Na madrugada desta terça-feira (24), a rotina dos moradores da Vila Cruzeiro foi interrompida por uma intensa troca de tiros durante uma ação da Polícia Militar em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal. Ao longo do confronto, a comunidade viveu momentos de terror, com escolas fechadas, trabalhadores sem poder sair de casa e ao menos 25 pessoas mortas.

Com isso, a operação se tornou a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro, perdendo apenas para a ação que deixou 28 pessoas mortas no Jacarezinho, em maio do ano passado.

Uma das vítimas foi Gabrielle Ferreira da Cunha, 41, alvejada dentro de casa na Chatuba, comunidade vizinha à Vila Cruzeiro. A Delegacia de Homicídios da Capital fez perícia na residência para investigar de onde partiu o tiro.

Já nesta quarta-feira (25), a Secretaria Municipal de Saúde confirmou que um menor de idade morreu em razão do confronto. A idade no jovem, porém, ainda não foi divulgada. Segundo a pasta, ele foi encaminhado na terça já sem vida à unidade de pronto-atendimento do Complexo do Alemão e, depois, foi levado ao IML (Instituo Médico-Legal).

Entidades dos direitos humanos criticaram a ação, afirmando que ela se trata de uma chacina. Por outro lado, nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro (PL) parabenizou os policiais.

Já o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, escreveu no Twitter que a ação conjunta "seguiu todos os protocolos estabelecidos pela ADPF 635 [decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitou operações policiais em favelas durante a pandemia] e que o Ministério Público foi devidamente comunicado".

Ainda na terça (24), a operação virou alvo de investigação dos Ministérios Públicos federal e do estado do Rio de Janeiro. O objetivo é apurar eventuais violações de direitos durante a ação na comunidade da zona norte carioca. ​

De acordo com a Polícia Militar, a ação visava prender em flagrante mais de 50 traficantes de vários estados que sairiam em comboio à favela da Rocinha, na zona sul da cidade. O plano, porém, foi frustrado quando uma das equipes à paisana foi descoberta e atacada na entrada da comunidade, por volta das 4h.

A corporação então colocou em prática uma "operação emergencial", seguida de várias horas de confrontos. A troca de tiros acabou subindo pela comunidade, até chegar a uma área de mata que liga a Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão, onde a maioria foi baleada.

QUEM SÃO AS VÍTIMAS, SEGUNDO A PM

1 - Patrick de Andrade da Silva, 22: conhecido como Pulguinha ou PT do Jacaré, nasceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Tinha uma anotação criminal.
2 - Geovane Ribeiro dos Anjos, 27: conhecido como Pinguim ou Do Gelo, tinha 27 anos.
3 - Maycon Douglas Alves Ferreira da Silva, 29: conhecido também como Maiquim, ele tinha quatro anotações criminais. Foi preso em flagrante em 2019 por tráfico e drogas.
4 - Gabrielle Ferreira da Cunha, 41: foi alvejada dentro de casa na Chatuba, comunidade vizinha à Vila Cruzeiro. Será enterrada nesta quarta-feira (25), no cemitério.
5 - Leonardo dos Santos Mendonça, 29
6 - Marcelo da Costa Vieira: Nasceu em Petrópolis e tinha 33 anos.
7 - Sebastião Teixeira dos Santos, 40
8 - André Luiz Filho
9 - Carlos Henrique Pacheco da Silva, 25
10 - Roque de Castro Pinto Junior: veio do Amazonas e estava no Rio de Janeiro.