aposentada, pratica a atividade há 8 anos. No início, começou por conta de um problema de hérnia de disco: “eu sentia muita dor e já havia tentado de tudo, até pilates. Eu sentia formigamento no corpo, porque é um problema que acaba prensando os músculos. Comecei o Tai Chi e em três meses eu já não sentia nada. Trabalhava flexibilidade e acabei melhorando a circulação, porque mexia com o corpo todo”, relembra. Maria Fernanda também chama a atenção para o fato de que a prática é essencial para todas as idades: “Eu me tornei uma pessoa mais tranquila, menos estressada. Por isso acredito que todos devam fazer: o jovem, por exemplo, é muito parado e sofre com ansiedade hoje em dia. O Tai Chi ajudaria muito”, afirma
As vantagens da atividade vão desde melhora da saúde mental até a elasticidade. Ricardo Vidal, que parece mais centrado após a aula do que antes dela, ainda chama a atenção para a rápida melhora muscular: “eu sempre fiz caratê. Mas a diferença do Tai Chi é que a prática permite reflexão, meditação e flexibilidade. Sem falar na questão social; acaba sendo necessário se identificar com o mestre. É uma filosofia de vida, uma ideologia. Eu brinco que é um caratê em câmera lenta que vai além da idade”, enfatiza.
Luiz Ricardo Dedecco, aposentado, também é um aluno dedicado. Praticamente da atividade desde 1992, ele minimiza a diferenciação entre gêneros: “hoje em dia há mais homens que antigamente, mas não acredito que seja porque existe alguma diferenciação em relação às mulheres. Eu, por exemplo, comecei para combater um problema de saúde e acabei ficando. Acredito que antes, talvez pela cultura do trabalho, as mulheres poderiam se atrair mais por causa da necessidade de concentração e paciência. Hoje isso já está mais equilibrado. Aqui eu tenho 40 minutos dedicados a mim. Acredito que você é capaz de esquecer o mundo”, comenta.