O número está prestes a dar um salto com o novo investimento da marca responsável 

 

 

No ano de 2022, os americanos consumiram mais de 1.000 contêineres de picolés fabricados em Curicica. A fábrica da Froneri, joint-venture global que, no Brasil, produz sorvetes de marcas como Fini, Nestlé e Mondelez (Sonho de Valsa, Laka, Lacta e etc.), foi de onde as guloseimas saíram. Foi durante a pandemia que a unidade de Jacarepaguá começou a exportar para os EUA, quando o consumo disparou e foi preciso dar suporte à operação daquele país, vendida pela sócia Nestlé à Froneri em 2021 por US$ 4 bilhões. 

O resultado parece ter sido doce — a companhia acaba de decidir investir R$ 150 milhões para, entre outras coisas, abrir uma linha exclusivamente dedicada à fabricação de picolés para o mercado americano. Essa operação começa a funcionar em agosto na mesma fábrica do Rio, em Curicica, a única da Froneri no país.

Os picolés “Made in Rio” são da marca americana Outshine. Os sabores manga, limão e limão siciliano saem da fábrica de Jacarepaguá. Sempre focada em frutas plantadas no Brasil, a nova linha vai acrescentar mais três sabores à produção.

"Foi crucial nossa capacidade de comprar frutas tropicais localmente e com qualidade, mas também é um atestado à eficiência da operação brasileira. Essa linha vai aumentar em 20% a produção da fábrica, mas temos capacidade para expandir em mais de 50% se houver demanda", afirmou Airton Paliares, diretor-geral da Froneri Brasil.

Além da nova linha para exportação, o investimento de R$ 150 milhões também abrange a abertura de uma nova câmara fria e a expansão da “frota” de freezers espalhados pelo varejo brasileiro, com 10 mil novas unidades.

O objetivo é aproveitar a tração de um mercado que cresce dois dígitos apesar do PIB fraco graças à baixa penetração de sorvetes entre os brasileiros e ao impulso do consumo de indulgência no pós-pandemia.

"No ano passado, fechamos com um crescimento de 18,5% no faturamento, e ganhando “market share”, porque o mercado cresceu 13%. No primeiro trimestre, a gente cresceu 28% sobre o mesmo período do ano passado", acrescenta Paliares.

O executivo atribuiu também o crescimento a uma guinada na estratégia de distribuição de freezers, que são determinantes para as vendas no varejo de proximidade, como em padarias e restaurantes. A Froneri diz ter aumentado em mais de 8 mil unidades sua “frota” no último ano, para o atual número de 43 mil. A Unilever, dona da Kibon e líder de mercado — à frente apenas da Froneri — tem na distribuição sua grande fortaleza: estima-se que ela tenha cerca de o dobro da quantidade da rival.

"A ideia é permitir que os consumidores tenham a possibilidade de encontrar nosso produto com mais facilidade. Ele precisa estar mais disponível", explica.

Nesse tipo de varejo, o forte são os picolés. Paliares diz que nos supermercados e “atacarejos”, onde o formato predominante são os potes, a Froneri é a líder.

Criada em 2016, a Froneri é parte da fusão das operações de sorvete da Nestlé na Europa com a R&R, empresa britânica que pertence ao fundo PAI Partners e já licenciava sorvetes das marcas da Mondelez como Oreo.

Logo depois, foram incluídas no arranjo as operações em Argentina, África do Sul, Austrália e Brasil, onde a Nestlé mantinha a fábrica de Jacarepaguá desde 1997. Mais recentemente, houve a compra do negócio de sorvetes da Nestlé nos EUA, ampliando o total para 20 países em operação.