Os moradores do Rio de Janeiro com mais de 80 anos já podem receber a segunda dose de reforço da vacina contra a Covid-19. A aplicação da chamada quarta dose começou nesta quinta-feira (24) em todas as unidades básicas de saúde. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, o grupo acima de 80 anos foi considerado pelo Ministério da Saúde como imunossuprimido, e, por isso, foi incluído na vacinação extra. As informações são da Agência Brasil.
"O Ministério da Saúde considera que os idosos acima de 80 anos têm dificuldade de produção de anticorpos, está considerando no grupo de imunossuprimidos e recomenda que todos façam a quarta dose da vacina para Covid-19. É a segunda dose de reforço. Ela é bastante importante porque mantém o nível de imunidade bastante alto, como acontece após a terceira dose", explicou.
Acrescentou que a cidade do Rio tem estoques o suficiente das vacinas AstraZeneca e Jansen para essa aplicação extra e aguarda um carregamento da Pfizer. O idoso pode escolher qual vacina irá tomar dentre as disponíveis na unidade de saúde. A recomendação é aguardar quatro meses entre a primeira e a segunda dose de reforço.
A primeira idosa a tomar a quarta dose na manhã de hoje (24), no posto de vacinação do Planetário, na Gávea, zona sul do Rio, foi Laila Simão, de 85 anos. Ela disse que teve Covid-19 em 2020 e agora está aliviada com a vacina reforçada.
"Estou aliviada porque eu tive a doença e sei o que é. Fui uma das primeiras também, foi horrível, horrível. Não fiquei com medo porque não tinha ainda essas informações que há hoje. Eu não tenho medo de morrer, eu tenho medo de sofrer. Tenho seis netos, quatro bisnetos, tenho que proteger todo mundo. Se tiver consciência, se vacine", aconselhou Laila.
O secretário Daniel Soranz explicou que ainda faltam 670 mil pessoas na cidade voltarem aos postos para tomar a dose de reforço, o que corresponde a mais de 40% das pessoas em atraso no calendário vacinal.
"Hoje, no Rio, a nossa maior preocupação são as pessoas que não fizeram nenhuma dose de reforço, é uma parcela importante, são 670 mil pessoas que já poderiam voltar a fazer a dose de reforço e não voltaram. A gente está chegando em 60% da população carioca com a dose de reforço, mas mesmo assim ainda falta bastante gente e a recomendação é que as pessoas tomem a dose de reforço".
Para ele, o passaporte de vacinação só deixará de ser cobrado nos estabelecimentos quanto for atingida a meta de 70% da população com a dose de reforço.
"O grande objetivo desse passaporte é estimular que as pessoas façam o reforço. Hoje, a gente tem um nível de imunidade muito alto na cidade do Rio de Janeiro, um panorama epidemiológico muito favorável com o número de casos em queda, poucas internações por Covid-19, e é cada vez mais raro você encontrar um paciente com Covid-19 se agravando, mas isso não dura para sempre. Então, é muito importante que as pessoas voltem para tomar a dose de reforço", afirmou.
No dia 4 de abril, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) iniciará a campanha de vacinação anual contra a gripe. Na primeira semana, entre 4 e 9 de abril, serão imunizados idosos com 80 anos ou mais e profissionais de saúde; na segunda semana será a vez da faixa a partir de 70 anos e assim por diante, até completar os grupos prioritários. Os idosos poderão tomar a vacina contra a gripe Influenza e a quarta dose da Covid-19 no mesmo dia.
Segundo Soranz, o Rio de Janeiro pretende alcançar toda a população com a vacina da gripe, após os grupos prioritários que incluem as crianças de seis meses a cinco anos de idade, gestantes e puérperas, bem como trabalhadores da educação, transporte, segurança, caminhoneiros, portuários, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e com comorbidades.
"A nossa solicitação para o Ministério da Saúde é que amplie a vacinação da gripe para todas as pessoas, não somente os grupos prioritários. A gripe fez muitos casos no Rio no fim do ano passado. A gente tem um novo inverno chegando, outono já é uma estação que naturalmente tem aumento de casos de gripe. Então, é muito importante que o ministério se sensibilize da necessidade de vacinar toda a população", explicou o secretário.
Sobre o Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose, celebrado hoje, Soranz disse que, desde o ano passado, o Rio de Janeiro aumentou a capacidade de diagnóstico, disponível em todas as unidades básicas de saúde. A cidade registra cerca de sete mil novos casos de tuberculose todos os anos.
"É uma doença que preocupa muito, é uma doença que tem cura. A gente quer aumentar a nossa capacidade de diagnosticar reforçando as equipes de saúde da família e várias campanhas estimulam que as pessoas que tenham mais de três semanas de tosse consecutiva devem procurar uma unidade de saúde para verificar se essa tosse é tuberculose ou não", detalhou.
Soranz destacou, a seguir, que é fundamental que os pacientes façam os seis meses de tratamento com rigor, já que cerca de 15% das pessoas não finalizam o ciclo.
"Às vezes os sintomas desaparecem, a pessoa fica bem, mas se ela não levar o tratamento até o fim, a chance de a doença voltar com resistência aos antibióticos utilizados é muito grande. Então, hoje é um dia para a gente lembrar a descoberta do Bacilo de Koch [causador da tuberculose], mas é um dia também para intensificar todas as ações em busca de possíveis pacientes que possam ter tuberculose e não sabem, e também garantir que quem tem o tratamento iniciado complete esse tratamento até o fim dos seis meses, porque é o mais importante para garantir a proteção de todos", detalhou.