Prefeitura do Rio autorizou o retorno das atividades de forma voluntária
Para abrir as portas nesta segunda-feira (3), algumas escolas particulares do Rio tiveram que se adaptar diante da pandemia do coronavírus. O prefeito, Marcelo Crivella, autorizou o retorno das atividades dos colégios privados, de forma voluntária, para 4º, 5º, 8º e 9º anos (as últimas séries de cada segmento).
No retorno às aulas presenciais, o Jardim Escola Tia Paula, em Madureira, zona norte do Rio, investiu em medidas de higiene. Na entrada, é conferida a temperatura do aluno que deve permanecer de máscara dentro das salas.
Os sapatos e as mochilas também são higienizados. As turmas do 4º e 5º anos, que tem 18 alunos cada, foram separadas para cumprir o distanciamento social. Os estudantes participam de aulas em grupos de seis, para cada duas horas de aulas. A unidade tem 180 alunos do berçário ao 5º ano.
"Os pais estiveram na escola e passaram por todos os procedimentos de segurança que implantamos. Seguimos os protocolos e exigências da Vigilância Sanitária. Todos nossos professores optaram por retornar. Estamos aqui por amor" disse a diretora e proprietária da escola, Paula Elisa Piumato.
Segundo Paula, alguns dos seus alunos tinham dificuldades de acessar a internet para aulas online. Outros, os pais já retornaram ao trabalho e não tinham com quem deixar os filhos:
"Os pais estavam deixando as crianças com um vizinho, tios, avós. Aqui sabem que os filhos estão protegidos e com todas as medidas de segurança disponíveis", avalia a diretora.
Mãe de um menino de 10 anos, aluno da escola Tia Paula, a vendedora Simone Silva, que também já retornou ao trabalho, acredita que o filho aprende mais nas aulas presenciais do que da forma remota.
"Deixei meu filho voltar porque a escola me passou segurança. Fui até lá e vi todos os equipamentos de exigência. Então, me sinto segura", explica Simone.
Diretor pedagógico da Escola Camões Pinocchio, na Freguesia, zona oeste da cidade, Luciano Nogueira, conta que a unidade também se preparou para o retorno. Segundo ele, a escola tem 560 alunos, desde o berçário ao 3º ano do ensino médio, fez um questionário com os pais. Dentro dos anos liberados para volta pela prefeitura, 40 famílias disseram que vão retornar às aulas presenciais.
"A temperatura do aluno é conferida na entrada. Eles precisam trazer kits de máscaras que são trocadas no prazo máximo de três horas. Todas as medidas de higiene estão sendo tomadas", diz o diretor lembrando que, com a adesão de novos alunos ao esquema, a escola fará rodízio dos estudantes em dias alternados.
De acordo com Nogueira, os alunos vão para escola no horário normal que iam antes da pandemia. Os professores, porém, continuam ministrando as aulas das suas próprias casas, com exceção de docentes de algumas disciplinas que quiseram voltar, como de música e de educação física.
"Estamos dando aos pais a possibilidade da escolha. Para aqueles que não se sentem seguros, podem continuar com as aulas gravadas e outras de forma online", ressalta o diretor.
O retorno às aulas na rede particular, porém, não ocorreu de forma unânime nesta segunda-feira (3). Algumas unidades ainda consultam os pais e aguardam uma definição nos próximos dias de como vai ficar a situação na Justiça.
O Ministério Público e a Defensoria Pública do estado entraram com um recurso contra decisão do Plantão Judiciário, que negou pedido de liminar, para suspender os efeitos do decreto do município do Rio que autoriza a reabertura das escolas privadas a partir de 1º de agosto.
Mãe de dois meninos, um de cinco, e outro, de três anos, além de uma bebê de três meses, a dona de casa Natália Aguirre, de 25 anos, espera um retorno para o próximo dia 17, data que a escola de educação infantil pretende já contar com essa permissão. Se houver a permissão do município, Natália decidiu retornar com os filhos à escola na Tijuca, zona norte da cidade.
"Meu marido já retornou ao trabalho. Ele precisa pegar duas conduções, diariamente, um BRT e um ônibus. Ele pega esses transportes lotados. Então, acho que não faz mais sentido eu continuar o isolamento total. Minha saúde emocional está muito abalada, um bebê, duas crianças e a pandemia. Preciso respirar", explicou Natália que acredita na preparação higiênica e sanitária da escola para o retorno dos filhos.
A administradora Mônica Magdaleni, tem uma filha de cinco anos, que estuda no Pré-2, em uma escola particular também na Tijuca. A unidade deverá retornar as atividades presenciais apenas no próximo dia 17. Mônica, no entanto, não vai levar a filha de volta para escola.
"Acho muito arriscado. As crianças de cinco anos não vão ficar de máscara as quatro horas que elas têm que ficar. Tem a hora da merenda que todas elas vão tirar as máscaras para comer. Como vai ser isso Tenho um pouco de receio. Se o brinquedo cair no chão? Eles não vão trocar os brinquedos as merendas? Por mais que a professora explique, eles só tem cinco anos. Minha mãe é do grupo de risco e as crianças podem transmitir para os adultos de risco em casa", explica Mônica.
Por meio de nota, o Sinepe-Rio (Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro) informou que a rede privada de ensino está preparada para a volta às aulas de forma segura e gradual. "Não haverá modelo único para a volta às aulas. Cada instituição terá respeitada a sua autonomia e zelará para trazer segurança a seus alunos, professores e demais colaboradores, adequando-se às normas sanitárias", diz a nota.
Ainda de acordo com o sindicato, cada família deverá decidir o momento em que se sentirá confortável para levar o seu filho de volta as atividades presenciais.
"As escolas seguirão os cuidados necessários, previstos no protocolo básico aprovado pelas autoridades: distanciamento necessário, higienização permanente dos ambientes, regras de entrada e saída, ambientes abertos e arejados, termômetro na porta e tapete de entrada com substância apropriada, uso de máscara, além de subdivisão de turmas".