Autores LGBTQIA+ se juntam em uma das mesas mais aguardadas da edição

 

 

Por Lucas Costa

A Bienal do Livro Rio 2023 é um sucesso. E não tem como falar de Bienal, sem falar de uma das mesas mais aguardadas pelo público jovem adulto LGBTQIAP+. A mesa Livros & música & festa reúne Pedro Rhuas, Vinícius Grossos e Luca Guadagnini, em um bate-papo mediado pela escritora Clara Alves.

A literatura jovem-adulta está revolucionando o mercado editorial e impulsionando cada vez mais jovens a se apaixonarem pelos livros. Para celebrar esse momento, os amantes do YA (Young Adult ou Jovem Adulto), são convidados para uma verdadeira festa! Ao som das músicas que inspiram as trilhas sonoras de suas obras, os autores convidados compartilham suas paixões literárias e musicais.

A mesa

 

Foto: Reprodução

O escritor Pedro Rhuas entrou na programação oficial da Bienal em 2021 e retorna na edição de 2023. Rhuas, também vai se apresentar como músico, já que, além de autor do best-seller Enquanto Eu Não te Encontro, lançou o álbum Contador de História, que passou dos 500 mil streamings no Spotify. O autor conta que estará presente em todos os dias da feira literária, lançando seu próximo romance, O Mar Me Levou A Você, que chegou às prateleiras no dia 30 de agosto. 

Criado na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte, Ruas propôs com Enquanto Eu Não te Encontro, seu primeiro livro, uma história de amor gay e nordestina, se apropriando da linguagem das comédias românticas para criar seu universo. 

Pedro, poucos dias antes de lançar seu segundo livro, descobriu que cópias estavam sendo vendidas ilegalmente depois de serem contrabandeadas, o que fez com que a editora segurasse o lançamento do livro. O autor comentou sobre esse trágico episódio: “O que aconteceu com as cópias contrabandeadas do meu novo lançamento, ‘O Mar Me Levou a Você’, foi um ataque não apenas à minha obra, mas também uma grave violação aos direitos autorais, à literatura e ao mercado editorial. Como um escritor nordestino LGBTQIAP+ que precisa sempre se desdobrar para conseguir espaço em um mercado tão historicamente avesso a presenças como a minha, chegar a um segundo lançamento e ter algo assim acontecendo com um livro é realmente de partir o coração. Mas todas as providências legais necessárias foram tomadas e agora é simplesmente apoiar e defender essa história que vai acolher o coração de tantos jovens”, disse Pedro chateado, porém otimista.

Assim como seus leitores, que anseiam por representatividade regional, o escritor sentia a distância do eixo Rio-São Paulo como um bloqueio para se ver representado e também para conseguir publicar. A oportunidade surgiu por meio de um concurso literário da Editora Seguinte, que faz parte do grupo Companhia das Letras, o que possibilitou que ele se inserisse apesar da ausência de uma rede de contatos no mercado literário. Rhuas falou sobre a importância de concursos como o Clipop, da Editora Seguinte.

“O mercado editorial ainda é um mercado muito centrado no eixo Rio-São Paulo. Então, concursos literários acabam proporcionando que estruturas em geral de difícil penetração possam ser ocupadas por novas vozes. Isso foi o que aconteceu comigo. Se não fosse pelo concurso literário, o meu caminho de acesso ao mercado editorial teria sido diferente. Portanto, esses concursos são extremamente importantes para oxigenar o mercado editorial tradicional. Proporcionam que pessoas às margens do mercado possam ser reveladas e apoiadas também”, comentou.

Sobre seu novo romance, Pedro disse que essa obra é a que o define como autor: “'O Mar Me Levou a Você' é a história que eu sempre quis escrever. Se há um livro que me define como autor nesse início da minha jornada, é 'O Mar Me Levou a Você'. É uma obra que traz a essência Pedro Rhuas em todos os sentidos. É um livro cheio de alegria, de positividade, que ajuda a construir uma ideia mais esperançosa do Brasil, que acolhe jovens, especialmente a comunidade LGBTQIAP+, que traz relações familiares complexas, temas importantes, e, claro, que romance, paixão, vulnerabilidade e troca de afeto genuína entre os personagens. É o meu livro favorito”, disse Pedro com entusiasmo.

Sobre a mesa do dia 09, Rhuas a definiu como algo super positivo e para cima.

“Festa! Essa mesa é uma celebração da Bienal do Livro, que faz 40 anos, e também é uma celebração dos seus jovens autores simplesmente arrasando e colocando suas músicas favoritas para tocar. E você não pode perder, porque além disso, vou fazer a apresentação de estreia do meu novo single, também chamado 'O Mar Me Levou a Você'. Então, vem para essa mesa que vai ser icônica”, finalizou.

 

Foto: Michelle Keyne

Já Vinícius Grossos, carioca natural de Duque de Caxias, está inserido no mercado editorial desde 2014, quando lançou de forma independente o livro Sereia Negra. Em 2015, já por uma grande editora, Grossos lançou o livro O Garoto Quase Atropelado, que é sucesso não só no Brasil, mas internacionalmente também.

Em 2019, Vinícius esteve na Bienal Rio para lançar seu livro Feitos de Sol, que foi campeão do Prêmio Ecos da Literatura na categoria Melhor Livro Nacional. Agora o autor volta, com seu mais novo lançamento, Uma Canção de Amor e Ódio

Vinícius é um autor, que sempre é citado como referência por outros colegas, quando perguntado em quem eles se inspiram. Pensando nisso, o carioca falou como ele se sente ao ser visto dessa forma.

“Na verdade, eu fico muito emocionado. Quando lancei O Garoto Quase Atropelado em 2015 e 1+1: A Matemática do Amor em 2016, eu não tinha referências nacionais. Eu precisava buscar referências LGBT lá fora, e ainda assim não era com a grande diversidade que temos hoje. Então pra mim é emocionante saber que, de alguma forma, meu trabalho inspirou outros jovens a contarem suas próprias histórias”, revelou Vinícius.

Grossos falou sobre como a literatura LGBT+ tem se tornado cada vez mais um sucesso: “O que consigo enxergar é que a cada ano que passa, a literatura jovem e LGBT+ tem alcançando mais espaço, e se consolidando com o grande sucesso que é. É muito lindo ver que os números de vendas, o sucesso que temos construído em coletividade, tem se refletido em eventos dessa magnitude”, disse o autor. 

Vinícius disse o que os leitores podem esperar da mesa em que irá participar.

“Pra mesa em específico, sinto que será uma celebração! Falaremos de literatura e música, há uma festa programada para logo depois. Tenho certeza que tem tudo pra ser um momento memorável para todos que estiverem presentes”, falou ele empolgado.

Serviço: 

Bienal do Livro Rio 2023

Data: de 01 à 10 de setembro

Horário: de segunda a sexta de 09h às 21h / sábados e domingos de 10h às 22h

Ingressos: R$ 39,00 (Inteira) / R$19,50 (Meia-Entrada)

Endereço: Riocentro - Avenida Salvador Allende, 6555 - Barra da Tijuca