Folhapress
Às vésperas do início da Olimpíada, o número de casos de Covid-19 segue aumentando no Japão e, particularmente, em Tóquio. Para o COI (Comitê Olímpico Internacional), porém, o aumento da chegada de estrangeiros à capital japonesa por conta do evento não afeta o crescimento de infectados. "Esses números não estão aumentando por causa dos Jogos Olímpicos", afirmou Thomas Bach, presidente do COI, em entrevista coletiva.
"O povo japonês vai perceber que fizemos de tudo para minimizar ao máximo os riscos, acatando recomendações de especialistas internacionais. Quando os atletas finalmente competirem, isso será apreciado pelo povo japonês", completou o dirigente.
Bach conversou com os repórteres dois dias após sair da quarentena de 72 horas imposta a todos os visitantes que chegam ao Japão para os Jogos Olímpicos. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, o Japão registrou 3.211 novos infectados pela Covid-19 nesta quarta-feira (14), o que fez com que a média móvel subisse para 2.302 pessoas. Também houve 20 mortes registradas no dia.
Tóquio convive com a alta de casos da doença. Na quarta, houve novos 1.149 casos de Covid-19 na cidade, com média móvel de 823 infectados. Foi a primeira vez, desde maio, que o número de infectados superou mil pessoas em um dia.
Desde o início da pandemia, 14.943 pessoas morreram de Covid-19 no Japão, que registrou um total de 828 mil infectados. A vacinação, por outro lado, tem acelerado. Já estão imunizadas 17,9% da população. Já 29,8% receberam ao menos a primeira dose. Os números são do site Our World In Data e se referem ao último domingo (11). "Podemos ter Jogos seguros. Não ter público nos estádios é o preço a pagar", afirmou Bach, referindo-se à proibição de torcida nas arenas olímpicas.
Inicialmente, apenas os espectadores estrangeiros haviam sido vetados do evento. Com o recrudescimento de casos de Covid-19 no país, houve a opção também de limitar a presença do público japonês.
Bach admitiu ter convivido com incertezas em relação à realização da Olimpíada, originalmente marcada para 2020, mas atrasada em um ano por causa da pandemia do novo coronavírus.
"Nestes 15 meses tivemos dúvidas todos os dias. Não poderíamos saber totalmente o que isso significaria. É muito mais complexo do que pensávamos antes", afirmou.
O dirigente deve viajar nesta sexta-feira (16) a Hiroshima, cidade destruída pela bomba atômica no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Bach quer visitar o monumento às vítimas da tragédia. A viagem, porém, é criticada por ativistas no Japão pelo deslocamento de 800 km entre uma cidade e outra em meio ao crescimento de infectados.
"Essa visita a Hiroshima é um marco para o primeiro dia da resolução da Trégua Olímpica. Será uma mensagem de paz. Não tem nada a ver com política", afirmou o dirigente, referindo-se ao documento colocado em prática pela ONU antes de cada Olimpíada. No mesmo dia, John Coates, vice-presidente do COI, fará viagem a Nagasaki, outra cidade destruída por bombardeio atômico na Segunda Guerra.