Três vezes melhor do mundo e colecionador de títulos, Jorginho se despediu recentemente do futebol de areia
Multicampeão pela Seleção Brasileira e pelo Vasco, e considerado como o “Pelé do Beach Soccer”, Jorginho se despediu das areias em amistoso proporcionado entre amigos, no dia 27 de janeiro, no Parque Olímpico. Em entrevista exclusiva para o JORNAL DA BARRA, Jorginho falou sobre a sua trajetória profissional, perspectivas para o futuro do futebol de areia no Brasil, e a importância das praias da Barra para a prática de esportes.
Um dos principais artilheiros com a camisa amarelinha, com mais de 300 gols em 287 partidas, e três vezes melhor do mundo, o ídolo falou sobre o início da carreira, as inseguranças que tinha e os objetivos que conseguiu alcançar: “A desconfiança no início, por ser muito novo, foi um grande desafio. Eu estudava, fazia faculdade, mas também costumava jogar futebol de 11 na praia, mas não convivia muito com a galera praieira. Depois que comecei a jogar profissionalmente, tive que provar a cada dia, a cada jogo o meu valor. A desconfiança foi diminuindo com a conquista dos títulos. Se ontem você tirou nota 10, amanhã você tem que tirar 10,1. A pressão foi constante durante a minha carreira”
Quando o assunto é levantar troféu, Jorginho sorri. Acostumado a ser campeão, o craque diz: “Não tenho o que reclamar. Seria até injustiça minha. Ganhei praticamente tudo com a Seleção e com o Vasco. Sou um abençoado, e reclamar seria uma covardia e ingratidão da minha parte”.
Com uma despedida desse quilate, o Beach Soccer no Brasil perde muita qualidade. Perguntado sobre as perspectivas que tem para o futuro do esporte no Brasil, Jorginho demostrou preocupação e desapontamento.
“Não vejo com bons olhos o futuro do Beach Soccer aqui, infelizmente. Eu briguei sempre pela estrutura, por melhorias, para os atletas serem bem remunerados, por que são eles os verdadeiros donos do espetáculo. Na Rússia e em alguns países europeus a gente vê alguma estrutura. Eu joguei na Rússia durante quatro anos. Durante o inverno, os caras tinham um ginásio climatizado para a gente poder treinar. Lá eles investem. Aqui no Brasil, você não vê investimento, não vê uma renovação de atletas e nem melhorias”, afirmou o ex-jogador.
Praia da Barra combina com esporte
Cartão-postal do Rio, a praia da Barra não é somente procurada para banhos de sol, mergulhos, ida a restaurantes ou hotéis. Ela tem a sua importância nacional para a prática de diversos esportes, inclusive do Beach Soccer.
Rotineiramente, Jorginho treina na Praia do Pepê, com o grupo de funcional “Bom Treino”. De forma enfática, o ídolo máximo das areias do Brasil falou: “Se você passa aqui durante o dia, você vê pessoas jogando vôlei, futevôlei e o Beach Soccer. A prática do futebol de areia pode ser mais aproveitada aqui. A praia da Barra tem uma areia muito fofa. É muito boa. Se a gente tiver apoio também do Governo, ou então de alguma empresa privada, poderíamos fazer projetos esportivos voltados para as crianças e jovens, não esquecendo também da educação. A área da Barra e a sua beleza são propícias à prática do esporte”.
Desde 1999 em ativa, Jorge Augusto da Cunha Gabriel tem 44 anos e nasceu no Pará. Com a Seleção Brasileira, os principais títulos foram as oito Copas do Mundo, sete Mundialitos e nove edições da Copa América. No Vasco da Gama, dentre inúmeros torneios, Jorginho conquistou um bicampeonato da Copa Libertadores da América, um Mundialito de Clubes e um campeonato brasileiro.