Decisão judicial de setembro de 2022 tinha proibido a demolição
Ortelina Lopes Leal, de 82 anos e moradora de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, teve a casa demolida com todos os móveis dentro. A idosa lutava na Justiça para provar a posse do terreno onde a casa foi construída há mais de 60 anos, e contava com uma decisão judicial a seu favor. Mesmo com a lei ao seu lado, a demolição aconteceu.
A aposentada vivia no local desde 1958, onde criou os sete filhos e netos. Ao lembrar do dia em que recebeu o aviso da demolição do imóvel, conta que ficou em ‘um estado horrível’. “Buzinaram lá no portão. O oficial de justiça falou: ‘Nós estamos aqui com ordem de despejo para a senhora deixar o imóvel'. Eu liguei para os meus filhos pra me socorrer. Passaram em cima de tudo, eu só levei a roupa, mas o resto... nem sei como está a situação”, relata, em entrevista ao G1.
Foto: Reprodução/G1
O filho da idosa, Manoel José Ferreira Neto, morava com a mãe e viu de perto a situação estressante. “Eu fiquei apavorado. Minha mãe tá apavorada, toda noite dorme e chora. Uma pessoa de 82 anos não tinha que passar por isso. Eu acho que isso é um absurdo, a pessoa fazer um troço desse, sem avisar, sem nada”, conta.
A área era alvo de uma disputa judicial, com pedidos de reintegração. Contudo, uma decisão de setembro de 2022, do desembargador Nagib Slaibi Filho, impugna os diversos embargos de terceiros e “concede efeito suspensivo de ações demolitórias”.
O advogado da família confirmou que o juiz suspendeu a demolição. “Eles reintegraram da posse e ao mesmo tempo fizeram a demolição sem poder, porque tinha uma contraordem do desembargador que proibia qualquer demolição dentro do terreno”, disse Bruno Fontenelle.