Moradores lotam audiência pública convocada pela Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara dos Vereadores
A ideia do Prefeito Marcelo Crivella de “verticalizar” Rio das Pedras foi definitivamente reprovada pela comunidade local. A represália ao projeto ficou ainda mais evidente na audiência pública convocada pela Comissão de Assuntos Urbanos, presidida pelo vereador Chiquinho Brazão (PMDB), que lotou o campo de grama sintética da Via Light. Os moradores já haviam mostrado toda a insatisfação em uma manifestação, que interditou algumas avenidas da região.
O projeto da Prefeitura pretende erguer 35 mil apartamentos na comunidade, com prédios de até 12 andares. Os imóveis seriam vendidos aos moradores por meio do programa “Minha Casa, Minha Vida” e o financiamento seria da Caixa Econômica Federal. Crivella esteve reunido durante o mês de agosto com empresários da iniciativa privada para discutir os detalhes e a viabilidade da controversa ideia. Estima-se que o custo seja de R$ 2 bilhões e, segundo o prefeito, o projeto seria finalizado até o final do mandato.
Os moradores, entretanto, reclamam de não terem sido ouvidos e afirmam terem outras prioridades. Além disso, rechaçam a ideia de remoções realizadas pela Prefeitura. Durante a audiência, os coros “daqui não saio, daqui ninguém me tira”, “Rio das Pedras é nosso” e “o povo unido jamais será vencido” foram gritados diversas vezes a plenos pulmões pela multidão presente. Alguns, relatam casos de moradores que chegaram ao ponto de passarem mal por medo do projeto de verticalização avançar. Isso porque milhares de pessoas precisariam ser realocadas durante as obras.
Muito exaltado pelos populares, Chiquinho Brazão esteve à frente do evento. Com ele, um cartaz que dizia “Sr. Prefeito, queremos melhorias e não remoção ou demolição”. Vale lembrar que Brazão também votou contra Crivella para o aumento da cobrança do IPTU. O vereador ressaltou que a Prefeitura deveria atacar outros problemas, como o saneamento básico, revitalização de calçadas, construção de novas clínicas da família, creche, UPA’s, uma rodoviária e investir num transporte aquaviário que melhorasse o acesso dos moradores da comunidade até a Barra da Tijuca.
“Quem aqui lembra do Crivella, quando era senador, em Rio das Pedras? Ninguém! É porque ele não veio aqui. Era braço direito da Dilma, por que não trouxe para cá a obra do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento)?”, disse Brazão, que fez questão de convidar o prefeito para comparecer a comunidade e falar com a população. “Tem muito que fazer em Rio das Pedras, mas tem que reconhecer que esse projeto já nasceu morto”, afirmou o vereador, que acrescentou que a manifestação popular é fundamental para que o projeto não saia do papel.
“Se não fosse feito esse movimento por vocês, essa ideia ia tomar corpo”. Isso porque, para Brazão, dificilmente uma ideia tão impopular seria aprovada pela câmara dos vereadores. Além disso, o vereador desacredita do plano de que a Prefeitura poderia finalizar as possíveis obras em apenas três anos, que é o tempo restante deste mandato do atual Prefeito do Rio.
O vereador Marcello Sicilliano (PHS) e Índio da Costa, Secretário Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, eram esperados na audiência pública, mas não compareceram.