Concurso especial da Mega-Sena promete R$ 300 milhões neste ano. Especialista dá dicas sobre como usar o valor do prêmio para realizar sonhos, sem deixar de ser milionário
Pagar as dívidas, guardar dinheiro, viajar, trocar de carro e comprar um imóvel são desejos populares nas resoluções de fim de ano. E para encurtar o caminho para realizar os sonhos, vale até fazer aquela aposta na Mega da Virada. Neste ano, o concurso especial da Mega-Sena promete um prêmio de R$ 300 milhões. O valor não é cumulativo, o que significa que se ninguém acertar os seis números, é dividido entre os que fizerem a quina e assim por diante.
Segundo a própria Caixa Econômica Federal (CEF), o dinheiro é suficiente para comprar 42 iates no valor de R$ 7 milhões, cada. Com certeza muita gente já se imaginou ficando milionário no último dia do ano, mas não comprando tantas embarcações. A pergunta que fica é: você saberia o que fazer com tanto dinheiro se, de fato, fosse o ganhador? Será possível investir na realização dos sonhos sem comprometer os planos de aposentadoria antecipada? E viver apenas dos rendimentos dessa aplicação? O agente autônomo de investimento da VCorp Capital, Marcelo Estrela, dá algumas dicas sobre o assunto. Confira:
Gastos pontuais e recorrentes
Marcelo considera extremamente saudável separar um recurso para viajar, tirar um ano sabático, enfim, qualquer tipo de gasto que seja pontual. Por outro lado, ele faz um alerta para os gastos recorrentes, como planos de telefonia e de celular, aluguel, entre outros que valem a pena ser evitados. “Quando você muda o seu padrão de vida, você aumenta esses gastos recorrentes e precisa ficar muito atento sobre como é sua composição de renda frente a esse tipo de gasto. É preciso analisar o retorno dos seus investimentos frente ao que você vai estar gastando”, explica.
Guardar na poupança
Conforme noticiado pela CEF, caso apenas um ganhador leve o prêmio da Mega da Virada e aplique todo o valor na poupança, receberá mais de R$ 347 mil em rendimentos mensais. Contudo, Marcelo adverte que esta não é a melhor opção, porque a poupança perde da inflação, o que afeta diretamente no poder de compra. Ele exemplifica. “Imagina que você paga R$ 1 mil de aluguel e, então, gasta no ano R$ 12 mil. Mas você começou o ano com R$ 24 mil e falou para o dono do seu imóvel que já quer pagar os R$ 12 mil antecipados, pegou o restante e guardou na poupança. E pensou em fazer a mesma coisa no ano que vem. Só que esses R$ 12 mil renderam na poupança, por um ano, 1,4% - praticamente nada. E o aluguel, pelo reajuste do IGPM, cresceu quase 25%, ou seja, os R$ 12 mil de despesa que você teria, aumentaram para R$ 15 mil. Então, você perdeu o poder de compra no ano subsequente”, explica. Segundo o especialista, se alguém seguir fazendo isso de forma recorrente, pode perder totalmente o seu poder de compra. Para ele, “a poupança já não é válida mais nem para as aplicações de um mês”. .
Viver de renda
Investimentos com ganhos acima da inflação e consumo inferior a esses ganhos. Este é o exercício para se viver de renda, segundo o especialista. “Imagina que você tem R$ 1 milhão e está rendendo 3% acima da inflação, que seriam R$ 30 mil por ano. Então, a pessoa que tem um milhão e gasta menos do que esses R$ 30 mil por ano, terá uma renda perpétua. O cálculo é exatamente o de consumir menos do que os ganhos acima da inflação ou pelo menos iguais”, ressalta.
Pagar dívidas
Marcelo considera que vale a pena sim quitar todas as dívidas, com uma ressalva: as contraídas em instituições financeiras que fazem financiamentos imobiliários com taxas atreladas à poupança. “Talvez essas seriam dívidas boas de se carregar, de eventualmente você conseguir mais retorno no investimento do que quitando o financiamento, mas via de regra, 99% das dívidas têm que ser liquidadas”, instrui.
Comprar um imóvel
No caso da compra de imóveis, o especialista adverte que é preciso ter em mente os custos de aquisição, como impostos e taxa de corretagem. “É por este motivo que os retornos dos investimentos deste tipo, chamados ilíquidos, precisam ser maiores. Se colocarmos na ponta do lápis o que se paga de imposto e de corretor, é razoável. Além disso, há o custo de manutenção desses ativos também, então pagar esses impostos anualmente também precisa ser levado em consideração”. Para ele, o ideal é ter um balanceamento em agronegócio, imobiliário e liquidez. “A possibilidade de venda desses imóveis é sempre positiva, obviamente a médio e longo prazo. A única ponderação que a gente faz é para que balanceie sua carteira de investimentos. É muito comum vermos pessoas que têm uma concentração no patrimônio imobiliário e se eventualmente eles precisarem de dinheiro rápido vão ter que vender muito abaixo do preço esperado”, justifica.
Investimentos
Em relação ao melhor investimento, Marcelo é categórico. “Sem dúvida nenhuma é um portfólio equilibrado e de acordo com os objetivos de cada pessoa. Não existe o melhor, existe sim um bom balanceamento de investimentos que é destinado a cada pessoa”, destaca. Ele esclarece, ainda, que o que difere o investidor conservador do moderado para o mais arrojado são apenas os percentuais que cada um vai ter nos respectivos investimentos e recomenda ao ganhador que procure um planejador financeiro para ter uma melhor orientação de como proceder, a partir do cenário atual e do seu perfil, realidade e objetivos.