Por: Fernando Pimenta 

 

Em 1922, foi lançado ‘Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror’, filme dirigido por F. W. Murnau que acabou se tornando um clássico do Expressionismo Alemão, apesar de enfrentar processos e acusações de plágio de Drácula, obra de Bram Stoker. Agora, 102 anos depois, o aclamado diretor norte-americano Robert Eggers apresenta sua própria versão de ‘Nosferatu’. No entanto, sua versão não é totalmente original.

Eggers, responsável por outros filmes de terror como ‘A Bruxa’ e ‘O Farol’, segue fielmente o filme de 1922, criando, assim, uma obra segura, mas também satisfatória para os admiradores dessa história.

Em Nosferatu, acompanhamos um conto gótico ambientado na Alemanha do século XIX, que aborda a obsessão de um terrível vampiro (Bill Skarsgård) por uma mulher assombrada chamada Ellen (Lily-Rose Depp). O elenco de alto nível também conta com Nicholas Hoult, que interpreta Thomas Hutter, marido de Ellen, e o excelente Willem Dafoe, que assume o papel do Professor Albin Eberhart Von Franz, um dos grandes destaques do filme.

Para quem não sabe, não é de hoje que Robert Eggers demonstra interesse pela obra de F. W. Murnau. Na juventude, ainda estudante, o diretor já havia comandado duas versões teatrais e escolares do filme. Eggers desenvolveu interesse pela obra ainda criança, aos 9 anos, quando descobriu o filme através da imagem da sombra do Nosferatu na capa de um VHS.

Portanto, é inevitável que, em sua versão de 2024, sejamos impressionados pela atenção aos detalhes e pela maestria de sua direção, que entrega cenas tanto deslumbrantes quanto horripilantes, dentro de uma narrativa extremamente fidedigna. No entanto, tanto zelo também impede que Eggers se arrisque e vá além da obra original. O diretor certamente receia qualquer atualização desnecessária em um filme que ele mesmo considera perfeito.

Mas, se Eggers já considerava o filme de 1922 uma obra perfeita, muitos podem questionar o motivo de o diretor insistir em refilmá-lo. Talvez a única intenção seja apresentar essa obra a uma nova geração, o que já é uma justificativa mais do que válida. Apesar de não ser uma abordagem ousada, talvez Eggers espere que seu Nosferatu impacte também uma nova geração, da mesma maneira que o impactou quando criança. E, assim, que o choque e o horror inspirem novas gerações de cineastas tão talentosos quanto Eggers.