A crise da covid-19 provocou severo abalo no mercado financeiro mundial
A crise da covid-19 provocou severo abalo no mercado financeiro mundial. No Brasil, país que oficialmente reconhece a existência de milhões de endividados – sejam pessoas físicas ou jurídicas - a percepção inicial foi a da condenação de uma situação sem retorno. De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, promovida pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o índice de famílias com dívidas atingiu o recorde histórico de 67,1% em junho. A análise acontece desde janeiro de 2010.
De acordo com Ronaldo Gotlib, advogado especializado em ajudar pessoas físicas e jurídicas a superarem o endividamento, a luz no fim do túnel é o questionamento judicial de dívidas realizado por inúmeros brasileiros que antes se viam sem recursos para a solução de problemas.
“Esses indivíduos acrescentam aos já conhecidos argumentos de juros abusivos e cobranças de valores indevidos, a chamada “Teoria da Imprevisão” onde a covid-19 passa a ser caracterizada como agente causador de gigantesco e inesperado prejuízo nos contratos de empréstimos e financiamentos”, afirma o advogado. Ainda de acordo com o profissional, os devedores passam a conseguir conduzir seus problemas por meio de questionamentos judiciais e, consequentemente, alcançando a redução de valores cobrados.
“Como Advogado, nestas três últimas semanas, tive a oportunidade de comemorar com dois de meus clientes acordos que alcançaram excelentes resultados. Tudo no curso, e por força de processos judiciais. No primeiro caso, uma dívida de cartão de crédito, que assumiu o elevado patamar de R$149 mil foi encerrada por R$38 mil e em outra, de empréstimo pessoal, com débito global de R$ 97.389,44 houve a quitação por módicos R$ 4.654,54, representando um êxito de R$ 92.734,90”, exemplifica.
“Meu entendimento é de que os bancos percebem que o melhor caminho é o acordo, uma vez que as pessoas, físicas e jurídicas, se encontram realmente com poucos recursos e a crise não apresenta sinais de que irá terminar”, declara o advogado.
Para quem se assustou com os números de dívidas consideradas altas, o conselho também serve por números mais baixos e comprometimentos financeiros cotidianos, como aluguéis, pagamento de mensalidade de escola, entre outros.
"Quem não conseguiu negociar, suspender ou prorrogar pagamentos, deverá se socorrer junto ao Poder Judiciário. Não há como negar a presença da imprevisibilidade [Teoria da Imprevisão] nas dívidas surgidas neste período. Também é perceptível a sensibilidade dos juízes na análise dessas situações. O que importa aos devedores é não se deixar abater e lutar por seus direitos", conclui o advogado.