Em números absolutos, os divórcios consensuais passaram de 4.471 em maio para 5.306 em junho de 2020
O número de divórcios consensuais realizados pelos cartórios de notas do país, durante a quarentena decretada pela pandemia do novo coronavírus, entre os meses de maio e junho deste ano, aumentou 18,7%.
Em números absolutos, os divórcios consensuais passaram de 4.471 em maio para 5.306 em junho de 2020. Houve crescimento em 24 estados brasileiros, especialmente no Amazonas (133%), Piauí (122%), Pernambuco (80%), Maranhão (79%), Acre (71%) Rio de Janeiro (55%) e Bahia (50%). Segundo o levantamento, apenas três unidades federativas não viram crescimento neste período: Amapá, Mato Grosso e Rondônia.
Segundo Dayane Perin, especialista em inteligência emocional e mentora de mulheres, a pandemia pode ter ocasionado uma mudança de postura e até mesmo uma revisão de metas pessoais.
“No primeiro momento ocorreu aquela comoção de susto coletivo. No sentido de não saber lidar com todas as demandas juntas e ao mesmo tempo. As mulheres, principalmente, ficaram mais sobrecarregadas. Porém, no segundo momento elas passaram a se perceber e se entender em suas vidas. O amor nasce da convivência e com a convivência surge o entendimento, acolhimento. Mulheres passaram a nutrir esse sentimento por si mesmas e com isso o susto coletivo foi dando espaço ao amor próprio coletivo. Mulheres passaram a não tolerar o que antes maquiavam com tantas tarefas externas. Com a pandemia o externo entrou em manutenção e o interno passou a ser a única via de comunicação”, explica a especialista.
Para a reprogramadora mental, Ivana Cabral, o fim de um ciclo não precisa ser um conflito, pode ser natural e vai depender dos valores e cultura de cada casal. As redes sociais e a modernidade podem ser influenciadores na hora do término:
“Vivemos uma era onde se romantiza muito os relacionamentos. O sonho de se casar de noiva, a festa maravilhosa, a lua de mel incrível. as redes sociais nos influenciam para isso. Mas na verdade o que fazemos o tempo inteiro é criar expectativas em relação ao outro, o casamento feliz, a paixão duradoura, a família tipo comercial de margarina, mas quando a realidade bate na porta, mostrando que se relacionar é uma renúncia diária de nossas expectativas e necessidades, não suportamos encarar o outro nu em nossa frente. Precisamos fantasiar, e buscar alguém que supra nossas necessidades. Permanecer em um relacionamento com amor é primeiramente decisão, decidir amar mesmo na ausência da paixão, na ausência de saúde, mesmo na ausência do amor romântico”, explica a especialista.
Mas é necessário ter cuidado na hora de tomar a decisão pela separação. Dayane Perin analisa que usar a inteligência emocional e optar pelo diálogo é sempre a melhor solução. Segundo a especialista antes do casal optar por terminar a relação é importante tentar o diálogo:
“O principal, antes de qualquer atitude é primeiro entender como você se sente diante dessa situação. Quais pontos te incomodam? Qual é a sua participação nessa situação? Como você pode fazer a sua parte para que ela amenize e se cure? Muitas vezes casais vão para o diálogo sem suas respostas internas, quando não sabemos como lidar com o que estamos sentindo a maior defesa é o ataque”, orienta a especialista em inteligência emocional.
Mas se a opção for realmente pelo divórcio, a especialista Ivana Cabral sugere o sentimento da “gratidão” para ajudar a superar o término.
“Ao terminar um relacionamento, temos que ter um olhar de gratidão pelo tempo que partilhamos juntos, aprendemos e ensinamos muito em uma relação, a compaixão é necessária para manter um término maduro e sem brigas, pois essa pessoa já fez parte da sua história e foi por algum tempo uma das pessoas mais especiais em sua vida. A amizade é possível se não houver feridas abertas, para alguns casos a distância, nem que seja temporária é necessária, pois não podemos buscar ficar perto de quem nos cortou, para não permanecermos com a mesma ferida. Tudo é muito relativo, quando se tem filhos é preciso manter um relacionamento amigável para o bom desenvolvimento socioemocional, da(s) criança(s)”, explica Ivana Cabral.