Um folião subiu num veículo blindado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, popularmente chamado de caveirão, durante um bloco de Carnaval clandestino na noite deste domingo (27) na Ilha do Governador, na zona norte da cidade.
Em vídeo que circula nas redes sociais, um dos foliões do bloco -fantasiado com bermuda azul, blusa amarela e meião de futebol– se apoia na lateral do veículo blindado com uma mão, enquanto segura uma latinha com a outra. Na imagens ainda é possível ver que o "caveirão" está parado em frente ao posto da da PM no Morro do Barbante e há uma viatura ao lado.
No Twitter, as imagens renderam piada: "Alguém diz para a galera dessa comunidade que não pode ter bloco de Carnaval! Rs Será que os policiais conseguem botar ordem nesse local? Caveirão virou trio-elétrico! Rs [sic]", publicou um internauta.
A Polícia Militar informou que, assim que o comando do 17º batalhão (Ilha do Governador) soube da movimentação festiva e do ato, enviou uma patrulha até o local, dispersou o público e repreendeu o homem que subiu no "caveirão".
Questionada sobre quantos cortejos desmobilizou até agora, a PM respondeu apenas que "segue atuando, com efetivo padrão e extra, em toda a região metropolitana, à disposição dos órgãos municipais fiscalizadores, para apoiar nas ações de ordenamento urbano".
Apesar de o prefeito Eduardo Paes (PSD) ter proibido os blocos de rua em janeiro, diversos cortejos clandestinos se espalharam pela cidade, principalmente no centro. Diante de uma repressão tímida pela PM e pela Guarda Municipal, os foliões passaram a se sentir mais à vontade.
O clima é de improviso, com músicos que se juntam nas ruas e foliões circulando entre um bloco e outro, seguindo informações nas redes sociais. Sem estrutura de banheiros, esquema especial de limpeza ou cadastramento de ambulantes, os desfiles têm deixado um rastro de lixo e xixi.
A Secretaria Municipal de Ordem Pública e a Guarda Municipal afirmaram que 1.260 agentes realizam a fiscalização diariamente e que dispersaram até agora 11 blocos clandestinos durante o feriado: três no sábado, cinco no domingo e três nesta segunda.
Os órgãos dizem que "atuam na desmobilização desses eventos com diálogo e conscientização, com foco na redução de possíveis danos em situações com multidões e também para evitar o bloqueio de vias". Acrescentam ainda que contam com a conscientização e a colaboração da população.
"Durante as abordagens feitas pelos agentes, os organizadores dos blocos clandestinos não se apresentam formalmente, não sendo possível, até o momento identificação de responsáveis. Após intervenção das equipes, os foliões se dispersam dos locais."
Na prática, porém, o mais comum é que a multidão passe sem que haja intervenção, mesmo sendo observada por policiais e guardas municipais.
Não há previsão de multa para participantes dos blocos clandestinos, disse à Folha de S.Paulo na sexta (26) o secretário Brenno Carnevale (Ordem Pública). No entanto, se organizadores fossem identificados, afirmou, poderiam sofrer multa administrativa de cerca de R$ 1.000.
Publicamente, Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro (PL), candidato à reeleição, ignoram a folia. Eles não se pronunciaram até agora sobre a realização dos desfiles, a despeito da proibição.
Na manhã desta segunda (28), o prefeito publicou uma selfie em sua sala com a legenda: "Bom dia. Esse ano o Rei Momo só assume em abril. Bora trabalhar!".