Cedae informou que tomou medidas necessárias para reverter problema
Moradores de diversos bairros do Rio de Janeiro voltaram a relatar que sentiram alteração do gosto e do cheiro da água distribuída pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), estatal vinculada ao governo estadual.
Situação similar já havia ocorrido no início do ano passado, quando mudanças nas características da água foram atribuídas na época à proliferação de algas e cianobactérias que liberam a substância geosmina. O problema demorou mais de um mês para ser solucionado. Posteriormente, análises realizadas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontaram que as alterações foram causadas por 2-metilisoborneol (2-MIB), um composto similar à geosmina.
A maioria dos relatos é sobre o cheiro e sabor de terra. O governador em exercício, Cláudio Castro, realizou uma reunião de emergência nesta tarde (21) com técnicos da Cedae para cobrar explicações.
A estatal informou em nota que já tomou medidas para eliminar qualquer alteração de gosto e cheiro da água distribuída.
"No monitoramento de rotina do dia 19/01, os técnicos detectaram alterações na água bruta, próxima à Estação de Tratamento de Água Guandu. Imediatamente, o material foi coletado, enviado para exame laboratorial e, antes do resultado (previsto para sete dias), as medidas começaram a ser aplicadas", registra o texto.
Ainda de acordo com a Cedae, o uso de argila ionicamente modificada foi intensificado. Ela contribui para reduzir o alimento que permite a proliferação das algas e cianobactérias que liberam geosmina e 2-MIB. "Também foi aumentada a dosagem de carvão ativado na estação. Com as medidas, os técnicos já relatam percepção de melhora na água produzida, o que brevemente também será percebido pelo consumidor", acrescenta a estatal.
Segundo a Cedae, se as alterações relatadas forem realmente causadas pelo aumento de geosmina e 2-MIB, não há risco à saúde dos consumidores. No entanto, na mesma análise que identificou o 2-MIB como causador do problema no ano passado, os pesquisadores da UFRJ manifestaram preocupação com a poluição por esgoto doméstico e industrial nas águas que chegam à Estação de Tratamento do Guandu.
O assunto repercutiu nas redes sociais. "Sabia que eu não estava maluca quando senti cheiro de terra na água de novo. Saiu a reportagem agora", escreveu Alice Oliveira. Outra internauta, Isabela Schiavo, lembrou a situação vivida no início de 2020. "Aqui já está com muito gosto de terra! Ano passado estava insuportável, tive que ficar meses comprando água mineral para beber". Por conta do episódio do ano passado, a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do estado (Agenersa) aplicou uma multa de R$ 5,7 milhões na Cedae.