Série de sessões de contação de histórias aborda questões como diversidade de gênero, étnico-raciais, acessibilidade, tolerância religiosa, honestidade 

Estreia em 12 de outubro o projeto “Que História Contar”, uma série de sessões de contação de histórias infantis apresentadas por atores, músicos e palhaços, que vai oferecer entretenimento educativo no mês da criança. Entre os dias 12 e 31 de outubro, às 10h, uma obra diferente será contada, seguida de um bate-papo ou de uma oficina interativa com os artistas na plataforma Zoom. A classificação etária é livre – indicado para crianças a partir de 3 anos. Os ingressos vão de R$ 7,50 a R$ 15 e podem ser adquiridos no site http://sympla.com.br e o conteúdo ficará disponível até 12 de dezembro. O projeto “Que História Contar” tem coordenação da pedagoga e contadora de histórias Fernanda Faria e direção geral do produtor Bruno Mariozz. 

Baseadas em obras clássicas como “Rapunzel”, dos Irmãos Grimm, “A festa no céu”, de Ângela Lago, “A pequena vendedora de fósforos”, de Hans Christian Andersen, e no conto chinês “O pote vazio”, as histórias foram adaptadas para abordarem questões como diversidade de gênero, étnico-raciais e acessibilidade. Há também textos contemporâneos como “Sinto o que sinto - A incrível história de Asta e Jaser”, de Lázaro Ramos, “O pequeno príncipe das ruas”, de Allex Miranda e “Ventanera - A cidade das flautas”, de Moira Braga. 

Além de ser uma opção de entretenimento educativo para a criançada durante o período de isolamento social, “Que História Contar” tem como objetivo despertar o gosto pela leitura e, principalmente, democratizar e diversificar o universo das contações de histórias e da literatura infantojuvenil. O elenco de 22 contadores é formado por: Alexa Velásquez, Alexandre Moreno, Allex Miranda, Clara Santhana, Danielle Fritzen, Dayse Pozzato, Diego de Abreu, Fábio França, Fernanda Fari, Jorge Oliveira, Leandro Castilho, Lu Fogaça, Luan Oliveira, Matt Trindade, Milton Filho, Moira Braga, Patrícia Costa, Raquel Penner, Thaianne Moreira,Vilma Melo, Viviane Netto e Wladimir Pinheiro. 

“Quando eu era criança, negra e de baixa renda, não me recordo de nenhuma história em que o corpo negro fosse protagonista. Por que sempre um castelo e uma casa grande? Cadê a periferia? A casa pequena? Muitas pessoas também não se sentiram pertencentes ou representadas no universo literário”, lembra a pedagoga e contadora de histórias Fernanda Faria, coordenadora do projeto. 

“Somos frutos das histórias que lemos, aprendemos, ouvimos e vemos. As histórias formam, se movem e nos movimenta. Acredito que se tivéssemos tido acesso às histórias de gênero, com questões raciais e de inclusão, não seríamos o país que mais mata com o racismo, machismo, homofobia, sem nenhuma inclusão para as pessoas com deficiência”, questiona Fernanda. 

Diretor geral do projeto, Bruno Mariozz, da Palavra Z Produções Culturais, enxerga também uma oportunidade de movimentar e apoiar a economia criativa do segmento cultural, que foi duramente atingida com a pandemia. “Reunimos diversos profissionais para que possamos fortalecer a criação artística e proporcionar momentos lúdicos em um momento tão delicado que estamos passando”, diz. 

Histórias 

Abrindo a programação em 12 de outubro, está “Minhas contas”, de Luiz Antonio, interpretada pela atriz Fernanda Faria. A história fala sobre tolerância religiosa ao contar sobre uma amizade de duas crianças abalada pelo preconceito dos pais. O conto tradicional chinês “O pote vazio” ganha interpretação do artista cadeirante Matt Trindade. No conto, um imperador distribuiu sementes de flores para que as crianças de seu reino as cultivassem e lhe trouxessem o resultado d0 trabalho. Ao final de um ano, o menino Ping só conseguiu apresentar um pote vazio. Mas o que parecia um fracasso tornou-se um grande triunfo. 

Em “Sinto o que sinto – A incrível história de Asta e Jaser”, de Lázaro Ramos, a atriz Vilma Melo mostra que mesmo para os adultos, lidar com os sentimentos nem sempre é fácil. Isso é o que Dan percebe ao longo de seu dia, enfrentando diferentes situações que o fazem ter que encarar uma mistura bastante diversa de sentimentos. Escrito e contado pelo ator Allex Miranda, “O pequeno príncipe das ruas” narra a história de um homem de negócios que, atrasado para uma reunião, muda o trajeto e tem seu carro enguiçado em uma cidade remota. 

“Ventanera - A cidade das flautas” é um texto escrito pela bailarina e atriz cega Moira Braga. Ventaneira é uma cidade fantástica onde flautas voam amarradas em pipas coloridas e só o sopro dos ventos pode tocar esses instrumentos musicais. Um dia amanhece silencioso, sem ventos e sem música. Até que o menino Rudin, o único habitante de Ventaneira que não sabia nem fazer flautas, nem empinar pipas e que só consegue ver o que suas mãos podem alcançar, descobre como trazer a música e a alegria de volta à cidade.