Adalberto Leister Filho (Folhapress)
O COJ (Comitê Olímpico Japonês) irá criar uma equipe especial para patrulhar as contas dos atletas japoneses nas redes sociais. A iniciativa visa proteger os competidores contra comentários de ódio durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. O Japão, como sede dos Jogos, deve ter uma delegação de cerca de 580 esportistas, a maior do país em todos os tempos.
Segundo a agência Kyodo News, é a primeira vez que a entidade terá esse tipo de trabalho. A medida visa fazer frente a um problema enfrentado pelos competidores durante o período de preparação e disputa de eventos importantes. Mensagens de ódio na internet se tornaram um grande problema no Japão nos últimos anos.
Em 2020, a lutadora japonesa Hana Kimura, uma das estrelas do reality show "Terrace House", da Netflix, se suicidou aos 22 anos após sofrer cyberbullying. A polícia chegou até um suspeito, que enviou mensagens de ódio para ela.
No início de maio, a nadadora Rikako Ikee, de 20 anos, que superou a leucemia e conquistou vaga para disputar a Olimpíada, revelou que foi alvo de hostilidade nas redes sociais. Ela recebeu mensagens para desistir dos Jogos Olímpicos. "É muito doloroso para um atleta ser atingido por isso", afirmou a nadadora, em sua conta no Twitter.
No Brasil, um dos casos mais famosos aconteceu com a judoca Rafaela Silva, que foi xingada nas redes sociais após ser desclassificada nos Jogos de Londres-2012. Houve inclusive insultos racistas contra a atleta. Quatro anos depois, no Rio, ela conquistou a medalha de ouro.
No Japão, o próprio comitê nacional é alvo de crítica por apoiar a realização dos Jogos em meio à pandemia. Em entrevista coletiva na última segunda-feira (28), o presidente do COJ, o ex-judoca Yasuhiro Yamashita, pediu aos japoneses que apoiem os atletas do país.
Os Jogos Olímpicos foram adiados no ano passado por causa da pandemia do novo coronavírus. Na semana passada, houve protesto em Tóquio contra a realização da Olimpíada. Segundo pesquisa divulgada pela agência Kyodo, 86% dos japoneses estão preocupados com a possibilidade de aumento de casos de Covid-19. Na mesma enquete, 40,3% dos entrevistados pedem que o evento seja realizada sem público. Outros 30,8% pedem o cancelamento dos Jogos.