Foi à primeira vista a paixão de Joana Gamillscheg pelo voluntariado internacional. Tudo começou em 2016, quando passou três semanas de férias no Elephant Nature Park, uma organização de proteção animal em Chiang Mai, na Tailândia, que resgata elefantes dos maus tratos provenientes do turismo inconsciente, dos circos e das ruas. Desde então, essa carioca vem colhendo frutos. Um deles foi a abertura de uma empresa para promover ações humanitárias no exterior. E algumas das melhores histórias estão no livro ‘Ubuntu’,que significa ‘eu sou porque nós somos’, lançado recentemente na Bienal do Livro. No próximo dia 7, a empreendedora social vai lançá-lo no Rio (na Rua Lopes Quintas, 576, no Jardim Botânico) e, no dia 21, em São Paulo.

Como descrever a emoção de lançar o livro na Bienal?

- Foi incrível! Desde criança vou à Bienal, estimulada pelos meus pais que sempre valorizaram o papel da leitura na educação. Esse ano, ir à feira como autora foi uma emoção indescritível, pois, além da memória afetiva da infância, tive a oportunidade de conversar com pessoas de diferentes áreas sobre o voluntariado e o nosso papel como agentes de transformação social no mundo. Uma troca linda, repleta de conhecimento e amor - recorda.

Joana sempre atuou em iniciativas sociais no Rio, já que ‘a paixão por servir é algo que corre nas veias desde pequena’. Até que sua primeira atuação voluntária internacional foi o ponto-chave para sua mudança de vida. Após quase 10 anos trabalhando como designer em multinacionais, Joana deu início ao voluntariado.

- Foi uma experiência transformadora, pois, além de ter descoberto um nicho de pessoas incríveis que dedicam suas vidas a fazer o bem, passei a olhar minha vida sob outra perspectiva, não vendo com a mesma importância o caminho profissional que estava seguindo. A partir daí, busquei imergir cada vez mais no voluntariado por meio de pesquisas e estudos para, então, dedicar-me exclusivamente a isso.

Desde então, Joana atuou em 13 países como voluntária e descreve alguns dos momentos que mais a marcaram:

- Cada um tem suas particularidades e ensinamentos. A violência presente nas escolas públicas do Quênia, a situação dos refugiados na Jordânia, as restrições impostas à vida dos monges no Sri Lanka e as consequências da superpopulação idosa do Vietnã são algumas das histórias que conto no livro Ubuntu, em detalhes. Conheci meu noivo na África do Sul, minha sócia no Quênia e centenas de pessoas que hoje são parte de quem me tornei pelos quatro cantos do mundo.

A escritora destaca que todos esses países pelo qual passou tiveram um impacto imenso e muitas dessas histórias são compartilhadas em seu Instagram (@joana.karibu).

Ser voluntária em plena pandemia tem sido um desafio ainda maior, garante Joana:
- A pandemia teve um impacto negativo incomensurável no meio social, pois diversos projetos não conseguiram sobreviver devido à falta de suporte dos apoiadores e voluntários. Além disso, muitas dessas organizações tiveram de absorver a outros nichos, em decorrência do aumento da miséria e outras mazelas que sucederam com a pandemia. Continuar se voluntariando nesse período foi extremamente desafiador por uma questão de segurança, saúde e proteção a todos os envolvidos. Tivemos de pensar em estratégias de atuação seguras, como voluntariar de forma remota, promover campanhas de suporte e somente atuar in loco em locais que a Covid-19 não teve impacto, obviamente seguindo todas as medidas de segurança recomendadas pela OMS.

Aprendizado no CEL
Bem antes de experimentar (e de se apaixonar pelo) o voluntariado, Joana aprendeu valores que carrega até hoje no período em que estudou no CEL Intercultural School, de 1993 a 2003.

