Ministro da justiça liga comandantes da Polícia Militar com o crime organizado e instituição rebate chamando-o de irresponsável
Por Ive Ribeiro
Em entrevista ao Blog do Josias, no portal Uol, o ministro da justiça Torquato Jardim fez declarações assustadoras sobre a PM do Rio e toda a segurança como um todo. Segundo o ministro, quem comanda a Polícia Militar não é o governador Luiz Fernando Pezão e nem o Secretário de Segurança Roberto Sá, mas o crime organizado.
Ainda de acordo com o blog, o ministro também falou sobre o recente assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira, que comandava o 3º Batalhão da PMERJ, no bairro do Méier. Para Jardim, o assassinato não foi consequência de um assalto. ''Esse coronel que foi executado ninguém me convence que não foi acerto de contas”.
As declarações publicadas pelo jornalista Josias de Souza na terça-feira fizeram com que a PM divulgasse uma nota de repúdio. No texto, a entidade chamou as falas do ministro da justiça de “irresponsáveis” e “inadmissíveis”. Os 113 policiais mortos no Rio também foram lembrados.
Confira a nota da Polícia Militar na íntegra:
“As declarações do Ministro da Justiça, Torquato Jardim, vinculando comandantes de batalhões da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro ao crime organizado, são de uma irresponsabilidade inadmissível e merecem o nosso mais veemente repúdio.
Ao generalizar acusações sem qualquer base comprobatória contra uma instituição bicentenária, as declarações do Ministro Jardim revelam, no mínimo, desrespeito e desprezo ao esforço descomunal empreendido por milhares de policiais militares que, não obstante a dificuldades de toda ordem, não têm medido esforços para defender a sociedade do nosso estado.
Vale lembrar que até a presente data, perdemos 113 companheiros de farda, vítimas de um quadro de violência formado por inúmeras variáveis e sobre o qual a Polícia Militar não pode ser responsabilizada.
Muito pelo contrário, no enfrentamento diário aos criminosos, somente este ano efetuamos mais de 20 mil prisões e apreendemos mais de cinco mil armas de fogo. A grande maioria dessas armas é fabricada em outros países. Fuzis com alto poder ofensivo e pistolas sofisticadas chegam às mãos de criminosos por uma articulação do tráfico internacional de armas, cuja repressão transcende a atuação das forças de segurança estaduais.
Em relação à morte do Coronel Luiz Gustavo Teixeira, citada também nas declarações do Ministro Jardim, cabe esclarecer que o oficial de conduta ilibada estava uniformizado, pois voltava de uma cerimônia de posse em outro batalhão da Corporação. E foi assassinado numa tentativa de assalto, como quase todos os policiais militares, que, ao se depararem com criminosos, não têm outra alternativa senão matar ou morrer. A banalização da vida, revelada nesse crime hediondo, é resultado também de um código penal anacrônico, cuja revisão também não é atribuição da esfera estadual.
Por fim, vale registrar ainda nossa repulsa a denúncias contra uma Corporação que não aceita e pune com todo rigor qualquer desvio de conduta em suas fileiras, como pode ser comprovado pelo trabalho da Corregedoria Interna da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro”.