Lá se vão 25 anos de muitas conquistas em prol dos moradores. Fundada em 1992, a Câmara Comunitária da Barra da Tijuca (CCBT) completou o Jubileu de Prata em junho, com eventos que agitaram um dos bairros que mais cresce no Rio de Janeiro. Morador do condomínio Rio Hotel Residências, que fica na Avenida Lúcio Costa, o presidente da Câmara, Delair Dumbrosck, disse, em conversa com o Jornal da Barra, que a CCBT está pronta para mais 25 anos de muita luta.
Jornal da Barra: Qual o significado desses 25 anos da Câmara Comunitária.
Delair Drumbosck: Não é qualquer instituição que consegue ficar 25 anos ativamente fazendo reuniões quinzenais, discutindo diversos problema. E a Câmara, nesses 25 anos, se misturou com o desenvolvimento da Barra. Então decidimos fazer um grande evento durante o mês de junho inteiro para comemorar o Jubileu de Prata.
Jornal da Barra: O senhor consegue citar as grandes conquistas desses 25 anos de Câmara Comunitária?
Delair: Olha, com essas conquistas todas fomos obrigados a escrever um livro. Um livro de capa dura, muito bem feito, um livro de mesa, que vai contar todas as batalhas da Câmara Comunitária, da população, quer dizer, nós falamos da Câmara, mas falamos de outras instituições também que ajudaram, participaram. Tudo que nós conseguimos fazer para que o governo tanto municipal como estadual virasse os olhos para cá. Seja nas questões da favelização, na luta pelo metrô, pelo emissário submarino. Para ter uma ideia, o Eduardo Paes queria fazer uma estação de BRT no Jardim Oceânico, totalmente diferente da atual, fazendo um tumulto violento. Nós apresentamos o projeto e ele modificou do jeito que sugerimos. Temos dentro da Câmara um atendimento aos dependentes químicos (e familiares de dependentes químicos) em razão das duas campanhas que nós fizemos em prevenção às drogas. Ano passado fizemos duas mil consultas gratuitas para quem vive o drama da droga. Recebemos visitas de escola para saber como funciona a Câmara, como funciona a sociedade, como foi organizada. Então nós temos muita história para contar. Vamos lançar o livro e um vídeo institucional no dia 13, numa grande festa onde vamos homenagear pessoas que colaboraram com o desenvolvimento da Câmara.
Jornal da Barra: Outra parte muito atuante na instituição é a questão do saneamento da região. O que ainda precisa ser feito para melhorar?
Delair: Precisamos dragar as Lagoas, que é a briga que a gente está batendo. Em termos de saneamento da Barra, temos mais de 90% do esgoto interligado indo para o emissário, mas a Lagoa ainda tá em péssimo estado. Ela precisa ser dragada para viabilizar o transporte hidroviário que a gente tanto pede.
Jornal da Barra: O que as Olimpíadas representaram para a Barra da Tijuca?
Delair: A Olimpíada para a Barra e para o Rio representou injeção de recursos do governo federal, não só a prefeitura desenvolveu infraestrutura junto com a iniciativa privada para executar algumas obras, veio também recurso próprio da iniciativa privada. Tivemos o BRT TransOlímpico, que hoje você sai do Riocentro e em 10 minutos está na Avenida Brasil. Ajudou a desafogar a Linha Amarela. A duplicação do Elevado das Bandeiras, o BRT TransCarioca. O BRT TransOeste já estava na cabeça do Eduardo antes. O metrô aconteceu por causa da Olimpíada, se não nem estaria pronto. Muita gente suspeitou que não ficasse pronto. Agora, você não teve a dragagem. Não acredito que tenha sido falta de recursos, foi porque teve briga entre a Procuradoria do Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. Uma briga danada, que quando resolveu veio o problema fiscal do Estado e a justiça arrestou o dinheiro que estava separado para fazer a dragagem. Por isso não aconteceu. A licitação estava feita, a empresa estava contratada, tudo estava certo. Só não saiu por causa de briga entre poderes.
Jornal da Barra: A mobilização comunitária seria diferente e o papel da sociedade civil organizada na região?
Delair: Olha, no nosso livro a gente começa na década de 70 e 80, quando era o regime militar. As organizações começaram a se organizar logo depois que a ditadura caiu. Aqui na Barra nós começamos há mais de 30 anos a ACIBARRA, temos a Barra Alerta, a Câmara Comunitária, O Jardim Oceânico tem organização forte. A Câmara não é uma associação de moradores. A Câmara congrega todas essas organizações. Nós lutamos para que todos entendam que se eles são mais fortes, nós seremos mais fortes também. Hoje você tem a ABM que se transformou de uma associação pequena a uma voz própria. O Parque das Rosas, o Novo Leblon que foi o primeiro a se organizar e ir para a rua brigar. O Recreio tem um grande associação. Hoje a as associações entendem que precisam crescer e não se misturar com a política, que é o nosso lema. Hoje elas têm voz própria, personalidade, discute qualquer assunto com o governo sem comprometimento nenhum. Nós já fomos recebidos pelo Janot, Sarney, discutimos a ampliação do Aeroporto de Jacarepaguá em Brasília. Nossa discussão agora é para todo o Rio de Janeiro.
Jornal da Barra: Tem dois empresários citados aqui: Carlos Carvalho e José Isaac Perez. Qual a importância deles para a Barrada Tijuca?
Delair: Cada um no seu momento. A Barra teve diversos empresários que ajudaram a desenvolver a região. Todo mundo que acreditou na Barra foi importante. Tivemos Ferdinando Magalhães, que é da Santa Isabel. Obviamente o Carlos Carvalho ele se sobressai em função de muita área que ele tinha, além de ser homem de visão. Ele fez o Village São Conrado, o Atlântico Sul, o Rio 2, o Cidade Jardim, Península, que são empreendimentos mega, que só um cara muito audacioso faz. Uma outra ordenação de vida para quem vai morar. Tivemos participação da João Fortes que também fez o Barra Mais e outros empreendimentos. O Perez que fez o Barra Shopping. São pessoas que quando a Barra precisou de determinados investimentos, eles compareceram. Vou te dar um exemplo. Em 1998 a Barra vivia um drama, carro-pipa rodando para suprir a falta de água. Nós dissemos que os outros condomínios que estavam para ser inaugurados não iriam ser abertos ao público. Essas pessoas que me referi sentaram à mesa com a gente e aportaram na época algo próximo de 5 milhões de reais para construir nova adutora, já que a CEDAE não tinha recursos. Ainda no governo de Marcelo Allencar construiu a adutora e foram ressarcidos depois. O estado recebeu um volume de recursos para a obra com custo zero. Essas pessoas construíram escolas. O Perez cuidou durante muitos anos do canteiro central das Américas. Eles viram que tratar bem a Barra faz bem ao negócio deles.