Assessoras da Câmara Comunitária do Recreio e Vargens clamam por educação e batem forte na questão ambiental, que atinge diretamente a saúde dos moradores da região
Liane Pinheiro – Departamento de Educação
Na nossa área é bastante complicado a gente conseguir os nossos pleitos. Todos sabemos que o governo está sem recursos, mas o maior pleito é para conseguirmos uma escola de ensino médio, que o Recreio não tem. Não adianta ter ensino fundamental e depois vamos fazer o que com esses alunos? Na Barra tem, em Jacarepaguá tem e Recreio e Vargens não tem. É um assunto prioritário no meu entender, porque a gente precisa de educação para que a política e a cidadania possam se desenvolver.
Além disso, penso no aproveitamento de jovens para que eles possam aprender o que é cidadania, que eles participem de projetos para que eles comecem a exercer a cidadania deles desde cedo. Hoje, a gente tem uma população imensa, mas não tem representação na sociedade.
Ana de Eggert - Departamento de Meio Ambiente
Eu sou moradora de Vargem Grande, sou arquiteta e ambientalista e participo da AMAVag também. O PEU (Plano de Estruturação Urbana) das Vargens, que tem esse nome, mas atinge boa parte do Recreio, é um assunto muito polêmico, porque tem pessoas que são totalmente contra e outras totalmente a favor. O tema já está em debate, já tiveram seis audiências públicas que a Câmara Municipal promoveu para explicar esse projeto e a Câmara Comunitária do Recreio e Vargens está participando diretamente disso.
É um tema complexo porque os moradores de comunidade têm receio de serem removidos e o PEU não diz para aonde essas pessoas vão. Tem vários pontos que são meio obscuros, mas o lado bom é que ele vai dar um planejamento e ordenamento a uma região que tem muitas áreas vazias para serem ocupadas. Todas as cidades do Brasil tem essa dificuldade, elas crescem de uma forma completamente desordenada e depois para organizar é complicado. O problema dessa região que o PEU pega é a fragilidade ambiental da região. Não é atoa que tem esse nome de vargem, pelas grandes cheias quando chove. Então, isso é uma coisa que está sendo visto no projeto, mas é complicado porque é um investimento muito alto.
Nós estamos participando de todas as reuniões e fomos ao escritório do arquiteto responsável pelo projeto para entender. Uma das nossas reivindicações é que a população não foi escutada e é isso que estamos tentando chegar a um consenso. Como mudou a prefeitura, isso ainda está parado na Câmara Municipal para ser votado. Por isso, a região das vargens está parada. Há dois anos que está proibido de construir qualquer coisa nas Vargens. As pessoas não conseguem vender imóveis, está tudo engessado.
Cátia Queiroz – Departamento Social
Nós organizamos duas manifestações aqui no Recreio pela despoluição do Canal das Taxas, que era um rio com peixes e que servia para as pessoas nadarem nele, mas o esgoto lançado no canal destruiu tudo. Então, o governador Pezão quando assumiu o governo assumiu o compromisso de despoluir o Canal das Taxas e isso não foi feito. Nós aqui do Recreio estamos respirando um ar totalmente cancerígeno com os gases do esgoto desse canal. Eu não entendo como é que pode, no caso do Parque Marapendi, que passa esgoto ao céu aberto. Como que o esgoto pode passar ali? Como o esgoto pode passar no meio de um bairro como o Recreio dos Bandeirantes e ninguém fazer nada? Então, essa briga vem de muito tempo. As pessoas não ‘sacam’ que isso ai é saúde. Mosquito e várias pragas de hoje em dia vem de ali. O Parque Chico Mendes está coberto de gigogas, que são criadoras de mosquitos que só atentam contra a nossa saúde. E todo o esgoto lançado no Canal das Taxas vai para a Lagoa de Marapendi. Enquanto estiverem poluindo o Canal das Taxas a Lagoa de Marapendi vai receber todo esse esgoto.
Outro ponto é que tem que fazer o saneamento do Terreirão, enquanto não fizerem isso, nada vai adiantar. Vai ser como tampar o sol com a peneira. Porque as pessoas não tem saneamento básico no Terreirão. As crianças brincam no esgoto, recolhem agua no esgoto. Então, a prefeitura tem que olhar com mais carinho para essas regiões carentes. Porque não adianta nada despoluir se os ribeirinhos continuam perto do esgoto. Em pleno século XXI a gente tem esgoto a céu aberto, porque o Canal das Taxas é um esgoto a céu aberto enorme.
Por Ive Ribeiro