Governo japonês veta público em Tóquio na Olimpíada após avanço da Covid
Adalberto Leister Filho (Folhapress)
Os Jogos Olímpicos não terão público nas arenas de Tóquio devido ao aumento de casos de coronavírus. A informação foi divulgada por Tamayo Marukawa, ministra da Olimpíada, nesta quinta-feira (8), após reunião entre governo do Japão, Comitê Organizador de Tóquio e COI (Comitê Olímpico Internacional). A diretiva acontece após decretação de novo estado de emergência na cidade-sede, a apenas duas semanas para o início do evento.
Anteriormente, os organizadores liberaram público de até 10 mil pessoas ou 50% da capacidade das arenas olímpicas (o que fosse menor). As competições seriam exclusivas para o público local. Torcedores estrangeiros foram vetados previamente. Mas, com o anúncio de que Tóquio entrará novamente em estado de emergência na próxima segunda-feira, os planos mudaram. A capital japonesa estará nessa fase com maiores restrições até dia 22 de agosto. Os Jogos Olímpicos começam no dia 23 de julho e vão até 8 de agosto. O crescimento de casos já fez com que os organizadores decidissem vetar o revezamento da tocha olímpica pelas ruas de Tóquio para prevenir aglomerações.
A pandemia continua avançando no Japão. De acordo com dados coletados pela Universidade Johns Hopkins, de Baltimore (EUA), na quarta-feira (7) houve 2.180 novos casos de Covid-19 no país e 14 mortes. A média móvel voltou a aumentar, para 1.683. Desde o início da pandemia, 812 mil pessoas pegaram Covid-19 no Japão. O total de óbitos é de 14.848 até agora.
O governo metropolitano de Tóquio, por sua vez, divulgou mais 920 infectados nesta quinta-feira (8). É o maior número desde meados de maio, quando houve o pico da quarta onda no Japão. A média móvel chegou a 632 e cresce todos os dias desde 19 de junho. O temor é que, com a chegada das delegações estrangeiras, a Olimpíada possa se tornar uma propagadora da variante Delta, detectada pela primeira vez na Índia e que é altamente contagiosa.
Com a aceleração da vacinação nos últimos dias, o governo do Japão espera que a situação do país melhore e que isso diminua a pressão sobre o sistema nacional de saúde. Segundo o site Our World in Data, 15,2% dos japoneses estão imunizados e 26,5% receberam ao menos a primeira dose. A última atualização é de terça-feira (6).
A decisão de não permitir público nos estádios de Tóquio foi acertada em reunião com Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), que chegou à capital japonesa nesta quinta-feria. Bach afirmou que ele e o presidente do IPC (Comitê Paralímpico Internacional), o brasileiro Andrew Parsons, estão "comprometidos" em entregar os Jogos com segurança.
"Mostramos essa responsabilidade desde o dia do adiamento. E também o mostraremos hoje, e apoiaremos qualquer medida que seja necessária para que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos sejam seguros e protegidos para o povo japonês e todos os participantes", afirmou Bach.
O dirigente participou de reunião em seu hotel, de maneira remota. De acordo com as normas sanitárias locais, o dirigente ficará em quarentena por três dias. Ele terá novas reuniões com o Comitê Organizador de Tóquio de forma virtual ou presencial nos próximos dias. Após a quarentena, ele também fará visitas à Vila Olímpica e a Hiroshima, cidade devastada pela bomba atômica lançada pelos EUA no final da Segunda Guerra Mundial.
John Coates, vice-presidente do COI, que chegou a Tóquio antes, deve visitar Nagasaki, outra cidade japonesa atingida pela bomba atômica em 1945. O dirigente australiano foi criticado no Japão ao dizer que a Olimpíada pode ser realizada mesmo que Tóquio estivesse em estado de emergência, o que de fato irá acontecer. No mês passado houve manifestação em frente à Prefeitura da capital japonsesa contra a realização dos Jogos.