A cinebiografia do ícone do jazz foi lançada, e vem trazendo diversas opiniões sobre a obra

 

 

Por: Lucas Costa

Na última quinta-feira (16 de maio), "Back to Black", dirigido por Sam Taylor-Johnson, estreou nos cinemas brasileiros. O filme, que conta com Marisa Abela no papel principal, promete uma imersão na vida de Amy Winehouse, mas entrega uma narrativa que tem dividido opiniões.

A história se concentra principalmente no tumultuoso relacionamento de Amy com Blake Fielder-Civil, interpretado por Jack O’Connell. O romance, que começa de maneira intensa e apaixonada, logo se revela marcado por dependências emocionais e problemas graves. É evidente que essa relação foi uma grande influência na vida e na obra de Amy, inspirando até mesmo o famoso hit "Back to Black". No entanto, o filme falha ao tratar Amy como a vilã e Blake como uma vítima, retratando-a de forma estereotipada como "louca, desequilibrada e bêbada", uma abordagem que simplifica e distorce a complexidade de sua vida e personalidade. Sendo que ambos tinham suas parcelas de culpa no fracasso dessa relação. 

Um dos principais problemas do filme é a falta de contexto temporal. A ausência de indicações claras sobre os períodos em que os eventos ocorrem pode confundir os espectadores, especialmente aqueles que não estão familiarizados com a cronologia da vida de Amy Winehouse. As músicas poderiam servir como marcos temporais, mas para isso seria necessário um conhecimento prévio que muitos não têm.

Outro ponto fraco é a superficialidade das relações mostradas. A mãe de Amy aparece em apenas duas cenas, e o irmão é mencionado, mas nunca visto. Este enfoque limitado prejudica a compreensão da complexa rede de relacionamentos que influenciou a vida e a carreira da cantora. A decisão de focar quase exclusivamente no relacionamento de Amy e Blake resulta em um retrato unidimensional da artista, que era muito mais do que esse romance destrutivo.

Apesar desses problemas, o filme tem seus méritos. As atuações são impressionantes, especialmente a de Marisa Abela, que consegue capturar a vulnerabilidade e a força de Amy Winehouse. As cenas em que Amy sonha em formar uma família e ser mãe são particularmente tocantes, revelando o lado humano por trás da figura pública. As sequências musicais também são um destaque, levando o espectador a questionar se está ouvindo a verdadeira Amy ou a talentosa interpretação de Abela.

Em resumo, "Back to Black" é um filme que deixa a desejar em termos de profundidade e precisão biográfica. Para os fãs de Amy Winehouse, pode servir como um complemento, embora um tanto insatisfatório, para a compreensão de sua vida. Para aqueles que procuram conhecer a vida completa e fiel da cantora, o filme provavelmente parecerá incompleto e enviesado. O roteiro falho pode ser superado pela qualidade das atuações, mas não sem deixar um gosto amargo de uma oportunidade muito grande perdida.

Nota: 8/10