Reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Anderson Correia, é um dos cotados para a vaga
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (7) que tem pressa para definir o novo ministro da Educação e reclamou das críticas feitas a nomes cotados por ele para o posto.
Na entrevista em que anunciou que seu exame para o novo coronavírus teve resultado positivo, o presidente disse que conversará com um dos cotados nesta terça.
Segundo a reportagem apurou, no final de semana, Bolsonaro pediu que fosse marcada uma conversa entre ele e o reitor do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), Anderson Correia, que conta com o apoio de militares e evangélicos.
"Eu gostaria de decidir hoje", disse o presidente. "Não posso falar [se há favorito]. O mundo cai na cabeça do favorito. Todo mundo vai para cima dele até o que ele fez quando ele tinha cinco anos".
Após a desistência de Renato Feder, o presidente pretende fazer reuniões virtuais ao longo desta semana com cotados para o cargo.
Bolsonaro disse, em conversas reservadas, que busca um nome com perfil semelhante ao do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello. Ele quer uma pessoa com respaldo técnico, mas que seja aberta a cumprir demandas pessoais do presidente.
"Eu espero hoje ter mais um contato. É um candidato do estado de São Paulo. Talvez seja ele", afirmou Bolsonaro. "Alguns criticam o general Pazuello por ele não ser médico. O [senador José] Serra lá atrás, como economista, foi ministro da Saúde. E ele [Pazuello] tem feito um excelente trabalho", disse.
O presidente afirmou ainda que ele tem avaliado "excelentes currículos", mas que alguns candidatos declinam da função ou pedem um tempo quando são apresentados aos problemas da pasta.
"Ninguém quer chegar lá dando murro em ponta de faca. Mas uma grande realidade que devemos ter em nossas cabeças sobre a questão da educação é que não está dando certo", afirmou.
Bolsonaro disse também que, caso não ache uma alternativa, trabalha como plano B para o posto o nome do líder do governo na Câmara, Major Victor Hugo (PSL-GO).
O presidente sondou o deputado federal no final de semana e se reuniu com ele na segunda-feira (6). Segundo auxiliares palacianos, no entanto, a repercussão de seu nome foi negativa.
"Temos como reserva até o Major Victor Hugo, que é líder do governo na Câmara. É zero um de academia. É confiança em primeiro lugar. Não pode fugir disso aí. É uma pessoa que tem capacidade muito grande de organização", disse.
Bolsonaro afirmou que o Major é "pessoa excepcional", mas que, caso o escolha, será criticado pelo fato de ele ser um militar. De 23 ministros, 11 são militares na equipe do presidente.
Bolsonaro relatou a deputados bolsonaristas que pediu, ainda no final de semana, que assessores palacianos marcassem encontros com pelo menos três pessoas.
Além de Anderson, ele pretende conversar com o reitor da Unoesc (Universidade do Oeste de Santa Catarina), Aristides Cimadon, e com o ex-presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação) Gilberto Garcia.
O currículo dos três já passou por pente-fino realizado pelo Palácio do Planalto. Ainda assim, antes de fazer um anúncio, o presidente pretende testar a repercussão do escolhido junto à opinião pública.
O nome que enfrenta hoje menos resistência no governo é o de Anderson, que conta o apoio tanto da cúpula militar como da bancada evangélica.
Já Aristides Cimadon tem respaldo junto à bancada catarinense e ganhou a simpatia de integrantes do núcleo ideológico. Ele surgiu como uma indicação do senador Jorginho Mello (PL-SC), de quem é próximo, e esteve em Brasília nesta segunda-feira.
O PL é um dos partidos do centrão e já controla cargos no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Bolsonaro se aliou ao grupo como forma de evitar um processo de impeachment.
Apesar de apoiar Anderson, o núcleo militar também tem simpatia pelo nome do professor Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Pessoas envolvidas no processo de escolha relatam que o leque de opções tem sido ampliado a cada dia, às vezes sem conversas prévias com o presidente.
Desde o ano passado, a pasta é alvo de assédio de diferentes alas de influência dentro do governo, e cada grupo insiste em emplacar um indicado que atenda sua agenda.
Preocupações com a governabilidade e estabilidade do governo também têm guiado as discussões sobre a escolha do próximo ministro. A capacidade de liderar a política educacional do país, entretanto, está em segundo plano.
A avaliação de interlocutores do governo no processo é que os episódios recentes evidenciam, além da ausência de um projeto para a educação, uma fraqueza do presidente diante do cenário político. Bolsonaro está inseguro para nomear alguém que desagrade os grupos que ainda o apoiam.