Dançarina e ginasta artística usam as habilidades em aulas de pole dance no estúdio Pole Carioca
Por Ive Ribeiro
“Uma vida em modo avião”. Assim uma das alunas da escola Pole Carioca define o sentimento durante as aulas das professoras Chandra Lameu e Bela Lima, já que além de ensinarem a arte do pole dance, ajudam homens e mulheres a melhorarem a autoestima e a relação com o próprio corpo.
- Muda muito a mentalidade da mulher, em se sentir melhor, em olhar no espelho e se aceitar. É muito legal perceber o antes e depois da pessoa – explica a professora Bela, que é ex-atleta de ginástica artística e de surfe e que junto com a amiga e dançarina Chandra, fundou a Pole Carioca em setembro de 2019.
Com o lema “Seja a sua melhor versão”, as amigas e sócias contam que algumas alunas tratam as aulas como uma terapia, além de terem criado um ciclo de amizade dentro do Pole carioca.
- Algumas se conheceram durante as aulas e hoje são amigas e marcam de saírem juntas – comenta Chandra.
Sensualidade
Apesar do crescimento da prática no Rio de Janeiro e em todo o mundo, ainda há uma série de tabus para serem quebrados sobre o pole dance. Preconceitos que, em grande parte, tem origem no desconhecimento de parte da população sobre a atividade como, além de sensual, um esporte e uma arte.
- O pole é uma tendência no mercado, a cada dia está tendo mais visibilidade, mais pessoas interessadas, mais eventos – diz Bela, que cita a cantora Jennifer Lopez, que se apresentou dançando com uma barra de pole dance no show do intervalo do Super Bowl (final da NFL). Ainda segundo Bela, tal apresentação seria impensável há alguns anos, já que o pole dance era visto apenas como um instrumento usado em casas noturnas.
Entretanto, existem diferentes versões do pole dance: pole esporte, pole acrobático e pole exotic, esse sim com um viés mais sensual, com as mulheres usando roupas mais curtas e com saltos altos.
Até para crianças
Prova de que diversos tabus sobre a prática estão sendo quebrados é que no Pole Carioca há uma aula específica para crianças, com aulas personalizadas para estimularem os pequenos a praticarem atividades físicas.
Além disso, as professoras explicam que não existe um biotipo padrão para a prática do pole dance:
- Recebo mensagens de pessoas que se consideram acima do peso e dizem que primeiro vão para uma academia uns dois meses para só depois começar a fazer aula, mas aí temos que fazer o trabalho de desconstruir isso. Não é porque alguém está acima do peso que não vai conseguir fazer os exercícios, talvez tenha dificuldades, mas talvez não – revela Bela, que explica que uma pessoa, mesmo acima do peso, pode ter muita força, ou flexibilidade e até mesmo maior resistência à dor, atributos relevantes no pole dance.
Um bom exemplo de que todos, independente de idade, sexo ou peso, podem fazer a atividade, é a da própria Chandra. Hoje professora e mesmo praticando diversos tipos de dança desde os nove anos, revela que demorou muito a aprender executar os movimentos corretamente, devido a uma hiperidrose (transpiração excessiva) nas mãos.
- Qualquer pessoa que fale que é muito ruim, não tem parâmetro, porque eu fui pior que todas as minhas alunas – brinca Chandra.
Apesar do sucesso, as professoras explicam que ainda há tabus para serem quebrados, principalmente quando o assunto é a prática do pole dance para homens, pois há um pré-julgamento de homens que fazem o pole dance, como se a atividade estivesse relacionada com a orientação sexual. Há sempre o que evoluir.
Serviço
A escola Pole Carioca fica no Condomínio Alfabarra II, na Av. Lúcio Costa, 8.000, na Barra da Tijuca.