Projeto prevê remoção de 2,3 milhões de metros cúbicos de lodo e sedimentos do fundo das lagoas
Na terça-feira (18), o Governo do Rio concedeu uma licença ambiental para que o Complexo Lagunar da Barra e de Jacarepaguá, receba enfim as obras de dragagem, onde sedimentos serão retirados do fundo das lagoas. De acordo com a Iguá Saneamento, empresa responsável pelo projeto, existe a previsão de remoção de 2,3 milhões de metros cúbicos de lodo, terra, lixos, além de outros materiais impróprios.
Em evento realizado na manhã de terça-feira, na Ilha da Coroa, na Barra da Tijuca, o governador Cláudio Castro, o vice-governador e secretário estadual de Ambiente e Sustentabilidade Thiago Pampolha, e membros da Iguá, concessionária que ganhou o leilão dos serviços da Cedae na região, assinaram o termo de licença ambiental para obras de dragagem no Complexo Lagunar da Barra e de Jacarepaguá. A obra, uma promessa desde o período olímpico, pode não apenas limpar todo o espelho d'água dos canais, como também fazer com que o transporte lagunar volte a reinar nesta área da Zona Oeste do Rio.
Com previsão para ser iniciado em novembro deste ano, a empresa espera que as intervenções durem cerca de 36 meses para serem concluídas. Segundo a Iguá, as obras, que vão ser realizadas em canais das Lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá, além do Canal do Marapendi e da Joatinga, permitem o restabelecimento do fluxo de água na região e o reequilíbrio do ecossistema.
Durante seu discurso, o governador Cláudio Castro exaltou o papel da sociedade civil neste processo e fez questão de dizer que essa licença não foi apenas um desejo do governo, e sim de toda a população fluminense.
"Impossível realizar algo sem sonho. Quando a gente pensa em servir a sociedade na política, nosso sentimento é de mudar o mundo. Mas o grande homem público precisa ter resiliência e fazer isso não apenas em grandes ações, como também nas pequenas. Essa obra foi ficando para trás, gerando um passivo enorme, impedindo o crescimento da sociedade. Hoje, estamos tirando do papel algo que antes era inimaginado, uma grande oportunidade de fazer diferente. Estamos lançando uma ideia de que limpar também é preservar. Nós precisamos criar uma cultura de um estado limpo. Da nossa parte, nós faremos, mas isso só será resolvido por completo, se conscientizarmos a população", disse Castro.
O governador ressaltou que este é apenas um pontapé inicial para outros grandes projetos: "Hoje, temos a oportunidade de fazer diferente. Governo, empresas e sociedade. Algo muito maior do que esta obra, que é a realidade de uma concessão corajosa. Essa obra vai terminar e esse complexo será lindo, a ponto de ser um ecoparque futuramente. Essa oportunidade é educacional, dos empreendedores da Barra, que precisam lutar para que isso não fique assim de novo, daqui a 40 anos. Estamos revendo a outorga para melhorar e ver essa lagoa 100% limpa", encerrou.
O vice-governador e secretário de Estado de Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, também fez questão de dizer que a população do Rio precisa colaborar para que o projeto esteja em compasso com as obras e tudo fique como está no papel: limpo.
"Este é um momento importante para a história hídrica da Barra, Recreio, Jacarepaguá e Rio como todo. Tivemos dias de luta e muito trabalho para essa licença, a fim de iniciar esse processo de recuperação das Lagoas de Jacarepaguá. Esperamos, em pouco tempo, ter boas notícias, com mais regiões tendo esse processo de dragagem", afirmou Pampolha.
O secretário salientou que já existem outros projetos no complexo lagunar para diminuir a poluição do ecossistema: "Já temos o processo de coleta de lixo flutuante, que recolhe toneladas de resíduos. Conseguimos avançar também nas barreiras flutuantes. Estamos numa longa caminhada, que terá êxito com a sociedade civil engajada e sendo um braço fiscalizatório. A dragagem representa um papel de trocar a água suja da lagoa por uma limpa, do oceano. Com isso, evitamos utilizar o emissário submarino. Nós queremos iniciar um processo de ampliar essa dragagem, pois estamos no limite do caderno de encargos. O governo busca subsídios para isso. Estamos em R$ 250 milhões e a previsão é chegar a R$ 1 bilhão. Vamos fazer o maior processo de recuperação ambiental da flora e da fauna marinha do Rio", finalizou Thiago.
O Diretor de Operações da Iguá, Lucas Arrosti, explicou sobre o processo de revitalização das lagoas da Zona Oeste: “A dragagem colabora diretamente para a revitalização do Complexo Lagunar, que é nossa principal contrapartida ambiental. Investimos também na recuperação da vegetação nativa da região, com a criação de um viveiro de 40 mil mudas de mangue vermelho”, disse o diretor.
A obra utiliza dois tipos de equipamentos para ser feita: as dragas de sucção e as escavadeiras. Com as dragas, os sedimentos são sugados e direcionados para uma linha de recalque, responsável por levar o material por até dois quilômetros. Já a escavadeira é usada em lagoas com maior quantidade de resíduos, que poderiam entupir a tubulação da draga.
A maior parte do material retirado pelas dragas será utilizada para preencher as cavas das lagoas, que hoje contribuem para a produção de gases tóxicos, prejudiciais ao meio ambiente. Dessa forma, será possível diminuir a quantidade de resíduo destinado ao aterro sanitário e evitar a circulação de milhares de caminhões pela cidade.
A concessionária ainda promoverá a expansão da rede de esgotamento sanitário nas áreas irregulares e a implantação dos coletores de tempo seco nos corpos hídricos da região.
No início do mês, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e o Inea concederam à Iguá a assinatura de uma licença ambiental para dar início às obras de implementação do Sistema Coletor de Tempo Seco no Complexo Lagunar de Jacarepaguá. Com investimento de R$ 126 milhões, a intervenção prevê, durante a primeira etapa, a instalação de 26 pontos de captação no Canal das Taxas e no Rio Arroio Fundo, ambos na Zona Oeste da capital fluminense.
O sistema foi projetado para retirar, em média, cerca de 170 litros por segundo de esgoto in natura dos rios e canais da região. A previsão é que a obra, com duração de 18 meses, seja iniciada em setembro.
Revitalização das lagoas
Desde dezembro de 2021, quando deu início à limpeza das margens da Lagoa do Camorim - que resultou em mais de 170 toneladas de resíduos retirados -, a Iguá Saneamento realiza ações de revitalização na região. Um ano depois também foi realizado um plantio de 40 mil mudas de Mangue Vermelho na mesma lagoa.
Em maio foi concluída a primeira fase do projeto de revitalização da Lagoa do Camorim, em Jacarepaguá. Com a presença do biólogo Mario Moscatelli, o plantio resultou na conclusão do primeiro hectare recuperado. “Vivemos um momento histórico do início de um círculo virtuoso de melhorias ambientais, que tornarão o sistema lagunar de maior passivo ao maior ativo ambiental do Rio. Não estamos de brincadeira e nem a passeio”, afirmou o biólogo.
