Apesar de menos da metade da população em geral ter solicitado a ajuda, a maioria fez o pedido
Aproximadamente um terço dos brasileiros que entraram com pedido na Caixa Econômica Federal para receber o auxílio emergencial durante a epidemia do coronavírus ainda não receberam nenhuma das três parcelas de R$ 600 prometidas pelo governo.
Embora menos da metade da população em geral tenha solicitado a ajuda, entre as famílias com renda familiar até dois salários mínimos, a maioria fez o pedido.
Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26 de maio com 2.069 brasileiros, 43% dos entrevistados solicitaram o auxílio. Dos que pediram a ajuda, cerca de 2/3 já foram atendidos com o pagamento de pelo menos uma parcela.
Entre as famílias mais pobres, 60% solicitaram o auxílio. Entre elas, o total dos que já receberam e dos que nao tiveram resposta é semelhante ao do média da população (2/3 e 1/3, respectivamente).
Na população em geral, segundo o Datafolha, 57% não fizeram a solicitação; percentual que cai para 40% entre os que ganham até dois salários mínimos por mês.
Na terça-feira (26) o governo autorizou a liberação de mais R$ 28,7 bilhões para bancar o auxílio emergencial de R$ 600. Com o novo repasse, o custo do programa já alcança R$ 152,6 bilhões.
Segundo os dados oficiais, o auxílio aos afetados pela política de isolamento social foi liberado para quase 60 milhões de pessoas até o momento -número três vezes acima da projeção inicial.
Além de ter sido mais amplamente solicitado pelos brasileiros de menor renda, os índices mais altos de pedidos de auxilio emergencial foram registrados entre os mais jovens (60% pediram), os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste (54%), os trabalhadores informais (71%) e os desempregados (78%).
Os maiores percentuais dos que pediram a ajuda e não receberam foram apurados entre os desempregados (4 em cada 10). Entre os trabalhadores informais, mais de 1/3 não recebeu.
O Datafolha também perguntou aos entrevistados como avaliam a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Dos 33 pontos de avaliação positiva do presidente, 11 provêm de estratos que não votaram nele. Desses 11, a maioria entrou com o pedido de auxílio emergencial.
O índice de ótimo e bom de Bolsonaro é quase o dobro entre os que pediram e já receberam o benefício na comparação com os que ainda não receberam.
Se dependesse só de seus eleitores, Bolsonaro teria hoje apenas 22% de ótimo ou bom. Com a aprovação dos não o elegeram mas solicitaram a ajuda , ele chega a quase 29%. Os dois grupos juntos respondem por mais de 85% de sua avaliação positiva.
Segundo o governo, cerca de 10 milhões de pessoas ainda aguardam resposta sobre o auxílio -e os cadastros para acessar o programa permanecerão abertos até julho.
No Congresso, alguns parlamentares defendem a ampliação do número de parcelas do benefício, mas a ideia não conta com o apoio da equipe econômica.
O ministro Paulo Guedes (Economia) já admite, no entanto, uma extensão por um ou dois meses de apenas R$ 200 por parcela.