- Meu irmão e meus primos também eram alunos da escola, o que a tornou uma extensão da nossa casa. O que mais recordo do CEL é do senso de humanidade sempre presente nos alunos, professores, funcionários e no interesse genuíno da escola de formar cidadãos do bem, de caráter, éticos e responsáveis.

E são muitas as boas lembranças que a empreendedora social guarda do colégio:

- Uma das memórias mais antigas que tenho da escola eram das aulas de Biblioteca com a Tia Jô, uma senhora que verdadeiramente prezava por fomentar valores nos alunos. Falávamos sobre princípios, sentimentos, arte e literatura. Escrevíamos poemas, debatíamos ideias e nos expressávamos por meio de desenhos. Sem dúvida, isso foi um estímulo na minha paixão pela escrita. Esse é apenas um singelo exemplo, mas que fez a diferença. No CEL fiz grandes amigos que se tornaram parte da minha família, aprendi valiosas lições e tive uma infância maravilhosa.

Em 2019, Joana e a sócia, a publicitária Ana Alberine, lançaram a Karibu Viagens Voluntárias. Em 2022, a empresa vai levar voluntários à Amazônia, Quênia, Uganda, Costa Rica, Guatemala, Nepal e Índia. Todas as viagens duram 10 dias e os maiores detalhes são encontrados no site https://www.karibuconsultoria.com/

Entre tantas experiências e aprendizados nesses anos como voluntária, dá pra apontar o que é mais gratificante neste trabalho?

- Sem dúvida, é perceber que juntos nós conseguimos promover mudanças sociais significativas para nichos em vulnerabilidade. Existem milhares de pessoas inspiradoras que têm feito a diferença no mundo, poder ser parte desse time e ver, de fato, realidades sendo otimizadas não tem preço. Quanto mais a gente imerge nesse meio, mais queremos nele estar, pois vemos a força que o bem tem.

Um legado que Joana e Ana têm espalhado ao redor do mundo.

Após estreia na Bienal Internacional do Livro, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, leva a 29ª edição do festival Paixão de Ler para o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Gamboa, e a outros 16 equipamentos culturais. O evento será de quinta-feira (16/12) até domingo (19/12). Inscrições no link inscrição: bit.ly/oficinaspaixao

O tema é “Literatura infanto-juvenil negra e narrativas antirracistas”. Na programação, mesas de debates e oficinas, mas também haverá narração de histórias, recitais literários, saraus lítero-musicais, shows, roda de samba, exposições, leituras dramatizadas, encontro com autores, palestras com escritores e rodas de leitura, entre outras atrações.

Homenageada da edição e uma das maiores referências nacionais em literatura negra, Sonia Rosa já publicou mais de 50 livros, com destaque para a coleção “Lembranças africanas” (iniciada em 2004; Pallas Editora), com a qual ganhou o selo de altamente recomendável da FNLIJ. Protagonismo negro é o principal foco da escritora em seus contos para as infâncias. Em “O menino Nito” (seu livro de estreia), Sonia conta uma história amorosa na qual o protagonista é um garoto negro.

 

DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO

 

 Muhcab – Gamboa

 

QUINTA-FEIRA, 16

14h: Oficina África Sonora, com Fábio Mukanya, cofundador do Mbiracles

16h: Mesa “Autoria Negra na Literatura Infantojuvenil”

Otávio Júnior, escritor, ator, contador de histórias e produtor teatral brasileiro que ficou conhecido por abrir a primeira biblioteca nas favelas do Complexo do Alemão e no Complexo da Penha. Vencedor do Prêmio Jabuti de Livro Infantil;

Simone Ricco, mestre em Letras, atua na difusão de saberes de matriz africana em práticas afirmativas e antirracistas;

Julio Emilio Braz, ilustrador e escritor.

