Turma do projeto Academia Editorial Júnior é a responsável por um game que leva o frequentador pra dentro do processo de produção dos livros

 

 

Por Lucas Costa

Você, com certeza, já se perguntou como deve ser o processo editorial de um livro que você tanto gosta. Foi pensando nisso que o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) resolveu criar um espaço onde os frequentadores da Bienal do Livro aprendessem sobre esse assunto enquanto se divertem em uma trilha interativa.

"A maioria da população não sabe como é o processo de produção de um livro, pois as etapas são muito distantes. Nesse jogo, nós nos propomos a apresentar o passo a passo da criação de um livro, desde o início, com a aquisição dos direitos pela editora, a compra da obra, a ilustração, a capa, a revisão, a impressão, até o momento em que o livro chega à livraria. O objetivo do jogo é mostrar o processo de criação da obra de forma gradual, para que as pessoas tenham conhecimento e para tornar a produção editorial mais acessível e democrática", disse Rayssa Marinho, uma das monitoras do game.

No estande, os visitantes são recebidos pela turma da Academia Editorial Júnior, AEJ, que é um projeto do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) que visa capacitar novos talentos para trabalhar no mercado editorial brasileiro. Essa ação tem como objetivo engajar jovens em situação de vulnerabilidade, unindo a questão social a um maior interesse pelo ofício editorial.

Os jovens passaram por um treinamento de cerca de cinco meses, que teve início em maio de 2023 e se concluiu agora em setembro, na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, onde eles lançam o livro "Entre Laços - A História de 7 Vidas Conectadas pela Literatura", no dia 08/09, às 14h, na rua P12 do Pavilhão Verde.

Durante o projeto, os alunos tiveram aulas online e presenciais na sede do SNEL, além de visitas guiadas a editoras, gráficas e livrarias. O objetivo principal é capacitar novos talentos para que eles possam desenvolver atividades profissionais qualificadas para o mercado editorial.

Por conta desse lançamento, o jornalista Lucas Costa esteve presente no estande para conversar com os sete jovens que fizeram parte do projeto. A entrevista você lê a seguir.

Entrevista

JORNAL DA BARRA: Pode falar um pouco sobre o projeto, de onde surgiu a ideia? 

Amanda Isarrá: Bem, o projeto tem sua origem no SNEL, o Sindicato Nacional de Editores de Livros. Ele surgiu como resultado de uma preocupação da diretoria do SNEL em relação ao mercado editorial e à questão de por que não há jovens envolvidos neste mercado. Se eles existem, por que é tão difícil para eles se inserirem? Portanto, o projeto nasceu dessa preocupação em proporcionar oportunidades para jovens ingressarem em um setor que não é tão acessível.

JB: Fábio, como é para você estar inserido nesse projeto atualmente?

Fábio Mordasi: Eu acho o projeto da AEJ algo incrível, de verdade. No entanto, algo que me inquieta, mesmo estando na AEJ, é que a AEJ não é regra, ela é uma exceção. Nesse meio editorial (e assim, eu percebo isso pelo número de pessoas que havia quando fizemos a seleção), várias pessoas ficam de fora porque o pessoal em geral não tem condições de financiar sozinho. Tanto que estamos sendo apoiados por editoras. Portanto, acredito que o que espero que a AEJ transmita é a mensagem de que há muita gente lá fora com vontade e disposição, e que só falta o investimento das próprias editoras nesse público para nos dar oportunidades.

 

Jovens passaram cinco meses se qualificando no mercado editorial. (Foto: Reprodução/Snel)

JB: Nós temos alguns casos de autores que foram descobertos, inclusive fora do eixo Rio-São Paulo, como o Pedro Rhuas, que surgiu através de um concurso literário no qual ele venceu. Você acha importante as editoras investirem em iniciativas desse tipo?

Juliana Osalí: Então, acredito que esses prêmios são importantes porque incentivam a presença de mais leitores e autores, mostrando que suas obras podem ser divulgadas, seja em concursos literários ou através da publicação independente. É uma forma de ser reconhecido por um público mais amplo.

JB: Você já se imaginou fazendo parte de uma obra como essas que vocês estão lançando? 

Nicole Clark: Oportunidades desse tipo não surgem com frequência. Eu estava bastante perdida, desejando ser autora, mas sem saber por onde começar. Quando surgiu a Academia Editorial Júnior com o projeto e o objetivo de publicar o livro, percebi uma chance de me lançar como autora neste mercado e aproveitar todas as oportunidades possíveis.

JB: O que você diria para os novos leitores e escritores que pretendem aproveitar as oportunidades que surgirão nas próximas bienais e no futuro próximo?

Dante César: Eu diria que é um mercado de tentativa e erro. Você vai aprender na prática, na tentativa e nas oportunidades. É um mercado desafiador, mas muito recompensador. Acredite no seu potencial e busque sempre mais. Esteja aberto para aprender coisas novas, pois o mercado está em constante renovação, assim como o mundo. Sempre surgem novas tendências e temas em destaque. Portanto, acredite em si mesmo e esteja atento às oportunidades, pois elas aparecem com mais frequência do que imaginamos.

JB: O que você pode falar sobre o seu texto no livro? 

Thays Sosi: Meu texto foi desenvolvido quando estava no primeiro período da faculdade. Era um conto de suspense que precisei criar para um trabalho acadêmico. Surpreendentemente, a turma e a professora gostaram muito, então decidi guardá-lo em vez de descartá-lo. É um conto breve que aborda um tema muito atual, infelizmente presente em nossa sociedade: a violência doméstica e o feminicídio. Embora não seja baseado em uma história real, minha inspiração veio da triste realidade que vemos nos jornais todos os dias.

JB: Como foi o processo de criação do Entrelaços?

Rayssa Marinho: Bem, o processo teve muitas etapas. Primeiro, pensamos na ideia do livro. Cada um decidiu o que queria escrever, qual era o estilo de escrita que mais se identificava e o gênero literário. Depois, pensamos na arte. Juntamos um pedacinho de cada um, elementos que lembravam cada autor, e conseguimos colocar tudo isso dentro da obra. No processo de revisão e diagramação, participamos ativamente e opinamos bastante para que a obra também tivesse nossa identidade.