Por: Igor Siqueira
O balanço de 2021 mostra o resultado para as finanças da Ferj do primeiro ano completo sem contrato com a Globo pelos direitos de transmissão do Carioca. O cenário é de queda significativa de receita, para os padrões da entidade, e um déficit ao fim do ano que ficou em R$ 1,57 milhão.
A receita operacional bruta da Ferj caiu de R$ 22,1 milhões em 2020 (quando teve superávit de R$ 666 mil) para os R$ 13 milhões de 2021. Em 2019, último ano pré-pandemia, a receita da Ferj chegou a bater R$ 31 milhões.
Só nos direitos de transmissão, a entidade arrecadou R$ 7,2 milhões a menos de um ano para outro: saiu dos R$ 9,2 milhões de 2020 e foi para R$ 1,95 milhão em 2021. A Ferj era parte do contrato com a Globo pelo Carioca e tinha direito a 10% do valor total pago anualmente pela emissora.
Com o rompimento na reta final de 2020, gerado por desentendimento em relação à aplicação da Lei do Mandante (à época, uma Medida Provisória), o jeito foi levar o estadual para a Record. No primeiro ano do contrato, a emissora pagou R$ 11 milhões pela competição.
A expectativa é que 2022 tenha resultado melhor, até porque a Record pagou R$ 15 milhões pela edição deste ano. Contabilmente, a Ferj ainda registrou que tem a receber R$ 2 milhões da Globo como uma cota de TV pendente.
A mudança em relação à exposição do Carioca afetou também as receitas com publicidade e patrocínio, que tiveram redução de R$ 2 milhões -indo dos R$ 6 milhões em 2020 e fechando nos R$ 4 milhões de 2021.
A temporada passada foi ainda mais desafiadora para a Ferj porque o público só voltou ao estádio na reta final de 2021. Isso não foi suficiente nem para que o percentual arrecadado com a bilheteria dos jogos dos clubes ao menos empatasse com os R$ 2,5 milhões de 2020 -o balanço traz R$ 1,56 milhão nesse item ano passado.
A única linha de receita do balanço que aumentou em 2021 foi a de taxas de registro, transferência e multas do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). É como se a entidade precisasse recorrer a uma "carga tributária" para amenizar o problema financeiro. Em 2020, a Ferj embolsou R$ 2,81 milhões. Em 2021, R$ 4,1 milhões.
A Ferj recebe 10% da bilheteria dos jogos com mando de clubes do Rio realizados fora do estado e 5% quando as partidas acontecem dentro do seu território.
A entidade teve problemas com fluxo de caixa e atrasou salários de funcionários. Até hoje tem gente que trabalhou para a Ferj e não recebeu o valor devido. Segundo o balanço, a Federação até enxugou gastos: as despesas caíram de R$ 20,2 milhões para R$ 14,2 milhões. Mas isso não foi suficiente para evitar o saldo negativo de R$ 1,5 milhão no ano. Poderia ser pior se não houvesse o repasse da CBF de R$ 1,29 milhão.