O engenheiro e ciclista Renato Moura de Araújo Reyes, de 40 anos, morreu atropelado na Estrada do Joá 

 

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou o motorista Cristiano Cristóvão da Silva pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor no exercício de sua profissão contra o engenheiro Renato Moura de Araújo Reyes, de 40 anos. Segundo o promotor Marcos Kac, da 1ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) Territorial da área Zona Sul e Barra da Tijuca, ele estava em velocidade superior à permitida na Estrada do Joá, em São Conrado, quando causou a colisão da lateral esquerda do ônibus com a bicicleta conduzida pela vítima.

Segundo a denúncia, era por volta de 6h do dia 6 de março, quando Cristiano, exercendo sua função como motorista de transporte de passageiros na condução de um ônibus da linha 557 (Rio das Pedras - Copacabana), não observou “seu dever de cuidado, agindo de forma imprudente” e dirigindo em velocidade acima da permitida na via. O documento narra que ele invadiu a via contrária da pista de rolamento e provocou a colisão da bicicleta conduzida por Renato, que morreu no momento do acidente.

“(…) o Laudo de Exame em Local de Acidente de Trânsito constatou que a velocidade limite do trecho onde ocorreu a colisão era de 40 (quarenta) quilômetros por hora, contudo a análise do disco diagrama do tacógrafo indicou movimento de desaceleração a partir de uma velocidade máxima acima de 40 (quarenta) quilômetros por hora, até o repouso total, sendo esta, a última marcação do disco anterior ao acidente”, destacou o promotor.

Marcos Kac pontua que o laudo também demonstra que a colisão entre a bicicleta e o ônibus ocorreu a aproximadamente três metros do passeio da pista de sentido para Barra da Tijuca da Estrada do Joá, ou seja, na pista de sentido contrário ao do coletivo conduzido por Cristiano. “Registre-se que o trecho próximo ao local dos fatos possui sinalização vertical de regulamentação de velocidade de 40 (quarenta) quilômetros por hora no passeio da pista de sentido para São Conrado, (sentido do coletivo)”.

Ao depor na 16ª DP (Barra da Tijuca), o motorista afirmou que Renato Moura pedalava em “velocidade extremamente alta” no momento em que ele realizava uma curva fechada para a esquerda na sua faixa de rolamento. Ele acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, mas o engenheiro não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Ainda em depoimento, Cristiano relata que passava pela altura do número 3.209 da Estrada do Joá, no sentido São Conrado, quando escutou um barulho e sentiu um impacto na lateral esquerda do ônibus. Ele diz ter parado o veículo de imediato e visto o corpo de Renato caído no chão.

De acordo com Vinícius Magalhães, treinador da Equipe Fox - assessoria esportiva da qual Renato participou desde 2017, o engenheiro saiu de Copacabana, em direção à Barra da Tijuca, com um casal de amigos, no fim daquela madrugada. Como a Ciclovia Tim Maia permanecia fechada para manutenção, o grupo seguiu pela Estrada do Joá. Renato deixou uma mulher e dois filhos.

A CET-Rio informou ao Jornal EXTRA, que vem estudando, junto com associações representativas de ciclistas, opções para o uso da Estrada do Joá, “visto que, pelas características da via, como largura das faixas, curvas acentuadas e pouca visibilidade, não apresenta características adequadas para o compartilhamento entre ciclistas e demais veículos, incluindo os ônibus de linhas regulares que trafegam por lá”.

“Está sendo avaliado o reforço da sinalização, mas, como solução definitiva para a ligação São Conrado/Barra da Tijuca, apresentam-se em fase de conclusão as obras de recuperação dos guarda-corpos da ciclovia Tim Maia, que estão sendo substituídos por outros sem valor comercial, pela Secretaria Municipal de Infraestrutura”, disse a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), em nota.