De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, para 2020, a estimativa era de 41 mil novos casos diagnosticados no Brasil, sendo 20.520 em homens e 20.470 em mulheres
 
Março, mês da conscientização sobre o câncer colorretal ou de intestino, um dos tipos mais comuns de câncer, se encerra, porém é preciso falar sobre a doença, que tem atingido cada vez mais pessoas jovens, com menos de 50 anos. Apesar do estigma ruim que envolve a doença, ela ganhou mais visibilidade em 2020, sendo amplamente abordada após a morte do ator americano Chadwick Boseman, que interpretou o herói Pantera Negra no cinema e é um dos nomeados, ainda que postumamente, ao Oscar 2021. O caso do ator comoveu o mundo inteiro, por sua partida totalmente inesperada pelo público, aos 42 anos, devido a complicações relacionadas ao câncer.
 
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, para 2020, a estimativa era de 41 mil novos casos diagnosticados no Brasil, sendo 20.520 em homens e 20.470 em mulheres. Para a prevenção ou diagnóstico precoce, exames de rastreio, como a colonoscopia, são indicados principalmente a partir de 50 anos. Porém, o cenário da doença tem mudado, e especialistas alertam que é preciso procurar médicos em qualquer suspeita e, até mesmo, antecipar esses exames.
 
“Estamos vendo um grande aumento da incidência da doença e em pessoas mais jovens. Em geral, recomendamos fazer a colonoscopia a partir de 50 anos. Porém, essa recomendação tem sido antecipada, para os 45 anos, devido ao aumento da incidência. Caso seja identificada uma alteração genética ou a pessoa tenha um histórico familiar desse tipo de câncer ou de outros tumores, o exame deve ser feito até antes. Qualquer mudança no hábito intestinal, sangramentos ao evacuar ou cólicas devem ser investigadas com a consulta a um proctologista ou gastroenterologista. É uma doença sobre a qual muitas pessoas não falam, porém é muito frequente e pode ser evitada em muitos casos”, afirma o oncologista João Fogacci, do Grupo Oncoclínicas.
 
E, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, é preciso manter os exames em dia. Aos 46 anos, André Medina, empresário e morador do Rio de Janeiro, segue o tratamento para curar o câncer, mantendo todos os protocolos de segurança. “São dias difíceis e, apesar da minha quimioterapia ser branda, dá um pouco de insegurança. Tenho evitado ao máximo sair de casa por outros motivos”, diz André, que, nesse período, incluiu atividades físicas e alimentação natural na rotina.
 
Antes de receber o diagnóstico, o empresário carioca sabia pouco sobre a doença. “Descobri o câncer ao fazer exames pré-operatórios para a retirada de cálculos na vesícula. Em uma ressonância, foi descoberto o tumor. Eu não sabia da importância da colonoscopia, principalmente na minha idade, não tinha histórico de doença na família e não tinha ouvido falar desse tipo de câncer. Visitas periódicas a um médico de confiança, manter o peso e hábitos saudáveis fazem toda a diferença”, relata André.
 
 
Confira dicas dos profissionais João Paulo Fogacci, oncologista, e Erika Ferreira, nutricionista do Grupo Oncoclínicas no Rio, com unidade na Barra da Tijuca. 
 
4 cuidados devemos tomar para manter a saúde intestinal:
- Manter a ingestão adequada de líquidos, principalmente água;
- Manter uma alimentação adequada com boa ingestão de fibras;
- Manter uma rotina regular de exercícios físicos;
- Manter uma alimentação equilibrada com baixo consumo de açúcar simples e gorduras saturadas.

8  sinais de que o intestino não anda bem:
- Alteração na consistência e forma, cor no odor das fezes, além da frequência das evacuações. Por exemplo: diarreia líquida, fezes em fitas ou escuras demais e mal cheirosas;
- Presença de sangue vivo ou muco nas fezes. Atenção: fezes muito escuras podem representar sangramentos intestinais;
- Vontade evacuar, porém com eliminação mínima de fezes;
- Urgência fecal, isto é, a impossibilidade de controlar a evacuação até o local e hora adequados para realizá-la;
- Alterações intestinais associadas a desconforto abdominal, perda de peso não planejada ou cansaço;
- Aumento de flatulência.

Dicas para incluir a quantidade adequada de fibras na dieta:
- Ingestão diária de vegetais folhosos (couve, agrião, espinafre, alface, bertalha, almeirão, chicória, etc.);
- Ingestão diária de legumes variados (preferencialmente com casca);
- Ingestão diária de fontes de carboidratos complexos (Farelo de trigo integral, Aveia (farelo ou flocos), Arroz integral, Pães integrais( de fermentação preferencialmente), Amaranto, Linhaça, chia, centeio, gérmen de trigo;
- Ingestão diária de no mínimo 3 frutas (preferencialmente com casca);
- Ingestão regular de leguminosas (Feijões, lentilha, soja ou grão-de-bico);

Alguns mitos e verdades:

Existe um padrão que classifica a frequência normal do funcionamento do intestino?

Não existe um padrão pré-determinado. No geral, é considerado adequado um ritmo de 3 vezes por semana até 3 vezes por dia.

Probióticos, prebióticos e laxantes são a mesma coisa

Muitas pessoas confundem o papel de cada um deles.

Os probióticos são microrganismos vivos que, quando ingeridos em quantidades adequadas proporcionam benefícios para a saúde intestinal sendo capazes de equilibrar a flora intestinal. Eles estão presentes em alguns iogurtes (Lactobacilos), no Kefir, na Kombucha, Picles, Kimchi (repolho fermentado), Misô (produto a base de fermentação da soja). E também podem ser consumidos encapsulados ou em sachês.

Os prebióticos são fibras não digeríveis que tem um efeito estimulante específico nas bactérias presentes no intestino (as bactérias benéficas – como os probióticos). Eles são encontrados em alimentos como a chicória, tomate, cebola, alho, alcachofra, aspargo, cevada, centeio, aveia, trigo, mel, e grão-de-bico.

Os laxantes:  São substâncias/ medicamentos que aumentam a contração peristáltica e a motilidade do intestino e atuam impedindo a absorção de água, favorecendo a evacuação. Ou seja, ele nada tem a ver com os probióticos, já que estes apenas auxiliam o equilíbrio da flora intestinal, ajudando a regular a frequência de idas ao banheiro (nem muito, nem pouco).

O consumo de café pode provocar diarreia?

Os estudos sugerem que o café possa atuar na contração do músculo liso no intestino delgado aumentando os episódios de evacuações. Mas o cigarro, que às vezes acompanha o café, talvez seja um fator de confusão e o efeito laxante possivelmente esteja mais relacionado ao tabaco.  Além disso, consumo excessivo de café (acima de 6 xícaras por dia) pode desempenhar um efeito contrário, diminuindo o trânsito intestinal.