Em 1971, o clássico romance "A Fantástica Fábrica de Chocolate" de Roald Dahl deu vida às telonas, marcando o início de uma jornada cinematográfica que agora se expande com a pré-sequência altamente antecipada, "Wonka". Sob a direção do aclamado cineasta Paul King, o filme nos leva de volta ao mundo delicioso e intrigante criado por Dahl, apresentando Timothée Chalamet como o jovem Willy Wonka.

Apesar das estratégias de promoção que não alcançaram seu potencial máximo, King, conhecido por sua excelência na criação de mundos fantasiosos em "As Aventuras de Paddington", mostra ter os elementos necessários para transformar "Wonka" em um clássico instantâneo de final de ano. O filme, embora apresente alguns tropeços previsíveis e recorra a fórmulas já conhecidas, permanece fiel à sua proposta, convidando o público a uma jornada de esperança repleta de homenagens a obras cinematográficas e musicais.

King estabelece o tom desde o início, com referências a "Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet", situando a narrativa em alto-mar, onde o jovem Willy retorna à Europa em busca de seu sonho de se tornar um chocolatier único. Chalamet se destaca como protagonista, entregando uma performance musical sólida que ressoa perfeitamente no contexto do universo conhecido.

A trama se desenrola habilmente quando Wonka descobre estar no centro de uma disputa entre magnatas do chocolate, forçando-o a trabalhar em uma estalagem duvidosa. É lá que ele forma uma amizade com personagens cativantes, como a jovem Noodle, interpretada por Calah Lane. A narrativa intrincada é acompanhada por números musicais envolventes e uma paleta de cores vibrantes, refletindo a intensidade da personalidade de Willy.

 

Foto: Jaap Buittendijk/Warner Bros.

Sinopse: Cheio de ideias e determinado a mudar o mundo, o jovem Wonka embarca em uma aventura para espalhar alegria através de seu delicioso chocolate. Nela, ele acabou conhecendo o seu fiel e icônico assistente, Oompa Loompa (interpretado por Hugh Grant), que o ajudou a ir contra todas as probabilidades para se tornar o maior chocolatier já visto. Mostrando que as melhores coisas da vida começam com um sonho, o filme mistura magia, música, caos, afeição e muito humor.

Opinião: Chalamet oferece uma performance astuta, afastando-se de seus papéis anteriores, e habilmente equilibrando elementos imortalizados por Gene Wilder com uma abordagem mais contida em relação à interpretação de Johnny Depp no remake de 2005. Olivia Colman rouba a cena como a vilã Sra. Scrubbit, destacando sua versatilidade como uma lenda contemporânea. O elenco de apoio, incluindo Keegan Michael-Key, Paterson Joseph e Hugh Grant, contribui para a trama com performances memoráveis.

Paul King demonstra sua habilidade em homenagear clássicos do gênero, incorporando elementos de musicais como "Alô, Dolly" e "Cantando na Chuva", além de referências a "Chicago" e "O Rei do Show". A trilha sonora original se torna uma fusão saudosista e deliciosamente saborosa, complementando o embate de cores que permeia o filme.

"Wonka" transcende as expectativas ao oferecer uma origem convincente para o personagem já eternizado por Gene Wilder. King e o roteirista Simon Farnaby evitam cair na armadilha do fanservice, optando por criar um mundo de magia e personagens cativantes. No entanto, o filme não está isento de falhas estruturais, afetando o ritmo da narrativa em alguns momentos, e a performance de Lane como Noodle deixa a desejar.

 

Foto: Divulgação/Warner Bros.

No entanto, apesar desses tropeços, "Wonka" surpreende de maneira positiva. King renova suas habilidades ao respeitar a obra de Dahl e ao mesmo tempo apresentar uma trama original, envolvente do início ao fim. O filme oferece uma dose generosa de realismo fantástico, permitindo que o público se entregue a uma experiência cinematográfica divertida, estimulante e irresistivelmente cativante.

Em resumo, "Wonka" é um presente de fim de ano para os amantes do cinema e da obra de Roald Dahl. Uma viagem encantadora que combina nostalgia, musicalidade e um elenco excepcional, tornando-o um exemplar raro no panorama cinematográfico contemporâneo.

Nota: 9,5/10