18h: Mesa Infâncias e Educação Antirracista: Lei 10.639 e Currículo Escolar

Camila Machado

Janete Ribeiro

Joana Oscar, da Gerência de Relações Étnico-Raciais (Gerer)

 

SEXTA-FEIRA, 17

10h: Oficina Contação de Histórias Negras, com Paula Ferraz, do Grupo Ujima – Contadores de História Negra-Literatura

14h: Oficina Dança Afro Mamãe Bebê, com Ludmilla Almeida, coordenadora e fundadora do Grupo Cultural Balé das Iyabas e idealizadora do projeto Diálogos em Movimento

16h: Mesa A Importância da Imagem Na Literatura Infantojuvenil Negra

Henrique André, poeta e autor de “Alágbára, o sonho”

Jessica Goes

Tatiane Oliveira, pedagoga e vendedora de livros da temática negra

18h: Mesa Letramentos e Literatura Infantojuvenil Negra: Perspectivas Do Programa De Pós Graduação Em Relações Étnico-Raciais

Talita Oliveira, professora

Carolina Netto

Yago Eloy, dedica-se aos estudos de Literatura Brasileira, no campo da Literatura Infantil Afro/Negro Brasileira e Relações Raciais no campo da educação e cultura popular na contemporaneidade

Sonia Rosa, escritora de literatura negro afetiva, homenageada no Paixão de Ler

 

SÁBADO, 18

10h: Oficina em parceria com o Museu do Amanhã

14h: Oficina Pic Projeto Ilustra Criança, com Tia Lu

16h: Mesa Letramentos e Infância Negra

Talita Peixoto (Clubinho Preto)

Celsinho da Portela (E.S M. Filhos Da Águia)

Vanessa Andrade ( Projeto Afrobetizar)

Carolina Marinho ( Clube Literário Rosangela Marinho)

18h: Mesa Narrativas Dominantes na Construção das Identidades: O Papel Literatura Infantojuvenil Negra

Roberto Borges, com foco de pesquisa em filmes de longa e/ou curta metragens produzidos e protagonizados por pessoas negras

Fernanda Felisberto, integrante do Conselho Editorial de publicações dos manuscritos de Carolina Maria de Jesus

Maíra Oliveira, educadora, contadora de histórias e coordenadora do Grupo Ujima – Contadores de Histórias Negras e Literatura Infantojuvenil

 

DOMINGO, 19

10h: Oficina Roda de Leitura com Pretinhas Leitoras, com as Pretinhas Leitoras, as irmâs que promovem ações de leitura em territórios periféricos

11h30: Oficina Dança Afro Em Família, com Aline Valentim, a “rainha negra do maracatu carioca”

14h: Oficina em parceria com o Museu do Amanhã

15h às 16h: Lançamento de livros da Editora Nandyala com autógrafo

16h: Sarau de encerramento com Microfone Aberto, DJ, slam e convidados.

Paixão de Ler – Museu da História e Cultura Afro-Brasileira: Rua Pedro Ernesto 80, Gamboa. De 16 a 19/12. A programação será divulgada no site rio.rj.gov.br/web/smc e nas redes sociais (@cultura_rio).

 

PAIXÃO DE LER EM OUTROS EQUIPAMENTOS

> Biblioteca Ecio Salles – Gávea

> Biblioteca Annita Porto Martins – Rio Comprido

> Biblioteca João do Rio – Irajá

> Biblioteca Euclides da Cunha – Ilha do Governador

> Biblioteca Manuel Ignácio da Silva Alvarenga – Campo Grande

> Biblioteca José Bonifácio – Gamboa

> Parque das Ruínas – Jardim e Teatro Ruth de Souza – Santa Teresa

> Centro Cultural Dyla de Sá – Praça Seca

> Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro – Gávea

> Lona Carlos Zéfiro – Anchieta

> Areninha Gilberto Gil – Realengo

> Arena Carioca Abelardo Barbosa – Pedra de Guaratiba

> Arena Carioca Fernando Torres – Madureira

> EcoMuseu – Santa Cruz

> Museu do Amanhã

> Museu de Arte do Rio