Traçados propostos pelo governo e pela população
O Governo Estadual, lá em 2015, deu início ao Plano Diretor Metroviário (PDM), que tinha o objetivo de planejar todos os traçados de metrô e de outros transportes de alta capacidade a serem implementados na Região Metropolitana. Em pauta, estavam as expansões das linhas até o Recreio e Jacarepaguá, que, mesmo longe de serem iniciadas, já causavam mobilização na comunidade local.
Enquanto a Secretaria estadual de Transportes prevê a Linha 6 (Alvorada-Fundão) passando nas proximidades da Linha Amarela, contemplando Freguesia e Pechincha, sob o argumento de que o outro lado de Jacarepaguá já é atendido pelo BRT, moradores desejam que a rede abranja todo o bairro.
“Como querem que seja um projeto definitivo, achamos que o trajeto deve atender a mais pontos de Jacarepaguá, como Barro Vermelho, Taquara e Tanque. Chega de BRT, sistema que em breve estará saturado; temos que pedir metrô”, afirmava o coordenador do conselho regional da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio) e diretor da Amaf na época, Jorge da Costa Pinto.
Entretanto, o secretário estadual de transportes, Carlos Osório, afirma sua preferência por um traçado que passe em locais que não são contemplados pelo sistema de BRT.
“A Linha 6 deverá ser próxima ao eixo da Linha Amarela, mas do outro lado da Transcarioca, à direita. O metrô não atenderia à outra parte de Jacarepaguá, que já tem o BRT”, explicava o secretário da época, Carlos Osório.
Segundo o esboço, que leva em conta a ótica habitacional, ou seja, a quantidade populacional próxima, a Linha 6 teria três paradas na região de Jacarepaguá: Geremário Dantas, Gabinal e Pau-Ferro. Depois, a linha seguiria caminho parecido com o da Linha Amarela, até o Cocotá, na Ilha do Governador, que seria a estação final. Para Simone Villas-Boas, do Movimento Metrô Freguesia Mobilidade Urbana, o traçado é certeiro: “A estação Geremário Dantas é primordial, por ser num ponto central; a Gabinal é importantíssima, e atende a comunidades próximas, como Gardênia Azul e Cidade de Deus. Pau Ferro também tem muito movimento e uma grande população ao redor; e a sua estação poderia atender ao Pechincha, além da Freguesia”, comentou ela.
Antes de o metrô chegar à região de Jacarepaguá, ele precisa ir até a Alvorada, na Barra da Tijuca. O primeiro passo da expansão da Linha 4 já foi dado, com a construção de um rabicho na estação Jardim Oceânico, um prolongamento de cerca de 350 metros dos trilhos, que facilitará novas obras.
“A possibilidade de recursos será bem menor depois das Olimpíadas. Já se conversou com Eduardo Paes e Pezão sobre a possibilidade de expansão, principalmente no eixo das Américas, por meio de parceria entre estado e município. Estamos vendo exemplos internacionais, como Hong Kong, cuja linha foi basicamente financiada pela valorização imobiliária do seu entorno. A proposta é estudar mecanismos parecidos com os do Porto Maravilha, via Cepacs, mas não há martelo batido”, explicava o ex-secretário.
HORA DE ESTABELECER PRIORIDADES
A base do PDM é o Plano Diretor de Transporte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDTU), finalizado em 2015 com custo de R$ 5 milhões, financiados pelo Banco Mundial. O valor do PDM é de R$ 4,1 milhões.
“O PDTU é um grande banco de dados. Dividiu a Região Metropolitana em 730 quadrantes. Realizamos pesquisas de campo, para saber como, onde e por que as pessoas se deslocam. Já o PDM vai nos dizer como o modal metrô responde a isso. Todos os traçados possíveis estão sendo analisados. Acredito que será um grande legado, em termos de planejamento, para que haja um projeto real de expansão do metrô, a longo prazo. Deixaremos de pensar em expansões pequenas, como era no passado. É a primeira vez que teremos algo assim desde o projeto original do metrô no Rio, que é de 1968”, celebrava o ex-secretário, Osório.
Os moradores da região festejavam a entrada de Jacarepaguá e Recreio na pauta.
A despeito das restrições orçamentárias, o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, diz que a apresentação dos estudos da expansão do metrô até o Recreio está atrasada. Ele lembra a promessa que o então governador, Luiz Fernando Pezão, fez de mostrar a proposta no fim de 2014.
“Foi um compromisso do Pezão. Precisamos ver o projeto, ou pré-projeto, para opinar. Mas também entendemos que é prioritário finalizar a obra até o Jardim Oceânico”, salienta Dumbrosck.
Se a chegada até o Terminal Alvorada é primordial, o presidente da Câmara Comunitária diz que muitos moradores da região julgam mais útil fazer a Linha 6 do que expandir a 4 até o Recreio:
“Tem gente que acredita ser mais interessante fazer o metrô para Freguesia e Zona Norte, pelo próprio volume de pessoas transportadas. Além disso, há um projeto do Eduardo Paes de fazer o VLT da Alvorada ao Recreio”, conclui Delair.
Onde foi parar o projeto do Metrô Barra para Recreio dos Bandeirantes?
O bairro teve recentemente um boom populacional enorme, mas não houve investimentos em infraestrutura e transporte. O sistema viário se manteve.
E, com o BRT, linhas de ônibus viraram alimentadoras, prejudicando ainda mais o trânsito caótico, pois a pista do BRT, numa falta de planejamento, não ocupou a larga faixa entre as vias e sim ocupou uma das vias, gerando engarrafamentos colossais, e muitos assaltos na região, na hora de pico, uma simples ida do Recreio para Barra que antes era feita em 10 minutos, agora leva-se até mais de 1 hora.
De acordo com Ralph Lichotti, Presidente da Associação Nacional de Defesa ao Usuários de Transportes, "Oito anos se passaram da promessa do início das obras do Metrô, e simplesmente o projeto saiu do radar, e algo tem que ser feito".