Por: Matheus Rocha
A defesa da ex-deputada federal Flordelis diz que entrará nesta terça-feira (3) com um pedido de suspeição contra a juíza que preside o caso. Além da suspeição, os advogados da pastora vão solicitar que o julgamento seja transferido de Niterói para o Rio de Janeiro.
Flordelis está presa desde agosto do ano passado sob a suspeita de ter arquitetado a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo. A pastora diz ser inocente e que os promotores que a acusam trabalham para desconstruir sua imagem "como ser humano, como pastora".
Segundo os advogados, esses pedidos foram motivados por uma suposta reunião que a magistrada teria feito com pessoas que podem compor o corpo de jurados.
Os advogados dizem que cerca de 70 pessoas participaram do encontro, que teria acontecido na segunda-feira (25). De acordo com eles, os sete jurados que constituirão o júri podem ser selecionados dentre essas pessoas.
"Quando descobrimos que essa reunião estava para ocorrer, um dos nossos advogados foi para lá, mas ele foi impedido de entrar. Violando também as prerrogativas constitucionais da defesa, a juíza impediu que ele pudesse entrar para acompanhar essa reunião", afirma Rodrigo Faucz, advogado da pastora, acrescentando que, no suposto encontro, a juíza teria discutido o caso Flordelis.
"Isso vai trazer uma consequência grave, porque os jurados vão se antecipar e discutir as informações entre si e impedir que ela [Flordelis] tenha um julgamento justo e imparcial", diz o advogado.
A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Rio e aguarda posicionamento da juíza responsável pelo caso.
Faucz diz que encontro entre juízes e possíveis jurados é um procedimento padrão, em que o magistrado explica como o júri popular funciona.
Segundo ele, esse encontro deve ser acompanhado pelo Ministério Público e pelos advogados dos réus.
"Mas, nesse caso, o encontro foi feito proibindo a entrada da defesa." Segundo Faucz, a magistrada teria impedido a entrada alegando que isso poderia constranger os possíveis jurados.
"Nós queremos que o julgamento seja imparcial. Nós não queremos que os jurados tenham uma reunião a portas fechadas com a juíza e saibam que vão julgar a Flordelis para ficar pesquisando no Google o que tem sobre ela", afirma o advogado.
Flordelis está presa desde o dia 13 de agosto sob a acusação de ser a mandante do crime. Anderson foi morto aos 42 anos com mais 30 tiros na casa onde morava com a pastora e dezenas de filhos. Segundo a polícia, o crime foi motivado por insatisfação com a maneira como ele administrava a vida financeira da família.
Além da suspeita de homicídio triplamente qualificado -por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima-, ela responde por tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Em novembro do ano passado, dois filhos da pastora foram condenados por envolvimento na morte de Anderson. Em abril deste ano, outro foi absolvido da acusação de homicídio triplamente qualificado, mas condenado por associação criminosa armada.
O julgamento de Flordelis estava marcado para o dia 9 de maio, quando a ex-deputada seria levada a júri popular. No entanto, foi adiado para o dia 6 de junho, porque a juíza entendeu que não havia tempo suficiente para juntar todos os laudos exigidos pelas defesas dos réus.