Os criminosos obrigam as vítimas a pedirem Pix para amigos

 

 

Uma onda de sequestros-relâmpagos vem apavorando os moradores de Vargem Pequena. Em troca da liberação, os criminosos forçam as vítimas a transferirem dinheiro de suas contas por Pix e ainda obrigam que eles peçam valores aos amigos também.

Os bandidos têm agido da mesma maneira e se aproveitam dos momentos de vulnerabilidade das possíveis vítimas: quando estão saindo de casa ou entrando no carro, por exemplo. Um empresário foi refém do grupo e contou que ficou sob a mira de uma arma. Os criminosos o obrigaram a gravar mensagens pedindo para que seus contatos enviassem dinheiro, para que ele pudesse ser liberado pela quadrilha.

Em um vídeo, o homem aparece com uma pistola apontada para o rosto.

“Estou sequestrado. Estou machucado já. Veja se tem a possibilidade de colocar um dinheiro na conta. Eles precisam de dinheiro para me liberar”, disse o homem em mensagem enviada para amigos.

O homem ainda foi obrigado a pedir que os contatos mandassem comprovante da transação.

“Quem puder ir me ajudando, manda o comprovante no Whatsapp. Pelo amor de Deus, me ajude aí”, afirmou o homem.

A maioria dos contatos achou que era um golpe e não fez a transferência. A vítima, então, começou a se desesperar.

“É coisa séria, não estou de brincadeira. Depois eu devolvo esse dinheiro para vocês. Vocês me ajudem aí, pelo amor de Deus”, disse o homem sequestrado.

A empresária Elisabete da Costa Maia foi outra vítima do bando. Ela estava chegando na empresa, que fica localizada em Vargem Pequena, quando foi abordada pelos criminosos armados.

“Eu pensei que eles queriam o carro, me afastei do carro. Mas não. Eles me empurraram para dentro do carro: ‘Vai entrando para dentro que eu não quero teu carro’”, contou ela.

Na verdade, os bandidos queriam a senha do telefone celular e dos aplicativos de banco.

“Eles pegaram dinheiro que eu tinha na poupança, pegaram meu limite especial, empréstimo, tudo isso. Foram jogando tudo na minha conta para depois fazer o Pix”, disse Elisabete.

A empresária foi liberada duas horas depois.

Vídeos de câmeras de segurança mostram a abordagem dos criminosos. Em um dos casos, em abril deste ano, os bandidos fecharam o carro da vítima e a levaram como refém.

Sérgio Maia Costa é comerciante e tem um bar no bairro há cinco anos. Ele conta que conhece pelo menos nove casos de crimes semelhantes na vizinhança, e que por conta dos sequestros, o movimento no seu estabelecimento caiu.

“Antes, as pessoas ficavam aqui até tarde. Agora, não. Quando é 21h30, 22h no máximo, vai todo mundo embora com medo de ficar. Até eu, na hora de fechar, eu fico preocupado”, relatou o comerciante.

A jornalista Grace Marinho, que mora em Vargem Pequena há mais de 20 anos, conta que a rotina mudou completamente.

“Muita gente nem trancava a casa, deixava o carro na rua. E a situação hoje mudou bastante. A gente fica monitorando filho, vizinho, amigo, a hora que sai, a hora que chega, avisando”, disse a jornalista.

A Polícia Militar informou que constantemente faz patrulhamento na região.

A Polícia Civil disse que está apurando os fatos e tentando identificar a autoria dos crimes, além de reforçar a importância do registro de todas as ocorrências. A 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), que é responsável pela área, investiga a atuação de uma quadrilha na região.