Um pedaço de Portugal na Barra da Tijuca. É assim que o próprio clube se identifica neste mês tão significativo para a história da instituição, que comemora meio século de vida
Por Ive Ribeiro
Um pedaço de Portugal na Barra da Tijuca. É assim que o próprio clube se identifica neste mês tão significativo para a história da instituição, que comemora meio século de vida. A data tão importante mereceu um calendário com uma série de celebrações, que se alongam por todo o mês de junho. Para documentar o marco, a casa lançou um livro de 96 páginas que conta toda a jornada do Arouca Barra Clube desde seus primórdios, iniciados na década de 60.
“Muito me orgulha o fato de na celebração dos 50 anos desta casa, ver que os requisitos principais para presidi-la continuam sendo a conduta responsável e ilibada do pretendente ao cargo e o seu comprovado amor pela pequena Vila de Arouca, terra que a todos encanta pela sua bela história e marcantes tradições.” Essas são as palavras do presidente Fernando Martins Soares, que é português, nascido em Oliveira de Azeméis.
O clube, que fica dentro do condomínio Jardim Barra da Tijuca (Avenida das Américas, 2300), é famoso pelo seu tradicional almoço com especiarias da cozinha portuguesa, servido às quintas feiras para sócios e convidados. A estrutura conta com um campo de futebol, ginásio poliesportivo, lugar para a realização de churrascos, espaço de brinquedos infantis, piscina e um salão nobre para comemorações de grande porte, onde foi celebrado nos dias 10 e 11 de junho uma festa em homenagem ao de Jubileu de Ouro da instituição.
Livro comemorativo do Arouca faz uma verdadeira viagem no tempo
O livro começa narrando a caminhada e todo o legado do povo de Arouca, distrito de Aveiro, em Portugal. Com riqueza de detalhes, o material se aprofunda na história de Arouca, passando da parte de surgimento da cidade, a tradição gastronômica e as belezas naturais do lugar, como o Geoparque de Arouca, protegido pela Unesco. Da cidade europeia, a narrativa viaja aos territórios tupiniquins, contando toda a trajetória até a fundação do clube em 1967.
Os tempos mais recentes não poderiam ficar de fora e também foram documentados. As atrações mais destacadas do clube nos dias de hoje são apresentadas com fotografias, que descrevem seu funcionamento. Também há registros de diretores e personalidades, missas, danças e folclores da cultura arouquense.
Origem no Rio Cumprido e a missão de cultivar as tradições arouquenses
Na década de 60, descendentes de Arouca que moravam no Rio de Janeiro tinham a tradição de se reunirem para almoços e jantares como forma de confraternização. Os encontros aconteciam sempre no dia 7 de setembro, data que, em Portugal, se comemora o dia de Nossa Senhora da Mó. Finalmente, em 1967, a ideia de um local fixo para a celebração ganhou corpo. No dia 10 de junho daquele ano, o grupo pode se reunir numa casa que ficava na Rua Barão de Itapagipe, no Rio Cumprido. Era proclamada a Casa Arouca.
Neste início a instituição contava com 13 membros, chamados de “grupo dos 13”, tendo a primeira sede oficial na Rua Uruguai, no Uruguai Tênis Clube. O primeiro presidente do conselho diretor foi Alberto José de Oliveira e os primeiros trabalhos eram iniciados. O quadro social do clube aumentou e o Grupo Folclórico da Casa Arouca foi criado.
A tradição e cultura arouquense, preservadas pela então Casa Arouca, já chamava a atenção do público. Em junho de 1968, o grupo folclórico se apresentou para mais de cinco mil pessoas. Personalidades de Portugal e do Brasil começavam a prestigiar a instituição, o que é descrito com muito orgulho pelos relatos do atual Arouca Barra Clube.
Em janeiro de 1969, o clube registra uma mudança de sede para a Rua Alzira Brandão. Os arouquenses continuavam a missão de preservação histórica pelas redondezas do bairro da Tijuca. Entretanto, o elevado número de sócios provocou uma nova mudança, dessa vez para um espaço maior. Em 1972, o então presidente Afonso de Moura Brandão comprou a sede na Barra da Tijuca, local que o clube está até hoje.
Ainda com obras em andamento e com uma aparência bem diferente da atual, a nova sede chegou a receber alguns eventos, mas a inauguração só foi oficialmente concluída no dia 26 de setembro de 1976. Para marcar o novo local, nascida na Tijuca, a antiga Casa Arouca também mudou de nome, transformando-se em Arouca Barra Clube, como é conhecido até os dias de hoje.
Em meio a tanta felicidade em mais um passo dado, veio também o episódio mais triste. Passados 17 dias da inauguração da nova sede na Barra da Tijuca, o então presidente e principal responsável pela mudança do clube para um local maior, Afonso de Moura Brandão, faleceu em um acidente automobilístico.
“O mais importante é que as suas obras, suas realizações e demonstrações de amor ao nosso Clube, estão registrados em placas de bronze na nossa sede e na memória de todos aqueles que vivem o dia a dia da nossa instituição. Sendo assim, parece-nos ser inteligente homenagear a todos, através da figura do senhor Afonso de Moura Brandão que morreu na luta por um ideal. A sede da Barra da Tijuca é hoje o grande monumento que representa a luta incansável de todos aqueles que compartilharam deste sonho”. Assim conta a página 37 do livro escrito para homenagear todos os responsáveis para que o clube chegasse aos tão sonhados 50 anos.