Por: Matheus Rocha
As imagens de dois blocos clandestinos desfilando pelas ruas do centro do Rio neste sábado (19) mostraram que nem todo folião está disposto a abrir mão do Carnaval de rua, festejo que foi suspenso no começo de janeiro em razão da pandemia.
Para evitar que cenas parecidas se repitam durante o feriado, a Seop (Secretaria Municipal de Ordem Pública) da cidade diz estar usando redes sociais e aplicativos de conversa para monitorar a organização de blocos clandestinos. O foco é atuar na prevenção para que eles nem cheguem às ruas.
Quando conseguem encontrar o evento com antecedência, agentes da Seop ocupam o local em que o bloco está marcado para acontecer antes de os foliões chegarem. "Quando as pessoas se deparam com as nossas equipes, elas não permanecem e a gente consegue inviabilizar esse tipo de evento", diz Brenno Carnevale, secretário de ordem pública.
"A gente faz o mapeamento desses eventos clandestinos por meio das redes sociais e grupos de aplicativo de mensagem. Além disso, a gente tem as equipes de patrulhamento na cidade e as equipes de pronto acionamento no caso de constatação de irregularidades ou denúncias", explica Carnevale. Até agora, foram identificados ao menos 30 blocos que pretendiam sair de forma irregular.
No último domingo, porém, a Prefeitura não conseguiu impedir com antecedência a realização de dois blocos clandestinos. Um dos cortejos, batizado de Não Adianta Ficar Putin, saiu das intermediações do Museu do Amanhã e seguiu até a região do Boulevard Olímpico, na região central da cidade.
Vídeos que circulam em redes sociais mostram centenas de foliões desfilando acompanhados de uma banda de sopro. A maioria não usava máscara. Agentes da guarda municipal foram acionados e dispersaram os blocos.
As autoridades preveem sanções a quem for pego organizando esses blocos irregulares. "Em regra, a gente encaminha as informações [dos organizadores] para as forças policiais, em especial para a Polícia Civil para que ela apure um eventual crime", explica Carnevale, acrescentando que essas pessoas também podem ser multadas.
O Carnaval de rua da cidade do Rio foi cancelado em janeiro pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) após o aumento de casos de Covid-19 na capital, quadro causado pela variante ômicron.
À época, a capital fluminense assistia à disparada no número de casos e de internações, situação que se agravou ao longo do mês de janeiro e amenizou neste mês.
Na tarde desta terça-feira (22), eram 89 pessoas internadas por Covid na rede pública. No pior momento da última onda, o número passou de 700 internações. Na quinta-feira (17), a taxa de positividade para testes de Covid-19 era de 6,8%. No pico da variante ômicron, esse índice chegou a 50%.
A decisão de cancelar o Carnaval de rua foi informada em reunião com representantes de cerca de 450 blocos da cidade, que concordaram com a medida, e depois anunciada em transmissão nas redes sociais. No total, 506 blocos de rua se inscreveram em 2022.
O desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí foi mantido, mas, em vez de acontecer em fevereiro, foi adiado para 21 de abril, data em que se comemora o feriado de Tiradentes. A decisão foi tomada em conjunto com a Prefeitura de São Paulo, que adiou o desfile das escolas para o mesmo dia.