Presidente do espaço diz que operações na região estão mais constantes e, por isso, surgiu a necessidade do alerta
Os responsáveis pela ONG Nóiz Projeto Social, que funciona há cinco anos na região conhecida como Caratê, após perceber um aumento nas operações na Cidade de Deus, decidiu fazer um alerta e instalou, no teto do imóvel, um painel para chamar a atenção de atiradores que ficam em helicópteros das polícias Militar e Civil. O local já foi atingido por disparos no teto e na caixa d'água, há cerca de dois anos.
“Nada muito grave, mas aconteceu. A gente vem percebendo a constância da presença dos helicópteros nas operações, voando muito baixo. As pessoas reclamam que as casas estremecem. E é tiro a esmo, né? Porque tem direção, mas na distância que é não tem como ter alvo definido”, disse o presidente da Nóiz, o publicitário André Melo.
O painel, de 8X6 metros, foi feito pelo grafiteiro Leandro Comb, voluntário da ONG, e instalado na quinta-feira (06). Confeccionado em lona, ele traz a mensagem: "Nossos sonhos merecem viver". Nesta segunda-feira (10), mais uma operação da PM aconteceu na Cidade de Deus e, com isso, a ONG precisou suspender as atividades pela manhã.
“A gente vai monitorando para ver se tem como funcionar ou não, tentando medir a periculosidade. E entende caso os pais não queiram mandar os filhos. De qualquer maneira, as pessoas são prejudicadas”, afirmou Melo.
A Nóiz projeto social existe desde 2018. Ela funcionava num barraco na região do brejo e há dois anos se mudou para o Caratê. No local são oferecidos cursos — entre eles de alfabetização e de pré-vestibular —, além de uma biblioteca comunitária e sala de tecnologia. Atualmente a ONG atende 200 pessoas, entre crianças (a partir dos 4 anos) e adultos.
Iniciativa semelhante na Maré
No Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, a ONG Uerê adotou uma estratégia semelhante à da Nóiz. No imóvel foram instaladas placas no teto e na frente com os dizeres os dizeres "Escola. Não atire". No local são atendidas crianças que sofrem traumas por causa da violência.
As placas na Uerê foram instaladas em 2017, após um helicóptero atirar no teto do espaço.