Leonardo Vieceli (Folhapress)
O volume de vendas do comércio varejista brasileiro subiu 1,8% em abril, na comparação com março. É a maior alta para o mês desde 2000, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado foi divulgado nesta terça-feira (8).
Com o desempenho, o setor voltou a ficar acima do nível pré-pandemia. Está em patamar 1% superior ao de fevereiro de 2020.
Em relação a abril de 2020, houve alta de 23,8%. No quarto mês do ano passado, o setor havia desabado com os impactos iniciais da pandemia, que provocou fechamento de lojas.
Os números ficaram acima de previsões do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam queda de 1% no volume de vendas ante março, além de crescimento de 18,2% frente a igual período anterior.
Com o desempenho em abril, o comércio varejista acumulou avanço de 3,6% em 12 meses. No acumulado deste ano, o setor registra alta de 4,5%. O crescimento de 1,8% em abril foi acompanhado de taxas positivas em sete das oito atividades pesquisadas. As maiores altas foram registradas por móveis e eletrodomésticos (24,8%), tecidos, vestuário e calçados (13,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (10,2%). A única taxa negativa veio de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%).
Após o impacto inicial da crise sanitária, as vendas apresentaram retomada ao longo do segundo semestre de 2020. Contudo, o avanço da Covid-19 na largada de 2021 e a redução de estímulos à economia geraram perda de fôlego nos negócios.
O auxílio emergencial, por exemplo, só foi retomado em abril, com corte no número de beneficiários e nos valores depositados.
Desemprego e inflação em alta também desafiam o desempenho do varejo. No primeiro trimestre, o número de trabalhadores desocupados alcançou 14,8 milhões, nível recorde, conforme dados divulgados pelo IBGE no último dia 27. Já o controle da inflação é ameaçado pela pressão dos preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica.
Diante desse quadro, o avanço da vacinação contra o coronavírus é considerado fundamental para incentivar setores como o comércio, indicam especialistas. A imunização é vista como mecanismo para reduzir restrições a atividades de empresas e elevar a confiança de consumidores.