Reflexão sobre a urgência de promover ambientes educacionais livres de violência e discriminação

 

Por: Lucas Costa & Déborah Gama 

 

No dia 7 de abril, o Brasil volta sua atenção para uma questão que afeta milhões de crianças e adolescentes em todo o país: o bullying escolar e a violência nas instituições de ensino. Esta data, instituída como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, é um importante lembrete da necessidade de se construir ambientes educacionais seguros e acolhedores para todos.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), um percentual superior a 40% dos estudantes adolescentes admitiram ao Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), já ter sofrido a prática de bullying, de provocação e intimidação. Cada vez mais, somos confrontados com casos alarmantes de bullying e violência nas escolas, como o ocorrido com uma estudante negra de apenas 12 anos, vítima de bullying e racismo. Ela foi cruelmente insultada e pisoteada, sendo chamada de macaca dentro da Escola Municipal Hebe de Almeida Leite Cardoso, em Novo Horizonte, interior de São Paulo. Este caso, que ganhou grande repercussão nas redes sociais, resultou em um registro policial por preconceito racial.

Outro caso chocante, embora um pouco mais antigo, ocorreu com uma aluna, também de 12 anos, que foi alvo de ofensas raciais, homofóbicas e de preconceito social em um grupo de alunos na unidade do colégio Eleva, na Barra da Tijuca. Os ataques foram realizados através de um aplicativo de mensagens, onde os agressores a chamaram de “gorda”, “lésbica” e “pobre bolsista”.

 

O bullying pode afetar gravemente a saúde mental de crianças e jovens. (Foto: Shutterstock)

Como lidar com essa problemática no ambiente escolar? Como conscientizar sobre os perigos do bullying para as crianças e adolescentes? Qual a relevância de uma data dedicada a essa causa? Todos esses questionamentos permeiam o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, celebrado em 7 de abril.

 

Histórico e significado 

O Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola foi estabelecido para conscientizar a sociedade sobre os danos causados por comportamentos agressivos e intimidatórios nas escolas. A data também serve como um momento de reflexão sobre as estratégias de prevenção e combate a esse problema.

Instituída em 2016, por meio da Lei nº 13.277, a escolha da data está relacionada à tragédia que ocorreu em 2011, quando um jovem de 24 anos invadiu a Escola Municipal Tasso de Oliveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, e matou 11 crianças.

Conforme definido pela Lei nº 13.185/2015, é considerado bullying “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.

 

O que é bullying escolar?

O bullying é a violência invisível que acontece dentro das escolas, sendo caracterizada por comportamentos agressivos, repetitivos e intencionais. Podem ocorrer de forma verbal, psicológica e física. Esse fenômeno pode ocorrer de várias formas, incluindo insultos, exclusão social, agressões físicas e cyberbullying.

 

Riscos para crianças e adolescentes

Os efeitos do bullying escolar vão muito além do ambiente colegial, podendo ter impactos devastadores na vida das vítimas. Segundo a psicopedagoga Érica Fragoso, os danos causados pelo bullying podem ser devastadores e os primeiros sintomas são o isolamento social, queda no rendimento escolar, queda na autoestima, quadros de depressão, ansiedade, pânico e até outros distúrbios. Em casos extremos, o bullying pode levar ao suicídio.

 

Prevenção e ação

O bullying deve ser abordado de forma preventiva, através de conversas, debates, vídeos e campanhas de conscientização. “É fundamental que a escola não minimize as atitudes de violência no ambiente escolar. Essas situações devem ser tratadas com muita atenção, em prol da saúde física e mental de seus estudantes”, aponta a psicopedagoga.

Pais atentos podem identificar mudanças de comportamentos dos filhos mais rápido. (Foto: Reprodução/Kumon)

Para combater o bullying com eficácia e promover um ambiente escolar seguro, é essencial que alunos, professores, pais e comunidades trabalhem juntos. Algumas medidas importantes incluem:

1. Educação e conscientização: Promover programas educacionais que ensinem empatia, respeito mútuo e habilidades de comunicação saudáveis desde cedo;

2. Intervenção imediata: Estabelecer procedimentos claros para relatar e investigar casos de bullying, garantindo que as vítimas recebam apoio adequado e que os agressores sejam responsabilizado por suas ações;

3. Envolvimento dos pais: Encorajar os pais a participar ativamente da vida escolar dos filhos, estabelecendo canais abertos de comunicação com os professores e apoiando-os no enfrentamento do bullying.

4. Promoção da diversidade e inclusão: Criar um ambiente escolar que celebre a diversidade e respeite as diferenças, combatendo qualquer forma de discriminação e exclusão.

Érica Fragoso atua no Ensino Fundamental I e explica que o diálogo é a chave para toda e qualquer identificação de situações de violência. “Identificada, é obrigação da escola tentar reparar o dano. Percebendo que o aluno está sendo vítima, deve entrar em contato com os responsáveis da Instituição de Ensino, para que tomem as medidas necessárias”, declara.

 

Importância da data

O Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola é uma oportunidade para refletir sobre a importância de promover uma cultura de respeito e tolerância nas escolas. Ao reconhecer e abordar o problema do bullying, podemos ajudar a proteger a saúde emocional e o bem-estar de nossas crianças e adolescentes, construindo um futuro mais justo e compassivo para todos.

Neste dia e todos os dias, vamos nos unir para combater o bullying e criar um ambiente escolar onde todos se sintam seguros, respeitados e valorizados. Afinal, cada criança e adolescente merece a oportunidade de aprender e crescer em um ambiente livre de medo e violência.