Por: Letícia Marques
Dorival Júnior foi anunciado na última sexta (10) e, sem dar qualquer treinamento, já esteve à beira do campo na derrota para o Internacional, no sábado (11). Então dá para dizer que, para fins práticos, sua nova passagem pelo Flamengo começou de fato nesta segunda-feira (13), quando o técnico comandou a primeira atividade no Ninho do Urubu. Nessa sessão inicial, ele contou com o retorno de um personagem importante: Arrascaeta.
O uruguaio estava com a serviço da seleção celeste, tendo ficado fora dos últimos três jogos do Flamengo. A ausência, que em outros tempos não afetava tanto o futebol rubro-negro, teve um efeito diferente nesta sequência: foram três derrotas e somente dois gols marcados. Com ele em campo, o Flamengo fez 25 partidas na temporada, com 14 vitórias, sete empates e quatro reveses.
O retorno do jogador, então, pode ser considerado a primeira boa notícia para o técnico, no entanto, em sua missão de reorganização de um time que entrou no Campeonato Brasileiro pensando em título e hoje ocupa a 15ª posição.
Durante as duas semanas de amistosos em data-Fifa -foram dois jogos nos Estados Unidos e outro em Montevidéu-, o Flamengo monitorou o atleta e manteve diálogo direto com o departamento médico do Uruguai. Não à toa, um planejamento especial foi montado, e o meia atuou por apenas 45 minutos no sábado (11), contra a Jamaica. Na volta ao Ninho do Urubu, não deu sinais de desgaste.
Ainda que, obviamente, importância do jogador na equipe titular não precise de treinamentos para ser provada. Os números mostram que a temporada de 2022 é a melhor do uruguaio desde que ele chegou ao clube em 2019. Até o momento: 25 jogos e 17 participações em gol - sete tentos e dez assistências.
A presença de Arrascaeta traz ao Flamengo mais criatividade e alternativas no setor de criação e este é mais um fator de que Dorival pode tirar proveito. Nesta temporada, com o uruguaio em ação, o Flamengo precisa de 416 toques para marcar gol, com uma média de 7,3 finalizações, segundo dados do SofaScore. Sem o camisa 14, são necessários 533 passes e 8,6 chutes para balançar as redes.
"Arrascaeta é o jogador mais regular em alto nível no Flamengo. Ele faz a diferença quando está em campo. Uma jogada individual dele muda o ânimo do time. O Arrascaeta gera possibilidade, tem passe bom, tem visão de jogo, finaliza bem, tem o tempo certo de entrar na área", afirmou o colunista e analista do UOL Esporte Rodrigo Coutinho.
Nas mãos de Dorival, na avaliação de Coutinho, a chegada do uruguaio pode fazer Dorival mudar o desenho do meio-campo flamenguista em relação ao jogo contra o Inter.
"Na estreia, o Dorival utilizou um 4-3-3, com o Arão mais recuado e o Thiago Maia e Andreas como meias. Foi uma necessidade por estar sem o Arrascaeta. Com o Arrascaeta, a gente tem que ver se o Dorival vai manter este desenho no meio-campo. Ele pode jogar com um volante mais recuado e dois meias, ou colocar dois jogadores recuados e o Arrascaeta mais à frente deles, como ele jogou na maioria das vezes", disse.
"Acredito que o Dorival vai utilizar essa segunda hipóteses, principalmente porque o Flamengo não tem muitos meias à disposição. O Arrascaeta pode aparecer como um dos meias, pelo lado esquerdo ou como o único meia, central. Jogando pela esquerda, ele oferece mais qualidade perto da área e uma troca muito grande com o Bruno Henrique, eles são entrosados e acredito que o Dorival vai utilizar isso", completou Rodrigo Coutinho.